Debate dos presidenciáveis na Band. Quente e revelador. Aécio foi bem e Marina firmou o taco...
Debate dos presidenciáveis na Band. Quente e revelador. Aécio foi bem e Marina firmou o taco
Dilma, depois de quatro anos no cargo de presidente da república, aparenta ter voltado a ser poste. Mas, não é. Teve dificuldades para articular seu discurso, em meio ao tiroteio sofre o fracasso de seu governo. E, tentando sair da defensiva, deu oportunidade para quem quiz tirar proveito disto.
Tentou disfarçar, mas Aécio Neves conseguiu deixá-la numa situação muito difícil, em relação aos números da economia e tudo o que sucedeu na Petrobras, desde Pasadena até a sua transformação numa fábrica de petradólares.
Nas tentativas que fez de deixar Neves desconfortável a respeito dos governos de FHC acabou dando ao candidato mineiro oportunidade esperta dele defender bandeiras que já foram muito criticadas, mas passam ilesas agora, diante da crise do governo da opositora, não a poupondo nem de ironias, no que diz respeito ao controle da inflação e, contas públicas.
Aécio, talvez tenha sido o candidato que foi melhor, em termos de perfomance - sempre atento e capaz de aproveitar oportunidades (ao contrário de suas aparecições públicas e programa eleitoral da TV, que não movimenta o coração do eleitor), convertendo os opositores em alguns momentos, em meros levantadores de bola. Cada ataque que sofreu, converteu em vantagem, comparando o argumento dos ataques com a realidade. Foi assim com Dilma, no caso da política de empregos e, Marina Silva, quanto ao suposto abandono da educação e do vale do Jequitinhonha.
Usou e abusou ironia, ao fim de suas falas, deixando os oponentes numa situação difícil.
Em nenhum momento, conseguiram encurralá-lo, pois soube transformar todas as situações em chances de mostrar-se como administrador e candidato, numa postura muito diferente da campanha eleitoral, onde parece medir cada palavra, para que ela não pareça fora dom tom edulcorado de quem não quer arriscar nada.
Marina Silva foi bem e firme no debate, mostrando-se uma candidata encorpada e que demonstrou que merece estar disputando a cabeça da corrida eleitoral.
Só escorregou quando tentou colar o cartaz de administrador insensível com a população mais pobre de Minas Gerais, quando levou um corretivo de Aécio Neves, que chegou a referir à sua má fé.
Muito esperta, usa do passado da política para reforçar a tese de sua campanha de que a polarização política no país tem prejudicado a população (um raciocínio que demonstra bem que ela dispensa mentalmente a idéia da disputa eleitoral e põe-se numa lugar de uma "iluminada", acima disto - o que é uma bobagem que, em algum momento, tem custo, que vai rendendo o que ela espera.
Posso estar enganado, mas se manter a postura e presença nos debates da televisão, vai impedir a fuga dos votos colhidos do voluntarismo emocional da passagem de Eduardo Campos o que a coloca, virtualmente, no segundo turno das eleições presidenciais.
Ela já mordeu 2% dos votos de Aécio. E se Dilma bobear, no próximo debate (pois a fase de namoro e paciência do eleitor com ela, está claro, já passou), é a provável vítima de sua captção de votos.
O pastor Everaldo, candidato do segmento evangélico - e é preciso prestar atenção nele, pois é expressivo e vota, mais e mais, segundo um consenso de teses -, foi vítima, outra vez, de seu nervosismo e falta de traquejo, fruto provável de sua inexperiência política. Mas, fala coisa com coisa, é coerente com seus valores e está no papel de manso e franco atirador, falando corajosamente em privatização do setor de petróleo, o que é considerado uma heresia, no mundo da política oportunista e de rapina.
Os demais candidatos não passavam de figurantes. A participação de José Jorge, do partido Verde, por exemplo, foi ridícula. Arriscou-se e levantou a tese da defesa do aborto indiscriminado e, deixou que Aécio Neves tirasse disto o proveito que queria - embora pudesse ter ido muito mais longe, enquanto se queimava com seu discurso ridículo diante das câmeras e dos olhos da maioria dos eleitores, que é notoriamente contra a tal tese.
Agora é esperar o debate da Globo, para ver o que acontece...