LUCIANA GENRO E DILMA

Antes de mais nada, esclareço:

1 – Não voto em candidatos, mas sim em propostas ou partidos; então, não me interessam bobagens do tipo “Fulano é bem preparado”, “Sicrano é incompetente”, etc.

2 – Não me interesso por propostas de campanhas e menos ainda por programas eleitorais ou debates, todos fontes de embromação e reinado de marqueteiros. E

3 – Sou parlamentarista convicto e contrário ao voto obrigatório.

Como o regime é presidencialista e a se acreditar nas pesquisas atuais que apontam dois turnos, o título acima é minha declaração de voto. No primeiro turno, ele será apenas opção ideológica. No segundo, pela proposta de continuidade que considero mais factível para permanecer governando o país.

Fui eleitor de Lula nos dois mandatos e de Dilma no atual. Considero que houve avanços no país nos três. Quando assumiu em 2002, Lula herdou números de FHC nada favoráveis, embora a imprensa insista em escondê-los. Inflação acima de 12%, desemprego na casa dos 10%, taxa básica de juros na casa dos 25%, baixo crescimento e o país pendurado em empréstimos do FMI.

Os governos Lula não só derrubaram esses números, como, a despeito de toda a descrença e oposição, melhoraram os indicadores e avançaram, embora não como esperávamos, no campo social. Marco disso é o Bolsa Família, programa que exige contrapartida e que hoje atende por volta de 14 milhões de famílias, ao custo de algo em torno de 24 bilhões de reais. Houve ainda a criação do Minha Casa Minha Vida no setor de habitação, forte expansão da oferta de crédito e os bancos públicos (Caixa e BB) passaram a alavancar recursos para mantê-los. E o país, ajudado por boa conjuntura externa, cresceu a boas taxas.

Dilma assumiu em 2010, dois anos após a crise do subprime americano que acabou resultando num refluir de crescimento global. Era óbvio, ao contrário do que disse Lula (marolinha, lembram?) que em algum instante seríamos respingados por essa retração global. Queda nas taxas de crescimento resultaram em ameaça de retomada da inflação, controlada basicamente com a manipulação da taxa básica de juros pelo Banco Central e represamento dos preços administrados (reajustes de energia elétrica, gasolina, etc.). diante desse cenário a equipe econômica lançou mão de isenções para setores específicos e agora flexibilizou regras de crédito para o setor bancário. Haverá resultados? Aguardemos.

Bom, na minha visão, esse modelo começa a dar sinais de arrefecimento. Há um ponto de inflexão claro, talvez em função de um forte endividamento das famílias, receio com a conjuntura ou mesmo esgotamento da fórmula.

Por que continuar, então? Não vejo a oposição apresentar nada de diferente. Propõe “melhorar” o que está sendo feito, de maneira genérica e nada muito além disso! Acho que o PSDB daria um choque logo de cara, jogando o país numa recessão profunda, pois Aécio é assessorado por Armínio Fraga, ex-FHC e Marina Silva ainda não deixou claras suas propostas, exceto falar num BC independente. Ora, o que foi pensado e executado ao longo desses doze anos é evidente que precisa ser melhorado. Pelo que percebo todos, em termos macro, permanecerão presos ao tripé superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante. Por que mudar, então? Melhor mais quatro anos, espero, para que tenhamos a conclusão de projetos propostos e em execução pelo PAC, e investimentos fortes em infraestrutura e saneamento (que eu elegeria como prioridades). Sem esquecer a área da saúde, verdadeiro caos desde sempre.

PS: a propósito de corrupção e “aparelhamento do estado”. Não há país algum isento da primeira. O que se precisa é criar mecanismos de punição para toda administração pública e aplicá-los de verdade e com mais rapidez, penso. “Aparelhamento”? Quem se elege para cargos majoritários no sistema representativo é evidente que sempre nomeará seus quadros e de aliados para os cargos de livre nomeação. Simples assim!

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 25/08/2014
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