ARTIGO – Política – Marina não tem cacife – 24.08.2014
ARTIGO – Política – Marina não tem cacife – 24.08.2014
O doutor Eduardo Campos, nova liderança nacional que surgiu daqui de Pernambuco, tanto que o credenciou a se candidatar ao mais elevado cargo do país, que é a Presidência da República, sempre foi um homem de visão. E para tonar a sua pretensão mais viável viu-se com a necessidade de se juntar à ex-senadora Marina Silva, que praticamente fora expulsa do PT (mas dele ainda carrega raízes), porquanto ela foi excepcionalmente votada nas eleições de 2010, com cerca de 20 milhões de sufrágios. Esses números, se realmente fossem revertidos para a votação nele, Eduardo, claro que o levaria ao segundo turno das próximas eleições, pois forçosamente tiraria o doutor Aécio Neves do páreo.
Claro que o nosso líder, recentemente falecido, jamais imaginaria que viesse a morrer tão precocemente, e nem ninguém na população brasileira também pensara na possibilidade. A verdade é que a acreana, das terras da exploração do látex, recebera uma dádiva repentina, que me parece não será aproveitada. As notícias que temos não são auspiciosas, porquanto ela já no primeiro dia de sua indicação começou a falar besteira, demonstrando não ter jogo de cintura, pois declarou alto e bom som que jamais participaria dos palanques dos aliados do PSB nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, que participam dos maiores colégios eleitorais do país. A meu pensar, se a esses fosse adicionado o Estado de Minas Gerais, terra do Aécio, poder-se-ia dizer que os quatro garantiriam a vitória de qualquer candidato, desde que contados os votos de cada unidade da federação.
Outra coisa que funcionou contra as aspirações do PSB foi a perda, aqui em Pernambuco, de quase a metade dos apoios prometidos e declarados ao então candidato Eduardo, isso por parte dos diretórios espalhados pelo nosso território. Isso enfraqueceu, sobremaneira, a posição dos socialistas, fato que foi ainda agravado pela saída do coordenador geral da campanha, que não teria suportado ficar sob o comando da candidata, pois seria do tipo “aqui mando eu”, e em matéria de política ou você engole sapo quando necessário ou então você perde a chance de ganhar eleições.
Novas pesquisas que sairão, decerto já não mais vão demonstrar a pujança dos primeiros dias, até porque a comoção vivida pelo povo brasileiro, aos poucos vai se dissipando, e as pessoas vão deixando de votar pelo coração, mas sim pela consciência e também, por que não dizer, pelas vantagens que lhes são oferecidas. E na fase atual só quem pode oferecer mesmo é o time do governo, porquanto é quem detém o dinheiro nas mãos. Aliás, a propósito disso, vale notar que existe uma verba de vários bilhões de reais que a presidente da república pode gastar sem dar qualquer satisfação ao povo. Essa verba é mais uma das decisões que merecem aplausos (?) do nosso Congresso Nacional, que é composto de políticos de ampla visão dos problemas por que atravessa a nossa nação (educação, saúde, segurança, inflação, juros altos, esgoto, rodovias, portos e aeroportos, etc.).
Desde 2010 que venho dizendo que a Marina não tem estrutura, nem mesmo física, para comandar um país cheio de mazelas em todos os setores, inclusive no aspecto da criminalidade, pois ocupa posição invejável no cenário mundial, mesmo sem colocar os ilícitos praticados por pessoas que exercem cargos de mando em empresas estatais e também nos nossos ministérios. Em matéria de roubo e de apropriação indébita, por exemplo, nós somos imbatíveis em todos os sentidos. O pior é que os presidentes do país fazem de conta de que nada sabem, não viram ou não escutaram coisa alguma, ou seja, são coautores com foro especial.
Pelo andar da carruagem, e agora que querem dizer que o avião sinistrado poderia ser até de propriedade pessoal de membros do PSB ou mesmo de amigos canavieiros do doutor Eduardo (o que terão de provar), penso que “a vaca foi pro brejo”, pois o segundo turno, se houver, deverá ser entre a doutora Dilma e o doutor Aécio. E então perde a graça, pois a atual presidente levará vantagem pelo que já foi dito linhas acima, perdendo-se, assim, a oportunidade única de mudar que tivemos desde que o Lula saiu oficialmente do poder. O PSB não elegerá, sequer, o governador e nem o senador.
E para não me alongar muito quero ressaltar que as diferenças existentes entre as posições da Marina e as do Eduardo, a meu pensar, eram demasiadamente grandes, que só seriam conciliadas se ela fosse eleita sua vice-presidente, pois como todo mundo sabe: “Vice não manda em coisa alguma”, daí que ficou fincada a capacidade, a esperteza e a liderança do saudoso doutor Eduardo Campos.
Era o que tinha a dizer. Meu abraço.
Foto: Particular. Marina no velório do Campos.