Olimpíadas

Olimpíadas – O jogo dos Jogos

Na Copa, o recheio do bolo do falso ufanismo veio com a cereja “A Copa das Copas” embalado por um providencial apelo do governo frente às expectativas de retumbante fracasso do evento, o que equivaleria a uma precoce sentença de morte para a reeleição da presidente que não atravessava – e não atravessa – seus melhores dias. Na melhor de todas as hipóteses, se constituiria em farto arsenal de pesada munição no decorrer da campanha. Enfim (ufa!), os organizadores lograram êxito e, na aparência, a conta fechou. Vingaram e, o que é pior, foram absorvidos os estádios hiperfaturados e “licitados” ao arrepio da Lei 8.666/93, de sorte que, via RDC, se facilitasse a bilhetagem das ações entre amigos cujos atores, governo e empreiteiras, se beneficiassem do arquitetado “imbróglio”.

As arenas, algumas hoje já alvíssimos e inacabados elefantes, foram povoadas pelos brancos e ricos. Segundo pesquisa do Datafolha, jogo Brasil e Chile: ”...confirma a percepção de que quem frequenta os estádios da Copa do Mundo é a “elite branca”. A adjetivação “ elite branca” partiu do próprio governo, após a vaia ensaiada contra a presidente. Enquanto a bola rolava para a tal da elite branca, os nossos morenos (41% da população se declara parda) se acotovelavam pelos botecos da vida frente a uma TV 14”, de tubo, com plástico colorido adesivado à tela, imagem fugidia como o diabo da cruz, tentando assistir ao que não se sabia se era um jogo de futebol, uma corrida de cavalos ou o filme “O Corcunda de Notre Dame”, ainda em preto e branco. Restou o “legado”, ou seja, o país ganhou aquilo que construiu com seus recursos públicos drenados para as atividades privadas isentas de impostos e para a gratuidade das concessões. Bacana! Não confundir a exclamação com a letra. Enquanto o governo não é freira em bordel, as empreiteiras são eficientíssimas cafetinas de lupanares, daí o encaixe para os corpos interessados e a relação de franca promiscuidade.

Na esteira da Copa, os Jogos Olímpicos. Desta vez, com mais planejamento e sem os atropelos de última hora com as superposições orçamentárias, a pedra de toque é o sepultamento da Lei 8.666/93 que já se encontra com o cortejo fúnebre em andamento no Congresso, sob a benção do Planalto. Afinal, estamos às vésperas do pleito eleitoral e a bilhetagem das obras se constitui em generoso duto para as doações de campanha. Não há tempo a perder. O governo, com os cofres raspados e às moscas, veste saia justa e curta enfrentando o dilema: quanto mais cruza as pernas, na vã tentativa do recato, mais expõe suas pecaminosas intimidades. A dois anos dos jogos, apenas 24% das obras foram realizadas. A Baía de Guanabara, que já engolfou bilhões em obras de recuperação, continua sua triste sina de esgoto a céu aberto, destino final dos dejetos domiciliares e industriais de dezenas de cidades da baixada. Segundo veiculado pela imprensa (essa imprensa golpista é fogo!) com base em dados da APO – Autoridade Pública Olímpica – e Rio Transparente, inúmeras obras nem mesmo foram iniciadas, outras tantas apenas na fase de projetos, outras contratadas e algumas indefinidas. Aguardam, com a impaciência dos famintos, que se regulamente a corrupção. De pronto, a Arena Rio.

Quando tudo isso vier à tona, assim como os sofás que teimam em disputar as regatas boiando ao sol pela baía, percebendo-se a corrupção, os desvios, os conluios e mazelas afins com tais notícias povoando os jornais, surgirá uma legião de “ufanistas” de cerradas militâncias com os olhos injetados pela raiva, a faca nos dentes, exalando fumaça pelas ventas como um miúra e destilando a verborragia de sempre: coisa de fracassados, corja de detratores do governo, coisa da mídia conservadora, da imprensa golpista, das “elites dominantes” e estultices que tais.

Resta-nos apegar ao desapego: “Sabe de nada, inocente!”.

04/08/14

Bellozi

bellozi
Enviado por bellozi em 06/08/2014
Código do texto: T4911896
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