Lula II

Sempre arguta, há poucos dias a jornalista Eliane Cantanhêde abordou “E o Lula, hein?”, em sua coluna na Folha de SP, divagando sobre as andanças e sumiços do ex-presidente. O fato é que Lula é um sobrevivente e, como tal, um oportunista nato. É capaz de cheirar armadilhas a distâncias estelares. Abomina aquilo que não compreende e, no momento, não consegue compreender a falência de material do PT, a forte rejeição ao partido e aos seus candidatos. O encabrestado PMDB, confiável como uma moeda de três, já ensaia seus passinhos para fora do palco. O que o confunde – e também a muitos - é que o fenômeno, já se espraiando por outras regiões, atinge o maior colégio eleitoral do país comandado por um governo fraco, severamente desgastado e que acabará por impor à população a secura saariana nas torneiras, se é que ainda não o faz. Na esteira do seu homônimo francês que acreditava ser ele o Estado, o nosso Luís, primeiro e único, desfruta da mesma convicção. Dois erros não fazem um acerto. Errou feio com Dilma, Haddad não o convence e percebe o atoleiro com o Padilha. Refugando o perigo, evita a exposição mantendo-se à margem e na tocaia dos acontecimentos.

Instigante e merecedora de reflexão é a tentativa do partido e de seus adeptos defenderem, com o vigor cego da fé, os dois mandatos do ex-presidente como construtivos para o país e rotulá-los como os melhores governos das últimas décadas. Nem como piada serve. Admitindo-se que assim seja, criamos mais uma incógnita para a equação. É fato que a economia anda em frangalhos, os indicadores são os piores dos últimos anos, o custo país nas nuvens pela fragilidade (?) da infraestrutura e logística, dentre outras mazelas. A inflação ronda o teto da meta; o processo de desindustrialização do país é tangível; as contas públicas, um caos de tal ordem, que nem mesmo a contabilidade criativa consegue um heroico empate receitas/despesas; a defasagem nos preços dos combustíveis (11% para o diesel e 18% para a gasolina) estouram as contas da Petrobrás que se arrasta bêbada entre Pasadena, Abreu e Lima e outros escândalos; o setor sucroalcooleiro pede água; a Eletrobrás raspa o fundo do tacho, se é que ainda existe tacho e o PIB – ah! o PIB, esse pobre coitado - esfarrapado e catando moedas, se contorce para emplacar algo aí pelos 0,8% ou 0,9%, com boa vontade.

Muito bem, e daí o dilema: se o governo passado foi o que defendem, seria então a Dilma tão ruim, tão incompetente e limitada que levou o país aos escombros em apenas 3 anos?

Resta-nos a múltipla escolha: a)herdou do seu criador uma bomba de efeito retardado; b) ela própria seria a bomba; c)ambas as anteriores(x).

Não nos esqueçamos: o pavio da bomba para 2014/18 já está aceso.

02/08/14

Bellozi

bellozi
Enviado por bellozi em 02/08/2014
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