Copa das Copas

Copa das Copas de 30 bilhões, para quem cara-pálida?

Copa das Copas como palco para abrigar o programa eleitoreiro do ex-presidente, idealizado em 2007, antevendo com a construção dos estádios um campo fértil para explorar politicamente o evento em seu projeto de retorno triunfal ao governo como o salvador da pátria, sabedor das sequelas de sua gestão, do retumbante fracasso anunciado de sua criatura e da tempestade perfeita que se formaria no horizonte de 2014 / 2018?

Copa das Copas como mote de marketing diversionista, tentando lançar uma cortina de fumaça sobre as lambanças na Petrobrás, as refinarias de custos espaciais orçadas por padeiros, a bilhetagem da ação entre amigos via RDC ao arrepio da Lei 8.666, regime de exceção concorrencial já francamente utilizado pelo governo em seus obscuros e bilionários contratos?

Para o clube de paixão do então presidente, financiando com recursos públicos obras privadas sob o rótulo da Copa, acariciando os manos eleitores e pavimentando a candidatura do dirigente corintiano para cargo eletivo como puxador de votos para seu partido?

Copa das Copas para o país imbatível campeão no superfaturamento dos estádios frente a todas as demais sedes que já abrigaram o evento no mundo?

Como afago pelo país amargar a 85ª colocação no IDH no mundo e um sofrível 10º entre os países da América Latina?

Como circo para um povo desnorteado para o qual já foram distribuídos os pães via bolsas, recursos para sindicatos, MST, ONGs e outras benesses doadas fartamente pelo erário, oferecendo-lhes balas a serem degustadas com papel ou um picolé de louça mantendo-os ajoelhados, dependentes e submissos?

Copa para os corredores dos hospitais públicos onde se amontoam pacientes em macas, uns sobre os outros deixados à deriva até que Deus lhes conceda um segundo tempo, ou mesmo alguns minutos de piedosa prorrogação em suas agonias?

Para o sistema prisional em condições sub-humanas, onde detentos empilhados como animais se matam a esmo com decapitações em série, num espetáculo de barbárie revivendo os horrores dos genocídios?

Copa das Copas para mascarar momentaneamente, sob o ufanismo verde e amarelo, a realidade periférica dos centros urbanos onde impera a violência sem precedentes no país recordista anual em assassinatos frente a qualquer outro país no mundo, incluindo aqueles em francas e permanentes guerras civis?

Para delimitar, enquanto o a bola rola sob um aparato de segurança de guerra, falsas fronteiras para o narcotráfico as quais retornarão para a sua geografia de origem, tão logo soprado o apito final?

Para a FIFA, capitaneando seu extraordinário negócio isento de impostos?

Copa das Copas como palanque para justificar a incompetência e o fracasso da criatura, martelando o discurso vencido e desgastado do seu criador sobre as “elites dominantes” e a “mídia conservadora” instigando o ódio entre as classes sociais, na antiga estratégia do “dividir para governar”?

Onde, na intimidade promíscua do Executivo o criador e sua criatura, um presidente de fato e outro de direito, dividem seus espaços e em detrimento de governar cuidam dos últimos retoques para o controle da mídia e o aparelhamento absoluto do Estado via STF?

Ou ainda, fazendo valer o espírito da doutrina filosófica de Maquiavel onde os fins justificam os meios, notadamente quando os fins são o poder e o aparelhamento do Estado, exercitá-la a qualquer custo e preço?

Onde um Legislativo povoado por picaretas finge legislar e um Judiciário aparelhado julga sob os interesses diretos de corruptores e corrompidos, com os órgãos de fiscalização fingindo fiscalizar e os de controle fingindo controlar?

Copa das Copas para contrabandear milhões de dólares e Deus sabe-se lá mais o quê, pelos irmãos africanos, em jato fretado e sob escolta da Polícia Federal?

Copa das Copas de 30 bilhões para 31 países enquanto por aqui, após a anestesia futebolística, continuaremos a virar as nossas latas companheiras do cotidiano?

Em assim sendo, que Deus nos ajude, se apiede de nossas almas e nos proteja da Copa das Copas, amém.

Em 27/06/14

Bellozi

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bellozi
Enviado por bellozi em 01/08/2014
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