A POLITICA EXTERNA
A política externa brasileira é um fiasco, ela afunda junto com o MERCOSUL e seus países extremamente complicados. Esse negócio de fazer política externa ideológica nem a União Soviética no tempo de Stálin fez. O que foi o pacto Ribentropp-Molotov senão um acordo pragmático na linha da "realpolitik" onde a política externa se baseava em leituras menos ideológicas da realidade e mais na realidade política. A China um estado com orientação marxista mas com uma economia capitalista, não segue parâmetros ideológicos em sua política externa, é um dos países mais pragmáticos do mundo, se pensassem como as cabeças que arquitetam a política externa do Brasil, só fariam acordos comerciais e políticos com o Vietnã, com a Rússia, Cuba, Coréia do Norte, Gabão, etc. Mas a China pode ser tudo, menos ingênua. Ideologias, ideologias, interesses estratégicos à parte. Os Chineses são pragmáticos e esse pragmatismo está ligado a uma estratégia não de hegemonia ideológica, ou coisa que o valha, mas de garantir mercados para os seus produtos e fontes de matérias-primas necessárias ao seu desenvolvimento (ainda que seja um desenvolvimento questionável e predatório). É assim que veêm o minério de ferro importado do Brasil, o petróleo de Angola, matérias-primas da África. De outro lado, a China se envolve pouco em questões externas, até porque tem muitos problemas internos não resolvidos, e quando se metem é porque são levados, mas no geral a conduzem com discrição e sem estardalhaço. Querem se desenvolver e criar as condições para se manterem em desenvolvimento e já sacaram que o mercado é o que permite isto. Não é que tenhamos que ser pragmáticos e sem críterios em nossa politica externa, como são os chineses. Mas o fato é que a política externa brasileira é tão míope que se restringe a aliança com o MERCOSUL, que afunda a olhos vistos, e uma aliança velada "preferencial" com Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai. A esperança nos BRICS, uma aposta para o futuro, coisa que nem China, a Ìndia e a Rússia acreditam muito como uma terceira via a “hegemonia” americana e européia. Sabem que na prática tem que primeiro criar condições internas para depois enfrentar essa hegemonia. Mesmo com a criação de um banco, que em si é uma idéia interessante, mas ainda assim, os BRICS e o MERCOSUL não devem ser a única aposta do Brasil na política externa. Ao contrário da China estamos num proceso de desindustrialização. Nossa indústria está sendo engolida pelos produtos chineses, mais baratos e portanto, mais competitivos. Enfim o que teríamos que fazer é o que a China no plano externo tem feito. Deveríamos celebrar acordos comerciais e políticos que nos tragam benefícios e não malefícios a longo prazo. Não podemos exportar a miséria, tirar dinheiro arrecardado do povo e aplicar em países que não nos dê garantias de retorno. Nossos vizinhos merecem nosso respeito e estima, mas eles não demonstram o mesmo para com o nosso país. Como foi o caso do aumento do preço do gás fornecido pela Bolívia e a nacionalização da refinaria da Petrobrás. A Argentina vive quebrando os acordos comerciais celebrados com o Brasil. A Venezuela não tem cumprido o acordo firmado com o governo brasileiro com relação a sua participação na refinaria Abreu e Lima em Pernambuco. Cuba está negociando com os EUA a refinaria construída a fundo perdido pela Petrobrás; o Paraguai tem se beneficiado com a usina hidrelétrica de Itaipu, barganhou aumentos nos roialites e levou. Isto são apenas alguns exemplos de equívocos na política externa. De outro lado, em nome de uma política externa "ideológica” o Brasil acaba por transgredir questões morais e éticas quando deixa de criticar violações aos direitos humanos ocorridos em países "simpáticos" como Rússia ,Irã, Gabão, Venezuela, Cuba e alhures. Se de um lado faz críticas apressadas a Israel, quanto aos condenáveis ataques desse país a população da Faixa de Gaza, mas sem se referir ao Hamas e suas agressões com fogetes a Israel., de outro, não condena o apoio de Putin aos separatistas da Ucrânia e o ataques da Rússia com foguetes a um avião civil que resultou na morte de mais de 200 pessoas. Enfim, enquanto isto nossa economia definha junto com nossa perdida política externa. Nossa participação no comércio mundial que já é "nanica", só decresce. Continuamos atrelados à velha política que vem desde a colônia de exportar produtos agrícolas e ter pouca participação na exportação de manufaturados. Dependemos das comodites e estamos a mercê de sua flutuação no mercado internacional. Nossa política externa nos "engessa" e nos deixa "na mão" de países como a Argentina que sofre uma crise de credibilidade internacional e da Venezuela que degenerou de vez para uma ditadura, esses países imobilizam o MERCOSUL; enquanto isto o México faz acordos comerciais com Colômbia, Chile , Peru, EUA, Ásia e as economias desses países crescem mais do que a nossa. Os americanos e europeus estão criando uma área de livre comércio. Uma política externa reduzida ao ideológico em nada nos beneficia, muito pelo contrário, tem trazido prejuízos econômicos, políticos e comerciais. Ao invés de uma política externa ideológica, o Brasil deveria adotar uma politica multilateral, baseada não em ideologias, mas em principios democráticos, éticos e numa concepção de desenvolvimento sustentável global reconhecendo a fragilidade do mundo.