O Marxismo e seus socialismos não merecem o respeito da Humanidade e dos humanos 1

Marxismo e seus socialismos não merecem o respeito da Humanidade e dos humanos 1

Para demonstrar que o Marxismo e seus Socialismos não merecem o respeito da Humanidade e dos seres humanos é preciso que se recorra à História, não à que está nos livros escolares, mas à história que foi "escrita e não lida", ou, lida, foi deturpada para esconder os fatos acontecidos. Os Socialismos que pregam a revolução, desde o nascimento após a Revolução Francesa, buscam o Poder e usam o Povo para alcançar o Poder: o povo é APENAS o meio para se alcançar o Poder. Mas... O povo é enganado com o discurso de que o Socialismo é para o Povo, para o trabalhador, para os pobres. Pura Conversa fiada. Enganar o povo é retirar a dignidade do homem, não considerá-lo um ser humano, um mero primata, macaco! O discurso é conhecido e é, assim, percebido: "nós devemos construir em que cada um trabalhe para o bem de todos, diz o político; e o povo pergunta, todos quem, nós? E o político responde, Vocês não, nós!" Buscamos conhecer a história na fonte, consultando os textos que reportavam os eventos no momento em que aconteciam: mas foi por coincidência, buscávamos decodificar Schreber e nos vimos obrigados a levantar qual teria sido sua importância política, tão logo nos deparamos com a Psicanálise relacionando a Educação Física de Schreber-pai com o Nazismo, teria sido seria ele o pai da Pedagogia precursora do Nazismo. [AMPCCA]

Embora exista na literatura indicadores suficientes para se acreditar ser esta relação dos Schrebers com o Nazismo uma grande fantasia criada com falácias bem elaboradas a partir de erro de metodologia, o que não é o momento de demonstrar, chamou a atenção de imediato a grande consequência. Se Schreber é filho do Pai da Pedagogia do Nazismo, sua afirmativa de que teria sido convidado a assumir um papel político de líder que levaria a Alemanha Evangélica à hegemonia no Império Alemão perde automaticamente seu caráter de sintoma de patologia mental. Faltou pensamento critico aos autores e comentadores deste mito, que impõe o levantamento dos fatos políticos que estão descritos em Memórias de Schreber ocorridos nos anos que precederam sua internação, desde a coroação do Imperador Guilherme II, quais sejam o avanço do Catolicismo e do Eslavismo e a questão do Judaísmo, ao lado da recusa do Imperador às influências do Protestantismo no Poder.

Deixa disto, cara, você está buscando fazer nós onde não existem fios, o Socialismo marxista nada tem a ver com isto.

Ó sim, sem os nós o tecido parece perfeito, não é? Começa com a coroação de Guilherme II e a rejeição a seu comando, um Imperador afetado por um idealismo de jovem, disse Bismarck, que jovem ele era. Que Idealismo era este? Busquemos, que há fatos históricos escondidos entre os bits e bites na Internet, mas facilmente encontráveis por quem estiver disposto a procurar, ler e analisar, a História do final do Império Alemão está mal contada nos livros de história.

Começando pelo Nazismo, mas procurando o lado oculto da lua, aquilo que ninguém quer contar. Todo mundo enche a boca para falar mal do Nazismo, que, claro, foi um sistema de governo a ser condenado e todo risco de sua repetição deve ser combatido cortando o mal pela raiz. Contudo, muitos confundem ter sido um movimento de Direita, acreditando naqueles que publicam falácias procurando provar isto. É uma tática que acaba dando resultados, pois a maioria das pessoas acredita que apresentar argumentos é provar, e também a maioria não sabe reconhecer um argumento falacioso. Muitos se esquecem também de que o nome “nazismo” esconde a busca de sociedades homogêneas, com a eliminação de todos os opositores ao regime, tal como todos seus afins, os Fascismos, o Comunismo. Todos se esquecem, portanto, de que eliminar ou calar os opositores significa criar uma sociedade homogênea, as quais devem ser combatidas para se evitar os crimes históricos cometidos em nome do Bem-Estar do povo, sim, muitos se esquecem também de que o regime nazista visava o bem-estar do “povo”, termo entre aspas porque não se refere a todo o povo, mas apenas àquelas pessoas do povo escolhidas de deus, que deus? O “deus” que estava no comando do Poder, e que, ali, naquele momento era Hitler, alhures era... Bem, fiquemos na Alemanha e nos motivos pelos quais a história do Império Alemão e o seu “crepúsculo dos deuses” ilustra o fato de que o marxismo e seus socialismos não merecem o respeito da humanidade e dos humanos.

Então, deixemos de léria e reiniciemos o relato da história do Império Alemão, que vamos ter de resumir muito, ciente de que toda redução é falha. A Alemanha se constituía de vários reinos, os quais se uniam militarmente sempre que necessário para defesa comum, [JMGDUH] em uma época em que a expansão territorial era a norma e se fazia por invasões territoriais, e, consequemente, guerras. Sempre houve esforços de unificação destes reinos. Estes esforços recrudesceram e tomaram corpo de um Ideal quando se deu a humilhação imposta à Alemanha por Napoleão Bonaparte, ocupando-a de 1807 a 1814. [JRGH] Em 1814, com a queda de Napoleão, a Alemanha se reorganiza em Confederação de Estados, reduzindo-os de 200 reinos para apenas 39 Estados, sob a liderança da Áustria, com o Chanceler Metternich mantendo as distinções sociais e os privilégios da aristocracia, e suprimindo o Nacionalismo e o Liberalismo, [EGAMGC, JHRPH] alteração que não facilita o processo de unificação e posteriormente a Áustria sai da Confederação. Na opinião de Beyens, [ENBGBW] a Escola prussiana escreve a História da Alemanha como se fosse o desenvolvimento de uma só idéia, o desenvolvimento de um movimento iniciado na Idade Média, com o imperador Carlomagno e o Sacro Império Romano-Germânico, e que culminou na “unificação” da Alemanha por Bismarck, [EBCHM, JMGDUH, PSHCC4, SGGGVG] termo também entre aspas, pois não houve uma unificação real, mas um “ajuntamento político” dos diversos reinos sob a Prússia, por seu Militarismo, mas ao mesmo tempo tementes deste Militarismo.

É preciso lembrar que era o período do Iluminismo Filosófico cujo pedido de Reforma da Humanidade se concretizara na Revolução Francesa, com o ideal de tornar o Conhecimento disponível a todos através de uma Educação popular, Bem-estar para todos, o que, com o nome de Felicidade, foi parar na Constituição Francesa e serviu de motivo de zombaria por parte de pessoas que só entendem nas palavras o sentido que têm internalizado em suas mentes, compreensão imediata, Egocentrismo. Outros ideais incluíam acabar com as prerrogativas da Aristocracia e com as Monarquias, o que se demonstrou de início uma Mentira, pois logo logo Napoleão se tornou Imperador da França. É preciso que se fique bem claro que na Revolução Francesa haviam Ideólogos [FPI] não católicos, muitos dos quais eram apenas opositores do clero, ateus ou não, e Católicos, ao lado daqueles que se diziam não Católicos, mas pregavam a favor do Cristianismo Primitivo, pensado prático e de ações.

Na Revolução Francesa entram em cena os Illuminati. Há, no entanto, que se diferenciar entre Illuminati-Pensamento, e Illuminati-Mito, o que é difícil, pois as informações aparecem misturadas em qualquer texto sobre o assunto. Houve sim um Movimento Illuminati, mas era composto de apenas cinco homens, jesuítas arrependidos, e durou enquanto estes eram vivos. [HSCF19, JRPCAR, VSNEBI[ E houve também o fato de Mirabeau ter buscado as ideias (O Pensamento) destes cinco homens para as infiltrar nos ideais da Revolução. Tudo movimento de Maçonaria, creia-se. Acontece que quando isto se deu, o Pensamento Illuminati já estava recebendo contribuições alheias, tendo ocorrido um processo interativo: quem tinha uma nova ideia a atribuía aos Illuminati, o que garantia a aceitação como um Ideal a ser perseguido. Pode ter sido desta forma o início do processo de como o Pensamento inicial dos Illuminati se transformou em Mito-Illuminati, com uma sucessão, durante a História, de sociedades secretas se formando e se intitulando Illuminati. Qual o Pensamento Illuminati? Há vários textos na Internet indicando que era simplesmente o Pensamento Jesuíta, [TMIC2] que naquele momento também estava sendo rechaçado por todos os lados, mas isto é também outra história e dentro dela não perderemos o fio de nossa meada, o fato de que o Marxismo e os Socialismos marxistas não merecem o respeito da humanidade e dos seres humanos. Atenhamo-nos apenas em dois pontos, um do Pensamento Illuminati, a busca de um Cristianismo prático, e outro do Mito-Illuminati, acabar com a Aristocracia e seus privilégios, derrubar todas as Monarquias, mito iniciado pelos próprios Jesuítas no momento em que denunciam os Illuminati (os cinco primeiros) ao Rei da Prússia, Frederico Guilherme II da Alemanha. [VSNEBI]

Houve julgamento dos Illuminati e condenação com expulsão da Alemanha, mas não há indicadores de que os objetivos dos Illuminati tenham sido revelados nas sentenças, prevalecendo apenas as acusações feitas pelos Jesuítas. Segundo Colvin, Nesta Webster e Gwynne, [ICCWU] “os arquivos dos Illuminati foram capturados e publicados pelo Eleitor da Bavária (Príncipe da Bavária)”, o que é uma incongruência gritante.

Fica patente que a pregação contra os Illuminati era a pregação a favor do movimento Illuminati e o início da criação do Mito Illuminati.

Barruel e o Robinson [AMMFM, JRPCAR, SPPRE] divulgaram o modo como os Illuminati estruturaram uma Sociedade Secreta de forma a ninguém ser pego e condenado.

Muito interessante o seu papo, cara, mas os Socialismos não nasceram não foi daí não, 'tá por fora, cara.

Ô meu, deixe meu pensamento seguir sua linha e pare de querer mudar o Rio São Francisco de lugar... Olha, cara, os socialismos vermelhos nasceram da forma como contei, embora os socialismos em geral tenham nascido das utopias, de Fourier, Louis Blanc, Robert Owen. Cada um com suas fantasias mirabolantes.

Vixe cara, 'cê num tá sabeno de nada, o principal utópico foi Saint-Simon.

Não, não estou esquecendo não, apenas que Saint-Simon não foi utópico, pode ser que tenha sido espalhado que ele era utópico para desvalorizar suas idéias e delas se apropriar na parte que interessavam ao montão de messias que apareceram querendo salvar a humanidade. É a mentira, o instrumento dos vermelhos, que já existiam antes de tomarem a cor vermelha como seu signo, a distorção dos fatos para impor sua própria visão dos fatos: veja bem, não há utopia em pregar que a Reforma da Humanidade pretendida na época não deveria ser por Catastrofismo, a la Cuvier, com a destruição de tudo para refazer de outra forma, deveria ser por evolução, o Antigo convivendo com o Novo, foi o que pregou Saint-Simon. [SSOC1, SSOC2, SSOC3]

Saint-Simon começou seguindo os passos do Filantropismo, preocupando-se inicialmente com os pobres, mas evoluindo para pregar uma sociedade constituída pelo povo e para o povo (democracia), todos, ricos e pobres, mas não todos, à grande maioria das pessoas do povo que ele tinha os pés no chão; a sociedade teria uma base religiosa, o Catolicismo, mas retornado ao Cristianismo Primitivo, de ações, enquanto preservava as monarquias. Saint-Simon pediu a reunificação do Cristianismo, dividido pela Reforma. Pode-se interpretar este pedido do jeito que se quiser, mas não se pode deixar de lado a idéia central, Reconciliação. Não, minto, Saint-Simon excluiu os ociosos, os que não trabalham e nada produzem, mas considerou Trabalho em seu sentido amplo, (Adam Smith) e não apenas o trabalho manual. Seus seguidores deturparam e disseram que ociosos eram aqueles que viviam de negócios, empregando os outros. Saint-Simon valorizou o trabalho mental, a produção de ideias.

Ei, cara, então ele era um idiota, quem fica só pensando e criando ideias é ocioso e mama nas tetas da Sociedade!

Não, não era um idiota não, era realista. A grande delusão do marxismo é que o Trabalho, tomado como trabalho manual, tem primazia sobre as Ideias, que o Trabalho é que construiu as civilizações e o progresso.

E é, e é, você deve estudar o materialismo histórico dialético...

Cara, você é impertinente e parece querer me impedir de dar o meu recado, eu quero é falar de como a História do crepúsculo dos deuses do Império Alemão demonstra como os socialismos derivados do marxismo não merecem respeito da Humanidade e dos humanos. Aproveito então o gancho do materialismo histórico dialético e procuro um meio de retornar ao meu tema: o grande problema do sistema marxista de ideias é que parte de uma concepção teórica falaciosa, desconsidera a Ideia e hipervaloriza o trabalho manual, em nome de uma dialética, mas sem perceber que há uma dialética, um Devir (vir a ser) entre a Ideia e o Trabalho, de tal forma que não há como valorizar-se um desvalorizando o outro. Na relação do homem com a Natureza, a Sociedade, e os Objetos existe uma dialética entre a Ideia e a Ação/Trabalho, mas não a dialética que circula por aí, que é confrontação de Proposições Lógicas sobre a Natureza, sendo que não existem Proposições Lógicas na Natureza, de que o homem percebe apenas Formas/Aparências determinadas por seu aparelho perceptor, e sabe que a Lógica é um instrumento, sim, um é instrumento criado pelo homem, para lidar com as Formas/Aparências. Esta conversa de que o Trabalho tem primazia sobre a Ideia não encontra verossimilhança com a Realidade, todos os animais irracionais, desde a ameba, realizam Trabalho em função de suas Necessidades e no entanto não construíram civilizações, não evoluíram. É preciso que se faça a leitura crítica de tudo, do Sistema de Coisas Reais, a Realidade em si, e dos sistemas de idéias (teorias, ideologias) que procuram lidar com a Realidade em si, ou seja, nunca se esqueça de que os filósofos são meros cegos examinando pequenas partes do corpo externo de um elefante, e, como resultado, qualquer sistematização em Ideologia é falha em sua leitura do Real. Retornando ao fio da meada, com relação a Saint-Simon, Karl Marx abandonou a maior parte de suas ideias e leu apenas a parte que interessava à Ideologia messiânica que construía, confundindo muitas vezes o Pensamento de Saint-Simon com a Doutrina Saint-simonista, a qual é mera apropriação do Pensamento de Saint-Simon por seus seguidores iniciais para com ele veicular suas próprias ideias, muitas vezes vinculadas ao Mito Illuminati. Marx abandonou o Catolicismo de Saint-Simon, mas não abandonou a Religião como é pregado aqui e ali pelos marionetados por seu Pensamento: se Saint-Simon percebeu que a Religião era necessária ao homem e à sociedade, seus seguidores iniciais se puseram a criar Religiões da Humanidade, das quais a mais divulgada foi a de Comte, o marxismo deificou Karl Marx e transformou sua Ideologia em Doutrina/Religião, usando a Educação para nela catequizar o povo e o Partido Único como local de adoração de seu deus.

Aí, não falei que você me desviaria do assunto com suas interrupções? O que eu dizia? Estava demonstrando como a unificação da Alemanha está relacionada com o fato de o Marxismo e seus socialismos ter se demonstrado um cancro a ser combatido. Desprezemos as tentativas de reação ao domínio de Bonaparte na Alemanha, quando um grupo de pessoas se reunia secretamente, tendo quem tenha se referido a este grupo como Illuminati; foram descobertos e abafados, mas permaneceu um ideal, o de unificação da Alemanha.

Esforços para a unificação Prússia-Alemanha aconteceram em novamente em 1830, agora buscando-se uma base constitucional seguindo os princípios de 1789, dados pela Revolução Francesa, sob inspiração do Liberalismo Católico. [WHDGE1] Pulemos então direto à tentativa que se fez com o movimento de 1848, sim “movimento” por não ter sido efetivamente uma revolução, e para diferenciar da “Revolução de 1848”, na França. Resumidamente, mesmo deixando de lado dados importantes, tem-se que o Catolicismo já se manifestava como força política entre os Reinos do Sul, e no sentimento prussiano nascia o Desejo de hegemonia para os Protestantes. Para a unificação da Alemanha, os Reinos do Sul apresentaram em 1848 uma proposta, também para cumprir os Princípios de 89, da Revolução Francesa, mas também, é claro, preservando a monarquia. Lichtenberger apresenta a “Revolução de 1848” como um movimento Liberal pela unificação da Alemanha, com atos políticos de 1847 a 1852, deixando transparecer a necessidade que os comentadores tiveram de desvalorizar o Rei Frederico Guilherme IV. Lichtenberger [HLAM] enquanto faz coro com os outros comentadores ao julgar ser Frederico Guilherme IV fraco e indeciso, compara-o a Bismarck, não para o desmerecer, mas para outorgar a ele o título de Idealista e a Bismarck o título de Realista, mas não demonstra a diferença entre os dois, a Realidade de Bismarck era a Prússia e a Realidade de Frederico Guilherme IV era a Alemanha como um todo. Headlam, [JWHBF] também desvaloriza Frederico Guilherme IV, vendendo a seus leitores uma imagem de alguém “inteiramente sem simpatia ou entendimento dos desejos modernos de seus concidadãos”. Por certo é uma referência aos prussianos, pois não contextualiza com o que se apura dos seus atos praticados em resposta à “Revolução” de 1848, resposta aos alemães do sul, portanto. O objetivo era a unificação da Alemanha com a manutenção da liberdade individual dos Estados (Reinos), sem derrubadas de Monarquias, o que foi aceita por Frederico Guilherme IV, proclamando a unificação da Alemanha. Frederico Guilherme IV convoca eleições e institui a Assembléia Constituinte, com a tarefa de elaborar uma nova Constituição buscando concretizar a unificação da Alemanha que proclamara. [WHDGE1, JWHBF] É neste período que aparece Bismark, já ligado aos aristocratas e tornando-se um dos constituintes. A causa do Movimento de 1848, na leitura de Headlam, sem apresentar referências documentais (naquele tempo quase ninguém se preocupava com isto!) teria sido um “engano” cometido por Frederico Guilherme IV, o ato de convocar, no início de 1847, pela primeira vez os representantes dos Estados da Confederação, constituída em 1815, em cumprimento a compromissos assumidos em 1822 diante de seus pares, para tratar de questões financeiras relativas a construção de Ferrovias. Headlan julga que “o Rei da Prússia despertou um poder que era incapaz de controlar e teve a esperança de que, reunindo-se com os representantes dos nobres, das cidades e dos camponeses, esta nova assembléia, prestando-lhe homenagem respeitosa, adicionaria brilho a seu reinado, e que, votados os recursos financeiros requeridos, então se separariam”.

Para detratar alguém, descer a lenha, é preciso dizer também o que ele fez, mesmo que não se diga tudo. Headlam afirma que Frederico Guilherme IV “teve esperança de que se separariam”, isto é extrapolação grosseira, que, agora, serve para deixar mais evidente o que sugere o fato de ter se reunido com “os representantes dos nobres, das cidades e dos camponeses”, um esforço de conciliação. A “Revolução de 1848” foi um movimento popular e, segundo Lichtenberger, [HLAM] essencialmente da classe média liberal. O movimento de 1848 pedia reformas do Estado e não desejava tomar o governo diretamente em suas próprias mãos, procurando constituir a maioria tanto no Parlamento quanto no país, enquanto permanecia monarquista com o sentimento de lealdade à coroa. [ERHGC, GBOMG, WHDGE1] Frederico Guilherme IV proclamou a unificação, que não se efetivou. Proclamar é uma coisa, fazer as Leis dela consequentes é outra diferente, A unificação da Alemanha foi proclamada e não se transformou em atos legislativos que a concretizassem, ficando claro que Frederico Guilherme IV desejou a unificação da Alemanha, sob a liderança da Prússia, e não apenas o ajuntamento de todas as nações alemãs sob o domínio prussiano. A coisa fedeu. Como resultado a Constituição de Frankfurt formou uma Confederação de Estados, suprimindo todos os elementos revolucionários (abolição de direitos e privilégios da Aristocracia, e qualquer reforma social). Esta Constituição foi aceita pelos Liberais Moderados, mas sofre oposição do pequeno grupo de liberais radicais e de Bismarck, este jogando pelo recém-fundado Partido Conservador, [MSJMR] o que representa oposição dos Aristocratas (Junkers0. A maioria dos Católicos do Partido Liberal se opunha a uma Confederação sob a liderança da Prússia.

A História caminha o suficiente para Frederico Guilherme IV adoecer e ser declarado incapaz. Seu irmão, Guilherme Frederico Ludwig assume como regente, prometendo exercer uma política liberal, “que responda aos anseios da época e da nação alemã”, [WHDGE1] introduzindo medidas liberais, instituindo um corpo de conselheiros liberais, e procurando conduzir sua administração de acordo com o sentimento popular, ou seja, pela reforma social. Para Harbutt, é o contrário do que será a política da Prússia e da direção de todo o curso político da Alemanha. Na nova organização política da Prússia, no ano de 1860, a Câmara Inferior do Parlamento tinha uma maioria Liberal, enquanto a Câmara Superior era mais conservadora. Em janeiro de 1861, Frederico Guilherme IV morre e seu irmão assume com o nome de Guilherme I. [WHDGE1]

Não era intenção de Guilherme I abandonar a direção pessoal da Política, mas, de fato, a Vontade de Bismarck e não a do Monarca é que determinou as ações políticas da Prússia de 1862 a 1870 e da Alemanha de 1870 a 1888. [MSBGU] O que significa? A vitória da Aristocracia. Pulemos etapas embora escondendo fatos políticos importantes. O Desejo de Guilherme I, como Rei, era a unificação da Alemanha, respondendo aos ideais do Movimento de 1848, que eram, como já dito, os ideais dos Liberais do sul e os princípios de 89, ou seja, a preocupação com a grande maioria dos súditos e seu bem estar, mas recusando a abolição das Monarquias.

Depois Guilherme I enfrentou um impasse, não importa qual, além do fato de dizer respeito à unificação da Alemanha, e de que não tinha no Parlamento políticos em número suficiente para fazer valer sua vontade. A Assembléia recusa repetidamente aprovar seus projetos de Lei. Guilherme I fraqueja, julgando impossível governar sem uma maioria na Assembléia. Chama Bismarck, que já exercia grande influência política no Parlamento, ao cargo de Primeiro-Ministro; em uma segunda crise, em 1871, Bismarck, num passe de mágica inconstitucional, assume conduzir o Estado sem o consentimento da maioria da Assembléia, reorganiza o Exército, [ERHGC] promovendo o ajuntamento dos Reinos o que entrou para a história como Unificação da Alemanha, com hegemonia da Prússia, presenteando-se com o cargo de Chanceler. É neste momento que se acentuam e ficam bem claras as duas das forças políticas em disputa, o Germanismo, com o ideal da Reforma Social, e o Prussianismo, com o Militarismo e a ânsia da Hegemonia, e uma reforma social previdenciária promovida por Bismarck, que não respondia à classe trabalhadora: fica nítido também que “manter os privilégios da Aristocracia” significava também manter o regime de trabalho vigente. Aparece a grande pedra no sapato: os social-democratas com o desejo cego de derrubar a monarquia, usando os trabalhadores como massa de manobra. Como? Bismarck recebe ordens de Guilherme I para promover a Reforma Social, e Bismarck constrói um Estado Previdenciário, cuidando dos velhos e dos enfermos, mediante aposentadorias, sem atender às demandas sociais, apenas aliviando a situação, uma solução do tipo “as condições de trabalho são estas que aí estão, quem se estrepar, por acidente, doença ou velhice, o Estado Previdenciário sustentará”. Ao mesmo tempo, coloca os social-democratas na clandestinidade, espera, espera, daqui a pouco falo nisto. Em Janeiro de 1882, durante uma disputa entre Bismarck e os Liberais, Guilherme I faz um manifesto [AFWGSB, GBSWI] em que declara ter a Constituição transferido o poder de legislar ao Parlamento, deixando ao rei o poder de iniciar (apresentar projetos) e aprovar os atos parlamentares. Guilherme I, denuncia que "o Rei reina, mas não governa”, reclama “o direito de governar e ditar a política da Prússia”, que, em seu julgamento, “fora restringido, mas não revogado pela Constituição”. [GBSWI]

Bismarck fez oposição hostil ao Movimento de 1848, considerando-o “uma Revolução que ameaça a todos", [JWHBF, MSBGU] a despeito do comportamento de Frederico Guilherme IV a favor das reformas pedidas. Repitamos para não precisar desenhar: NÃO HOUVE REVOLUÇÃO EM 1848 na Alemanha, apenas um Movimento! No frigir dos ovos, Bismarck apenas ajuntou os Reinos e não resolveu os pontos de discórdia, mantendo o fator de desagregação: a Prússia e o Prussianismo. Bismarck queria a manutenção da Monarquia com a manutenção dos privilégios da Aristocracia, que se resumiam a “uma classe a ser sustentada pelo povo alemão”. Então, quais eram as forças em atuação? Catolicismo x Protestantes; Germanismo (Reforma Social) x Prussianismo (Conservadorismo e Militarismo para mantê-lo); Trabalhadores x Aristocratas; e havia também os Judeus, com O Capital, sem o que não era possível levar a cabo processos de industrialização, ferrovialização territorial, etc., tudo, enfim, que depende de Dinheiro para vir a existir. Já estava aparecendo gente pensando que Dinheiro era Bem encontrável na Natureza, com mananciais e mananciais disponíveis aos Adões e Evas do Paraíso Terrestre. Qual era a do Imperador? O Desejo de Guilherme I era a preservação da Monarquia e o caminho era atender às demandas sociais, por uma Reforma Social. como lido por Seignobos [CSPHE]. “O Estado deve ajudar a seus membros necessitados (atender às demandas sociais), não somente como uma obrigação de humanidade ou Cristianismo, mas como um objetivo de autopreservação”. Quem enfiou a Dialética na História pecou redondamente: não há síntese na Natureza, tudo evolui para a Morte, e eis que, em março 1888, morre Guilherme I; é coroado seu primogênito, Frederico (I da Alemanha e III da Prússia), que reina três meses vitimado por câncer na garganta, mas período suficiente para reafirmar o objetivo da Reforma Social e a manutenção do Império Alemão com a Dinastia, obrigações transferidas a seu sucessor.

Coroado Guilherme II, em 1888, propôs um plano de Reforma Social preservando a Monarquia, mas recebeu oposição de todos os lados: de Bismarck e dos Aristocratas, e do Partido Social Democrata, de socialismo de esquerda, marxista, que conseguia cada vez mais votos pregando o Bem-Estar Social, pela melhoria das condições de trabalho. O objetivo primário do Imperador Guilherme II era o de seu avô e de seu pai, a reforma atendendo às demandas sociais e acrescentou como objetivo a unificação real da Alemanha, procurando promover a conciliação das forças políticas em atuação, que já eram distribuídas entre:

a) O Catolicismo, representando a Alemanha do Sul;

b) O Protestantismo, representando a Alemanha do Norte, principalmente a Prússia e o Prussanismo, e os Aristocratas;

c) O Eslavismo, na esteira do Movimento Pan-Eslavismo

Neste meio termo, houve o nascimento do Anti-Semitismo e a necessidade de o Imperador incluir a aceitação das “rules” do Judaísmo. O que está em alemão foi transferido para a palavra “rules”, mas este termo só traz confusão, e, mesmo não havendo indicadores de que os judeus pretenderam algum dia governar ou dominar o mundo, há quem verta “rules” para “governo”, sendo que em as Memórias de Schreber foi vertida para “dominação”. Pelo que se apura, trata-se unicamente de seja aceito o Ethos judeu, que está no Talmud, [NRMLIJ] ou seja as “rules”, o Sistema de Normas e Valores do Judaísmo. O que Guilherme II pretendeu foi aceitar as normas (the rules) do Judaísmo para dar aos Judeus seu espaço social (Herrschaft) na Alemanha, o que está em contexto com seu objetivo de unificação real da Alemanha pela conciliação das forças políticas em atuação naquele momento, em clara oposição ao anti-semitismo da ala protestante. [RCSCG4l, WRTHHY] Pickus, [KHPCMI], que relata a construção de Identidade judaica, analisando estudantes universitários judeus entre 1815-1914, aborda o anti-semitismo de Stocker e a assimilação dos Judeus na Alemanha, com a preservação de sua Religião, que é um dos significados encontrados para Herrschaft, que poderia significar "domínio", mas no sentido de espaço, estabelecer o espaço político-social, o lugar dos judeus na Alemanha. [NRMLIJ] Tratava-se de “aceitar” os judeus em seu espaço sob o sol alemão, e não de se submeter, sob governo ou dominação, ao Ethos judeu.

O que aconteceu então? O Partido Social Democrata (PSD) fora banido por Bismarck em outubro de 1878 [JHGPPP, JSGSDP] com a Lei Anti-Socialista, [JJLCSR, RCSCG4m] o que favoreceu o seu crescimento com as mensagens veiculadas clandestinamente por meio de jornais e associações recreativas. A Alemanha entra em um período de depressão econômica em 1882-1886 e em 1890-1894, com transformação abrupta na produção e circulação de mercadorias, alterações sociais e religiosas importantes, como a crescente nacionalização das massas e “uma deterioração da ordem social doméstica”. [LSPMW] Embora nomeado imaturo e sem visão política, Guilherme II toma medidas corajosas. Em fevereiro de 1890, antes das eleições, toma a providência de não reformar a Lei Anti-Socialista, o que resultou em um crescimento rápido do partido e progressivo desde então. [JHGPPP, JSGSDP] Não que fosse Imperador jovem idealista e temerário, era realista: o PSD era uma força política existente, e em crescimento, embora seu adversário. Os social-democratas são declarados inimigos do país por Guilherme II, JMCKPC e pelos vários partidos liberais em coligação. JHGPPP Em contrapartida, para anular as forças do socialismo revolucionário, marxista, vermelho, anuncia, com o Decreto de 4 fevereiro de 1890, a Conferência de Berlim, com as propostas de Reforma Social, a nível mundial, atendendo as demandas do povo.

Malon, [BMLIT] em La Législation Internationale du Travail, em La Revue Socialiste de dezembro de 1890 apresenta e analisa a Conferência Internacional dos Trabalhadores, de Berlim, em março do mesmo ano, cuja história começa em outubro de 1889. Após intervir na grave da mina de carvão, Guilherme II decide por um congresso social. Bismarck se opõe ao Decreto, [WIIKM] fazendo publicar, de imediato, em jornal que controla, ser “inútil estabelecer regras internacionais sobre o trabalho das mulheres e das crianças, porque todos os países têm editado medidas sobre a matéria”. [CJSERS] considerando não ser um momento oportuno e adiantando que as propostas não serão aceitas. Bismarck sofisma: quando todos propõem soluções é o momento em se procurar regras consensuais, oportunidade que Guilherme II, o Imperador chamado de "imaturo e inapto politicamente" por Bismarck aproveitará ao propor a Conferência de Berlim.

Porque o correto é afirmar que Guilherme II propôs a Reforma Social “para anular” e não “para tentar anular” as forças do socialismo revolucionário? O crescimento geométrico dos social-democratas a partir de 1871 [HLAM] tornara claro ao Imperador Guilherme II ser preciso tomar iniciativas que anulasse as forças do PSD antes que o objetivo de derrubar a Monarquia fosse atingido pelo voto direto. A vontade de Guilherme II, conforme Jean Bourdeau, em 1892, também seu detrator, “é tentar um julgamento justo (pela opinião pública), provar aos trabalhadores que está interessado em seu destino”, e atrair, desviando do Partido Socialista, todos os homens motivados por demandas legítimas. [JBSANR] Seu objetivo era esvaziar o movimento social democrata. Maximilian Herder divulga o ponto de vista do Imperador sem o citar: "(Bismarck) comete um erro ao lidar com a Social Democracia, que só pode ser vencida através do Socialismo Cristão”. [MHWP] As demandas trabalhistas são a bandeira do Partido Social-Democrata, que, se realizadas pela Monarquia, teria de assumir seus reais objetivos revolucionários para sobreviver. Bourdeau admite como sincera a convicção de Guilherme II de que “na sociedade atual, o trabalhador não conseguir o que lhe é de direito, significa ser, em uma certa medida, explorado”, [JBSANR] demonstrando que o Imperador enfrentava galhardamente os aristocratas seus opositores. Stanley Shaw, [SSWG] em 1913, analisa as causas do crescimento do Socialismo Revolucionário na Alemanha, afirma que o Imperador contrapôs ao Socialismo Revolucionário um plano de política social, mas os Sociais Democratas, livres das restrições da Lei Anti-Socialista, receberam “um novo sopro de vida”. Shaw não analisa profundamente a situação política a ponto de ter percebido que os conservadores bismarckianos não tiveram faro político suficiente para não fazer oposição ao Imperador e a sua Reforma Social. Com a não aceitação da Reforma Social do Imperador Guilherme II, nas eleições de julho de 1893, o PSD vence nas grandes cidades e centros industriais, com grande número de eleitores. CSPHE Fica claro para Geoff Eley [GEFD], que a social democracia vencerá a disputa com a Monarquia.

Descobre-se, então, o que deixaram escondido, que o Partido Social Democrata sabia de forma bem clara que com a Reforma Social estava em vias de perder o jogo para Guilherme II. Senão vejamos. O Partido Social Democrata foi fundado em 1875, pela fusão da Associação Geral de Trabalhadores Alemães, formada em 1863, que pretendia um socialismo de Estado com bases trabalhistas, e o Partido Trabalhista Social Democrata, formado em 1869, de August Bebel e Liebknecht, que desejava uma sociedade comunista “sem classes”, [JHGPPP] seguindo os manifestos comunistas de Karl Marx e Friedrich Engels, de 1847. O PSD advogava uma mistura de revolução e, no sistema parlamentar, um trabalho quietista, ou seja, de boicote, e colocou isto de forma mais clara no programa extraído do Congresso de Erfut, de 1891, que visava ratificar o acordo entre as correntes revolucionária e reformista da social democracia alemã. [ESGCS, ISLRA]

O que estava em jogo na Alemanha era a disputa entre o Liberalismo (Adam Smith, Saint-Simon) e o Absolutismo, o Germanismo (Liberalismo) e o Prussianismo (Absolutismo), a sociedade sem classes de Saint-Simon (todos são iguais diante de um padrão-ouro, Deus, mas todos mesmo, não apenas o proletariado, e todos trabalham, no sentido de Adam Smith, para todos) versus uma sociedade “sem classes”, marxista, em que todos trabalham para a classe que exerce o trabalho braçal, os trabalhadores no sentido marxista, o proletariado (portanto, sociedade que se nega como “sem classes”). Interessava à Social Democracia a unificação da Alemanha sob o domínio da Prússia, conforme posição de seus lideres Lassalle e seus sucessores, Dammer e depois Fritsche: deve-se apoiar o pan-germanismo, pois o PSD não podia falhar na demanda da união da Alemanha sob a hegemonia da Prússia. [NWSSSM]

Para a compreensão do que se pretende expor é preciso analisar como Guilherme II procura efetivar a unificação da Alemanha e como o Catolicismo participa das suas soluções. Reserve-se então o fato de que o socialismo revolucionário, marxista do PSD, buscou tacitamente compor-se com o pan-germanismo, e o dilema que Guilherme II enfrentou ao ter de decidir-se entre germanismo e pan-germanismo (ou prussianismo, militarismo), que têm de ser explicados para se perceber como crepúsculo dos deuses do Império Alemão recomenda que os socialismos vermelhos não merecem o respeito da humanidade e dos humanos.

Ao lado do crescimento do Partido Social Democrata há o crescimento do Partido do Centro, vinculado ao Catolicismo, tornando-se o partido mais influente na Alemanha em 1906-7, o que provoca reações dos adversários. Após 1906, “os Liberais em união com a Liga Evangélica e participantes da Liga Monista procuram fazer das medidas do Vaticano (Encíclica Borromeo, etc.) um pretexto para uma guerra contra os Católicos alemães e a Santa Sé, nascendo uma nova e secreta Kulturkampf, gradualmente forte, contra o Catolicismo”. [HSCPC] Para Herndon Fife, [RHFJGE] com o falecimento do líder do Partido do Centro, Windthorst, em 1891, houve o enfraquecimento do particularismo do Partido, que se encaminha para “o espírito de uma Alemanha maior, estreitando seus objetivos em direção a um nacionalismo, mudando a sua atitude para com o Governo”. Corresponde com o que se apurou do avanço do Catolicismo e do processo de nacionalização/unificação da Alemanha desde 1847, pela Alemanha do Sul, católica e em busca do Bem-Estar social e pela legislação trabalhista sob princípios cristãos, coincidindo a morte de Windthorst apenas com o fato de o Imperador ter se aproximado da Igreja Católica, em busca da concretização de seu plano político e sua reforma social. São vários os questionamentos que precisam ser feitos para se retirar a religiosidade desta guerra e, assim, conseguir perceber os fatos políticos envolvidos, e o principal é descobrir como o Catolicismo seria um arma útil a Guilherme II para cumprir seu objetivo de entregar a seu filho primogênito o reino que, como primogênito, herdara.

Germanismo, Prussianismo, Pan-Germanismo

A confusão existente com o uso de “germanismo”, “prussianismo” e “pan-germanismo” na literatura necessita ser esclarecida, por reportarem diretamente ao problema político vivenciado pelo Imperador alemão. Para Hegel, “Religião não se reduz a conceitos de Deus e de imortalidade e tudo que a eles se relacionem, mas “especificamente constitui convicção de um todo um povo, influenciando suas formas de pensar e suas ações... ...O Espírito de uma nação reflete-se em sua História, sua Religião e no grau de sua liberdade política. O aperfeiçoamento da moralidade individual envolve uma religião privada, os pais que a transmitem, os esforços individuais e uma situação individual. A cultivação do espírito de uma nação como um todo requer a adição de contribuições respectivas da religião do povo e das instituições políticas”. [GWFHPFR] O "Espírito Alemão", Germanismo, seria representado pelos ideais da Alemanha do Sul, como estão no Programa dos Liberais da Revolução de 1848, em acordo com o Monarquismo, com representantes em todos os Estados-Confederados, inclusive na Prússia, com a aceitação em palavras e atos dos Imperadores a partir de Frederico Guilherme IV, e a resistência de Aristocratas prussianos, representados politicamente por Bismarck. As características principais do Espírito Alemão, Germanismo, seriam o Humanitarismo e o Liberalismo e o pedido de “unidade na multiplicidade, multiplicidade na unidade”, a união em confederação com o respeito da individualidade de cada nação. O espírito prussiano, Prussianismo, se faz representar pelo expansionismo, militarismo, espírito de dominação e imperialismo. O expansionismo das nações não foi reinaugurado pela Prússia, mas por Napoleão Bonaparte, sem necessidade de referência bibliográfica. Quanto ao Militarismo, Lyell Fox, [ELFWH] em 1917 mostrou ter sido Napoleão Bonaparte indiretamente responsável pelo Prussianismo-Militarismo. [FHNH3P] O termo “prussianismo” foi também usado para se referir ao movimento em busca de um Estado centralizado e forte, a Prússia, em busca da unidade das nações alemãs sob o nome de Império Alemão. Seria a busca da concretização do Nacionalismo, como entendido na época, formar-se a nação de todos que falam a Língua alemã; [CDPHUA] como a Alemanha era um aglomerado de nações, Prussianismo representaria “alemanizar” as nações impondo o Espírito Prussiano, em busca de uma homogeneização cultural. Para Brunschwig, [HBPP] “o que se chama de Prussianismo (1848) consiste essencialmente na conquista das cadeiras administrativas do Estado por um grupo social, os nobres, os Junkers e os capitães da indústria... profundamente imperialista e belicoso... com um nacionalismo exacerbado”. Para Spengler [OSPS], em 1920, “prussianismo é uma compreensão de vida, um instinto, um espírito de solidariedade, constitui-se um resumo de qualidades espirituais e, por último, também corporais, que são desde muito tempo características de uma raça e em especial dos melhores representantes desta raça”, já apontando os caminhos do Nazismo.

Há, portanto, um “germanismo”, como busca de uma unificação real da Alemanha, cultural e não meramente aglomerado político de nações, e há um “pan-germanismo”, assim nomeado pelo uso do poder de prestidigitação das palavras, para esconder o verdadeiro significado de ser um “pan-prussianismo”, a procura de dominação da Alemanha, e posteriormente do mundo, pelo Espírito Prussiano. Austin Harrison, em 1904, apenas vislumbrou ter havido uma disputa entre duas forças ao afirmar que “quase todos os pronunciamentos políticos do Imperador, de seus Ministros, embaixadores, soldados, oficiais, professores, ou agitadores pan-germanicos, que, em questões nacionais e internacionais, disputam entre si a idéia de uma missão iluminada que a Alemanha tem de cumprir”, [AHPGD] excluindo a Social Democracia. A Social Democracia, por sua vez, demonstrará ter uma missão “iluminada” a cumprir a partir da Revolução pregada por um Messias, Karl Marx e da Internacionalização do marxismo. Harrison incluiu Guilherme II entre os pan-germanistas, mas não explicou porque deixara ele de ser germanista. Também Guilherme II não recebeu de Bismarck uma Alemanha unificada, mas um amontoado de forças políticas em disputa, inclusive uma Social Democracia ameaçando a extinção da Monarquia, e desejou conciliar estas forças políticas, pelo germanismo, contra a oposição de um Prussianismo, tendo demitido Bismarck, representante mor do Prussianismo: Harrison é apenas jornalista e não historiador, mas deveria, conhecedor dos fatos, aliás, de opiniões sobre os fatos históricos ocorridos, em respeito a seus leitores, ter esclarecido os motivos pelos quais Guilherme II sai da posição de germanista para a posição oposta, o prussianismo ou pan-germanismo.

Houve no período da Primeira Guerra e no período que a antecede muitos autores que se ocuparam de analisar a personalidade de Guilherme II, procurando nele os defeitos que levaram à Primeira Guerra, em uma visão simplista de que os acontecimentos políticos dependam apenas do indivíduo que assina as leis e as declarações de guerra. Juliette Adam, [JASK] ilustra bem o tipo de informações que se pode obter a respeito daquele período político da Alemanha. Suas informações são contaminadas por sua posição anti-germânica, tendo fundado uma revista para “dispor seu cérebro e sua pena contra Bismarck e contra o Imperador. Segundo o tradutor isto a fez perder “a imparcialidade necessária à História”, enquanto anota que críticos seus contemporâneos, vêem “em seu trabalho um desprezo para compromissos de quaisquer tipos, o que a levava ocasionalmente a posições insustentáveis e a exageros”. Este tipo de literatura pode ser, no entanto, de suma importância porque o autor é obrigado a aceitar e relatar os pontos positivos da personalidade de quem detrata.

Tyler-Whittle [MSTWLK] não pode deixar de registrar que o Imperador, incapaz de controlar a liga Pan-Germânica e os partidários de uma Prússia voltada para a guerra, reconheceu que a guerra era inevitável, simplesmente uma questão de espera. Guilherme II esteve algumas vezes completamente oprimido pelo pensamento de uma guerra européia. Naquele momento enquanto o jovem Imperador alemão cuidava de construir sua imagem diante do mundo, o mundo tratava de desconstruí-la, construção e desconstrução que se faz com a ajuda de jornalistas e formadores de opinião, com recursos de retórica persuasiva. A função da retórica persuasiva é a criação de mitologemas, com a somatória dos quais cria-se um mito para impor às mentes de seus leitores uma opinião a favor ou contra o que ou quem se quer deificar ou satanizar. Não importa se isto é feito com coerência, como demonstra Julliete Adam, [JASK] que detrata a Alemanha e seu Imperador, mas não assume manter posições idênticas, ao fazer "instintivamente oposição aos Judeus, e ao identificar o Exército ao Estado", no dizer de seu tradutor.

Em suas Memórias, Guilherme II reafirma as promessas ao assumir, em outubro de 1888, apenas quatro meses após receber o trono, ser um legado de seu avô (Guilherme I) a continuação da legislação sócio-política por ele iniciada, ciente de

“ser uma falácia admitir que o estresse do período e da miséria humana sejam ser eliminados por medidas legislativas, mas é dever e prerrogativa do Estado o desejo de aliviar dificuldades econômicas existentes, e para impor o reconhecimento do dever de amor ao próximo, a ser cultivado fora do solo do Cristianismo, por instituições estatais”, WIIGEK em que “dever de amor ao próximo” direciona a “saint-simon”.

Para Juliette Adam, Guilherme II está intelectualmente dividido entre a Idade Média e o fím do século 19, “assumindo um papel modelado em homens de ação, tenta combinar um modernismo extremo com os dias de Carlos Magno”. [JASK] Para Stanley Shaw, [SSWG] em 1913, Guilherme II era liberal conservador, liberal no sentido de desejar ardentemente o bem-estar e a Felicidade do Povo e não o era no sentido de dar ao povo a autoridade para governar-se e dirigir seus próprios destinos.

Significa apenas ser Guilherme II um liberal sem por em risco a perda da Coroa. Shaw não deixa de apontar o espírito de tolerância religiosa de que sempre fora animado o Imperador. Shaw mostra o Imperador mais liberal do que geralmente se assume, ao relatar a união dos latifundiários conservadores, sob o nome de Junkers, como um obstáculo às tendências liberais do Imperador, as quais fossem apenas um “desejo ardente” não desencadeariam tal reação, e não pode deixar de relatar os “atos políticos vinculados a uma política social compreensiva e bem organizada”. [SSWG]

(continua)

Gilberto Profeta
Enviado por Gilberto Profeta em 04/05/2014
Reeditado em 12/05/2014
Código do texto: T4793565
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