A situação da classe trabalhadora na Inglaterra.
Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra.
Jovem rico, de boa aparência e cultuado pelas mulheres mais bonitas do mundo, grande humanista, o que é raro na história da humanidade, Friedrich Engels, cultíssimo já na adolescência, dono de um bom processo de síntese cultural.
Dominava várias línguas, quando foi determinado pelo pai milionário para cuidar dos negócios familiares em Manchester, Inglaterra, ninguém poderia imaginar que seria o fundador de uma acepção política denominada de socialismo.
A cidade repleta de indústrias, máquinas que produziam para manter o resto do mundo, fruto da Revolução Industrial. Dirige-se a essa terra o jovem Engels carregado de muitos livros, horas intermináveis lendo Filosofia política e procurando entender o processo que desencadeou a Revolução Industrial naquele país.
Sendo os principais autores: Hegel, Feuerbach, Bruno Bauer e Max Stirner e todos os exuberantes gênios da sua pátria, era criterioso e não lia qualquer tipo de literatura.
Adorava Filosofia, o conteúdo elaborado deveria ser crítico, algo que visasse à transformação do mundo, não apenas a velha Filosofia grega do contínuo devir metafísico queria entender os opostos, porém produzidos pela realidade material, fruto da luta política.
Era necessário compreender o século XIX, a época em que se realizou a grande Revolução Industrial, o desenvolvimento do progresso técnico, o aumento das riquezas com o surgimento da grande burguesia.
Engels sempre contou com a colaboração de um judeu inteligente, Karl Marx, que, de imediato, percebeu a burguesia como sendo resultado da produção de uma quantidade de miseráveis despossuídos sem perspectiva na história da Revolução Industrial.
Seus estudos visavam entender o papel dos miseráveis no desenvolvimento econômico da Inglaterra. Manchester, sempre fora o centro do capitalismo mundial em pleno século XIX, motivo da importância para os estudos de Engels.
Quando chegou a essa cidade no ano 1842, interessado em compreender as condições que levaram a Inglaterra a ser o primeiro país a fazer uma Revolução Industrial capitalista, e, por que tal revolução só foi possível graças à miserabilidade proletária.
Percebeu que o capitalismo sustentava-se através de gente maltrapilha, homens, mulheres e crianças, magros, de olhos afundados e pele prejudicada por alimentação de qualidade inferior, pelo frio e desnutrição vagavam pelas ruas. Sem direção muitos deles tinham a própria calçada como residência oficial, sendo a morte um fato prematuro, situação que sensibilizava o jovem milionário.
Trabalho extenuado por quatorze horas diárias, comida e saúde não favoráveis foi desse modo que desenvolveu o capitalismo, provocando assassinatos coletivos. Para Engels era cruel essa situação, pois precisava dos miseráveis para fazer funcionar as fábricas de sua família. O mundo necessitava mudar em defesa dos desvalidos, atitude grandiosa de um coração generoso.
Quando terminava o trabalho de um longo dia, Engels deixava os miseráveis e dirigia sua mansão em Manchester, começava escrever indignadamente a vida real dos miseráveis que efetivava a riqueza da burguesia.
Sua percepção de revolta impregnada nos seus textos, dizia ser necessária uma revolução social, e, em sua retórica empírica, era seu objetivo, refletia a miséria jamais será exterminada no capitalismo.
Talvez o primeiro homem realmente rico que tenha lutado pelos pobres, exemplo exuberante de procedimento humano. A história de vida de Engels é simplesmente admirável.
Das reflexões começam seus trabalhos acadêmicos em defesa de outro modelo de produção que não sustentava no princípio da iniciativa privada, contrário ao liberalismo econômico.
Quando escrevia em forma de análise o que ele encontrava nas fábricas, não conseguia conter sua própria revolta e proclamava necessidade de organização e politização das classes trabalhadoras, para que pudesse acontecer uma revolução social.
Essas ideias apavoravam não apenas sua família, mas toda burguesia inglesa que não entendia o por quê de um jovem tão bem sucedido defender exatamente os miseráveis.
O mundo é muito estranho. Engels viveu o bastante para perceber que o ideal dos pobres nunca foi fazer uma revolução comunista, esse ideário era apenas fruto do seu humanismo.
O miserável sempre quis transformar-se em um pequeno burguês, com os confortos moderados do capitalismo, esse era o desejo de cada um daqueles operários do capitalismo inglês, apenas Engels não percebera o real sonho dos desafortunados.
Na Revolução Industrial do seu tempo os trabalhadores ganhavam para não morrer definitivamente de fome, não havia espaço sequer para cuidar da própria casa, o minguado tempo que restava, teria de dedicar ao sono, para poder suportar os labores da tarefa cruel e implacável.
O desenvolvimento econômico subtraiu tudo do trabalhador, até mesmo a vida, adoecendo e morrendo precocemente, enquanto a burguesia tinha todas as benesses possíveis.
Os operários ingleses, que Engels e posteriormente o seu inestimável amigo Karl Marx, contemplavam que seriam o porvir das células revolucionárias foram os primeiros a renegar definitivamente as teorias marxistas, repugnando a ditadura do proletariado.
A velha acepção de que todas as criações do espírito humano surgem em decorrência da estrutura econômica, tese fundamental do marxismo, também defendida por Engels, parece não ser legitimada pelo milionário mundo do capitalismo inglês.
Em que erraram as proposições do marxismo?
A promessa de um futuro benigno na ditadura proletária, que cuidaria dos destinos da Humanidade, não os levou a nenhum convencimento, motivo pelo qual as palavras do milionário Engels foram desconsideradas como do seu grande amigo Marx.
Posteriormente, grandes marxistas constataram o mesmo fato: não mais a estrutura econômica que determinava as formulações do espírito, pelo menos parcialmente, tudo o que foi escrito como produto de uma época teria de ser considerado apenas naquele tempo histórico, não mais havendo sentido sua aplicação em relação ao futuro.
A história é a cegueira do seu próprio tempo histórico (Edjar).
Mas, objetivamente, a verdade é a base econômica em última instância, termina por desencadear as flutuações do desenvolvimento do pensamento em suas complexidades e, existe, de certo modo, uma aplicação dialética dos fatores complexos em uma análise que não deve ser desconsiderada, a custo de tornar-se
tão somente uma ideologia.
A situação das classes trabalhadoras na Inglaterra foi, de certa forma, o fermento principal para a formulação da teoria marxista da história por Karl Marx com a exuberante colaboração de Engels.
Engels pensava que os operários e burgueses tinham uma estrutura lógica, decorrente unicamente da situação existencial de classe, hipótese muito discutível, pelo menos do ponto de vista prático.
Diante de tais proposições, qual seria a melhor hipótese para o entendimento da Revolução Industrial na Inglaterra: a situação da miséria da classe operária? Ou uma determinação limite de onde o lado econômico ponderava?
Numa Inglaterra, onde pelos anos de 1842, uma sociedade constituída basicamente de duas classes, antagônicas, podemos nesse caso em específico referir-se a uma luta entre operários e burgueses, quando a tendência histórica seria classes diferenciadas com interesses não comuns e complexos.
Muito difícil criticar o marxismo, o que refletiu não partiu de uma teoria puramente ingênua como querem os ideólogos burgueses contemporâneos, não dá para se esquecer dos modos de produção e de como a iniciativa privada se organiza fazendo uso do Estado.
Não devemos aderir simplesmente a teóricos não marxistas em uma análise a serviço do capital, como agiram historicamente alguns deles como Weber, Karl Mannheim, Benedetto Croce, entre outros, simplesmente tentaram rejeitar Marx e Engels.
Porém autores marxistas, como Benjamin, Labriola, E. P. Thompson e Hobsbawm, sendo para eles em uma análise posterior, a situação das classes trabalhadores na Inglaterra era apenas um marco na história do capitalismo, de certa forma, entendimento absolutamente simplista
O capitalismo é um fenômeno muito complexo, amplo, não pode ser entendido em uma determinada região ou período histórico, como foi na época de Engels e Marx. A Revolução Industrial teve sua lógica, o que deve ser compreendido é sua continuidade.
Hoje, internacionalizada, consegue evitar as contradições gritantes das classes sociais em suas origens, como foi na Inglaterra, transferindo para o mundo periférico suas contradições, a riqueza nunca foi fruto de relações normais.
Acreditar nas diferenças dessa proposição seria um açoite ao espírito crítico. (Edjar).
Onde permanecerem os mesmos conflitos e situações de miséria da classe operária, nesse aspecto, Engels e Marx serão atualíssimos.
Autor: Edjar Dias de Vasconcelos.
Correção: Laura Maria Fernandes da Silva.