Vai ter copa. Ok. E depois? Eu penso é em férias...
Vai ter copa. Ok. E depois? Eu penso é em férias...
A Copa de 2014 vai capengachegando. Parece não haver dúvida sobre a inviabilidade de assumir compromissos assim. Mas, agora, ela é inevitável. E de tanto ouvir falar na coisa, o que eu espero é que aconteça logo, com direito a torcer pela nossa modesta seleção (cheia de egos imodestos), sim, caralho! Depois, é ver como é que fica...
Mas, é claro, tem gente com faixa e bumbo na praça, chateando, quebrando, trucando e gritando: "não vai ter copa!". Parece ser contra quem decidiu pela copa, mas o fato é que se dirige sempre contra a cidade e os governos locais...
Como assim, panacas? Vai ter copa, sim. É preciso ter - para justificar todo o campeonato de ladroagem que a precedeu e, ponto.
Em Goiânia, dia sim, outro também, passeatas contra o sistema de transporte coletivo. É claro que quem precisa do transporte coletivo e devia protestar, não
protesta - essa gente sabe que está ruim, mas pode ficar pior.
Os caras que estão nas ruas, são profissionais do movimento estudantil (cuja maioria não anda de busão), com aquele negócio de acusar o abuso no preço das passagens. Queriam redução do preço e prometeram "passagem gratuíta", o que não aconteceu ainda na prática.
É o ideal, pois todo dia vão ter motivopara ir para a rua, protestar, tentar quebrar (que por aqui, a coisa só é tolerada até o nível do inaceitável) e injuriar a quem puderem alcançar.
Protestam contra a copa, injuriam por causa do preço do transporte público, destroem por causa da selvageria que o verniz de cultura que a escola não consegue tirar, mas não toca nos nomes que consideram santos - e os governantes mensalistas e cleptopetroleiros e financiadores de regimes assassinos passam incólumes, na pantamima que ocupar as ruas para monopolizar o direito de protestar, intimidando os quem querem fazer isto de maneira democrática e republicana - gente que estuda e trabalha de verdade, fazendo o país acontecer e pagando com suor os impostos que vão ser saqueados depois, com muita lábia e técnica, com sobras para o financiamento dos "protestadores" e profissionais do puxa-saquismo internáutico (não é, dona Feia Foster?, que não deixa faltar o capilé da esgotosfera?).
Café da manhã, almoço e janta grátis. Cauim. Opiácios. Oportunismo irrestrito, disfarçado de individualismo. Anticoncepcional e pílula do dia seguinte. E diversão - vale cultura para ir no baile funk, como anunciou a nossa ministra da Cultura. Quem não quer? Basta pedir que, de algum modo, você acaba recebendo. Parece haver sempre um mecanismo político ou estatal nos sondando e perguntando, como o mestre de cerimônias (Joel Gray) naquela cena de rua do filme Cabaret: "Qual é o seu sonho?".
Não vale pedir tabalho - não tem engenho, truque ou sacagem nisso, então, não vale. Nem escola. Escola para quê? O que vale é a esperteza. Bancando o esperto você não chega ao título de PhD em nada, nem pode contribuir para o progresso da humanidade, mas, num desses golpes de sorte da vida, pode tornar o seu filho (que, é, digamos, a título de exemplo, funcionário da Prefeitura de São Paulo) milionário, garantindo assim a vida forra e inocente de seus descendentes...
Parece que no Brasil e na América Latina, a vocação para a irresponsabilidade (senão, loucura) e dependência é algo além do plano individual, se constituindo numa herança cultural e destino. Luta-se por uma boquinha do Estado, mas alguns indivíduos até aceitam a redução à condição de servidão, desde que não tenha que lutar por nada e vivesse numa espécie hedonista de "terra sem males".
Às vezes, Garcia Marquez parecem tão exíguo, em termos de imaginação ficcional - o que acontece agora na Venezuela (nas mãos de um Zé ruela - é impossível evitar o trocadilho), por exemplo, está muito além dele.
Falando nisso, ontem vi na Internet a foto de um estudante do tipo profissional e FILHO DE UMA PUTA, protestando e andando no Congresso Nacional, segurando uma placa em que chama uma deputada venezuelana Maria Corína - perseguida, espancada e cassada pelo regime tomtom-macuto venezuelano, de golpista. Fico pensando no futuro do pais e do mundo com tipos pusilanimes iguais àquele, pisando a terra,consumindo energia e espaço...
O que se pede atualmente nas ruas pelos protesteiros profissionais (que, cara acaba se especializando, como num toque da fada Sininho) não é mais a utopia, mas um ingresso para a "terra sem males" financiado pelo Estado - é uma espécie de loucura cheia de justificativas.
Mas, esta é a nossa realidade e o nosso tempo, e a não é só aqui, lembremos, que se pede além do razoável (embora sejamos inescedíveis, nisto).
De onde vem o futuro? Da "terra sem males", não é, que ela é a utopia realizada.
No momento, começo a ficar acossado outra coisa - um tanto de cansaço e as férias que vão se aproximando, quando terei tempo para viver minhas distopias simples e confortáveis - sentir-me contaminado pela alma de um bom selvagem e ir dar um bordejo na Ipanema do mato (meu rio Araguaia) e andar nas bordas encantadas do mar de Yvy Marã 'e~y, governado gentilmente por por Maíra - que espero, apareça e venha me perguntar ali: "qual é o seu sonho?".
Viajar, me divertir, amar, fornicar, beber (que acho o uso dos opiácios em geral coisa de ralé) e cantar, sem pensar em muito trabalho - que isso é vocação natural de um descendente de bons selvagens de muitos cantos do mundo, acantonados na imagem de um tipo puro e indolente - que a esta altura, se materializa em minha imaginação...
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Escrevi este artigo para me livrar de uma vez de certas coisas que ficam rondando pela mente, pois pretendo escrever, como na copa do mundo passada, uma série de crônicas chamadas "Crônicas da copa", falando sobre aspectos interessantes do evento.
Estou quase ouvindo Silvio Luiz, dizer a respeito da Copa de 2014: "Está Valendo!", para começar a escrever. Se leu e quiser voltar, até lá!