JÁ QUE É PARA LEMBRAR: EM 64 RECEBI CENSORES NO “ESTADÃO”.
Era jovem na idade e no jornalismo, quando ocorreu a Revolução/Golpe de 64. Cada um escreve do jeito que pensa e do que viveu naquela época.Lavo as mãos.Não sou salvador da Pátria! Nem mesmo ideólogo ou tendencioso.
Era um dos mais novos na empresa e sabia que o “estadão” já era o melhor jornal do País, concorrendo somente com o do Rio de Janeiro, hoje fechado,que era o “Jornal do Brasil”.Este já foi para o brejo,embora excelente.
O resto era o resto. O jornal “Ultima Hora” era do falecido Samuel Waigner,que era da esquerda e tinha o “rabo preso” com o governo de Getúlio e de Jango. Foi esse jornal quase empastelado, quando, certo dia, colocou uma “charge” de Pelé com o manto de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Irresponsabilidade sem limite.Vergonha. O jornal que dizia ser a voz do povo era também um escárnio. Era uma espécie de imprensa “marrom”,embora abrigasse intelectuais notáveis.
A Revolução/Golpe veio depois daquela famosa Marcha da Família com Deus e Liberdade. Há quem ache que isso era uma criação da CIA...e o golpe também...A história dirá. Dizer que esse movimento era só de conservador e de engravatados é um escárnio aos inocentes... o povo estava lá. Foi igual ao movimento de junho do ano passado. Dá para imaginar.
Não se agüentava nada mais de Jango tanta insegurança, greve, desmando e coisa e tal. Sindicalistas mandavam mais que Ministros naquela época... Paravam o País quando queriam. Aqui era a “casa da mãe Joana”...Inflação adoidada!
Dizer que Kennedy se preocupava com isso –até pode ser verdade. Não queria um País continental igual a Cuba... Esse filme ele já tinha visto. Estava Kennedy de saco cheio. O Brasil preocupava o governo norte-americano e outros também. Jango não era flor que se cheirasse, ainda que tivesse as melhores intenções... Estava mal acompanhado! Seu governo era pífio. A única beleza era sua mulher, mas ela era de Jango e ninguém tasca! Era honesta!
Sair para trabalhar era um risco. Não se sabia se voltava para casa,pois, de uma hora para outra, um sindicato das quantas resolvia fazer greve. Você voltava para casa a pé,quando não se tinha carro como hoje,adoidado,com 90 parcelas mensais de prestações.
Com a Revolução/Golpe os censores começaram a visitar jornais e rádios.
Ainda tinha um pé na GAZETA. Esta se entregou como prostituta aos censores.Faltou homem e comando na Fundação “Casper Líbero”.Deu no que deu... Aí não podia sair nomes de Jango, de Jânio e de muita gente marcada pelos militares.A casa fechou,um dia.
Entretando, ainda novo no “estadão”- como repórter – Natal Sartoretto,meu grande chefe da Reportagem saiu da sala da diretoria e me deu uma incumbência – quase impossível: receber censores que estavam no anfiteatro do jornal. Queriam falar com a diretoria...Não falaram!!!
A diretoria do “estadão” jamais recebe- até hoje- qualquer um.
Natal Sartoreto deu-me a responsabilidade de dispensar os homens da censura,no pós 64. A diretoria não se rebaixaria com a censura nunca!!!
Fui até eles.
Estavam todos os quatro sentados no sofá, luxuoso,com malas pretas.
Até hoje não entendi porquê censor tem que usar mala preta!!!
Gentilmente disse que a diretoria estava reunida, mas tinha a incumbência de lhes dizer que o “estadão” não precisava de censores,pois,o jornal era a favor da Revolução...Falei- Revolução...
Convenci-os. Suei frio,logo após!
Foram embora...sem nada dizer. Sem nada falar ou murmurar.
Só em 68, com o AI-5 – quando não estava mais na redação – o “bicho pegou”... O ESTADO DE S. PAULO colocava no noticiário receitas de bolos e outras recomendações da culinária nacional.A censura tomou conta mesmo!!Não tinha mais jeito!!
Paciência e inconformismo. Jornal não precisa de tutela. Mesmo a irresponsável “Última Hora”!
O poeta Camões também foi muito citado... encobrindo as noticias censuradas.
Nunca Camões foi tanto prestigiado e lido por aqui.
Sou mais Fernando Pessoa, sem dúvida,alguma!
Era um dos mais novos na empresa e sabia que o “estadão” já era o melhor jornal do País, concorrendo somente com o do Rio de Janeiro, hoje fechado,que era o “Jornal do Brasil”.Este já foi para o brejo,embora excelente.
O resto era o resto. O jornal “Ultima Hora” era do falecido Samuel Waigner,que era da esquerda e tinha o “rabo preso” com o governo de Getúlio e de Jango. Foi esse jornal quase empastelado, quando, certo dia, colocou uma “charge” de Pelé com o manto de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Irresponsabilidade sem limite.Vergonha. O jornal que dizia ser a voz do povo era também um escárnio. Era uma espécie de imprensa “marrom”,embora abrigasse intelectuais notáveis.
A Revolução/Golpe veio depois daquela famosa Marcha da Família com Deus e Liberdade. Há quem ache que isso era uma criação da CIA...e o golpe também...A história dirá. Dizer que esse movimento era só de conservador e de engravatados é um escárnio aos inocentes... o povo estava lá. Foi igual ao movimento de junho do ano passado. Dá para imaginar.
Não se agüentava nada mais de Jango tanta insegurança, greve, desmando e coisa e tal. Sindicalistas mandavam mais que Ministros naquela época... Paravam o País quando queriam. Aqui era a “casa da mãe Joana”...Inflação adoidada!
Dizer que Kennedy se preocupava com isso –até pode ser verdade. Não queria um País continental igual a Cuba... Esse filme ele já tinha visto. Estava Kennedy de saco cheio. O Brasil preocupava o governo norte-americano e outros também. Jango não era flor que se cheirasse, ainda que tivesse as melhores intenções... Estava mal acompanhado! Seu governo era pífio. A única beleza era sua mulher, mas ela era de Jango e ninguém tasca! Era honesta!
Sair para trabalhar era um risco. Não se sabia se voltava para casa,pois, de uma hora para outra, um sindicato das quantas resolvia fazer greve. Você voltava para casa a pé,quando não se tinha carro como hoje,adoidado,com 90 parcelas mensais de prestações.
Com a Revolução/Golpe os censores começaram a visitar jornais e rádios.
Ainda tinha um pé na GAZETA. Esta se entregou como prostituta aos censores.Faltou homem e comando na Fundação “Casper Líbero”.Deu no que deu... Aí não podia sair nomes de Jango, de Jânio e de muita gente marcada pelos militares.A casa fechou,um dia.
Entretando, ainda novo no “estadão”- como repórter – Natal Sartoretto,meu grande chefe da Reportagem saiu da sala da diretoria e me deu uma incumbência – quase impossível: receber censores que estavam no anfiteatro do jornal. Queriam falar com a diretoria...Não falaram!!!
A diretoria do “estadão” jamais recebe- até hoje- qualquer um.
Natal Sartoreto deu-me a responsabilidade de dispensar os homens da censura,no pós 64. A diretoria não se rebaixaria com a censura nunca!!!
Fui até eles.
Estavam todos os quatro sentados no sofá, luxuoso,com malas pretas.
Até hoje não entendi porquê censor tem que usar mala preta!!!
Gentilmente disse que a diretoria estava reunida, mas tinha a incumbência de lhes dizer que o “estadão” não precisava de censores,pois,o jornal era a favor da Revolução...Falei- Revolução...
Convenci-os. Suei frio,logo após!
Foram embora...sem nada dizer. Sem nada falar ou murmurar.
Só em 68, com o AI-5 – quando não estava mais na redação – o “bicho pegou”... O ESTADO DE S. PAULO colocava no noticiário receitas de bolos e outras recomendações da culinária nacional.A censura tomou conta mesmo!!Não tinha mais jeito!!
Paciência e inconformismo. Jornal não precisa de tutela. Mesmo a irresponsável “Última Hora”!
O poeta Camões também foi muito citado... encobrindo as noticias censuradas.
Nunca Camões foi tanto prestigiado e lido por aqui.
Sou mais Fernando Pessoa, sem dúvida,alguma!