Para comemorar os 50 anos do Golpe Militar que derrubou o ex-presidente João Goulart estão programadas uma série de passeatas com o objetivo de reviver a “Marcha da Família com Deus”, a qual foi o estopim para a tomada do poder pelos militares. Os organizadores do movimento querem, como em 64, que as forças armadas derrubem o atual governo e instaure uma ditadura militar. A alegação desses saudosistas é, de um lado, a de que a presidenta Dilma pretende, após as eleições, instaurar uma ditadura Comunista no Brasil e, de outro, que a corrupção está generalizada e só um governo militar pode findá-la. Há ainda uma outra parte desse movimento -- conservador e de orientação religiosa -- que prega o retorno dos preceitos morais e do bom costume. É inegável que se trata de um movimento promovido por saudosistas e dir-se-ia lunáticos, cuja visão da realidade é distorcida e deficiente. Qualquer pessoa em sã consciência não levaria essas pessoas a sério, mas num país onde a democracia e liberdade de expressão permite que qualquer um possa expressar suas ideias -- embora os integrantes desse movimento querem, por incrível que pareça, o fim dessa liberdade, liberdade essa que permite possam exercer seu direito de se manifestar, ou seja: querem cuspir no prato que comem -- esse tipo de coisa acontece. Quanto aos argumentos dessa gente, não têm fundamento. É de um desvario sem tamanho acreditar que Dilma ou qualquer outro postulante ao Palácio do Planalto queria instalar um governo comunista no Brasil. Já está mais do que provado que o comunismo é um sistema político utópico e se praticado insustentável, o qual só trás atraso econômico e autoritarismo, não por culpa do sistema, mas por causa do ser humano cujas razões não vêm ao caso. Quanto à corrupção, é preciso reconhecer que esta se encontra em todas as esferas da administração pública; entretanto, o problema não é esse ou aquele governo e sim do sistema. Hoje, tem-se uma maior percepção de que a corrupção aumentou vertiginosamente por dois motivos: o primeiro é que de fato ela pode ter aumentado; e o segundo -- o mais importante -- é fruto da liberdade, uma vez que a imprensa tem toda a liberdade de investigar e denunciar qualquer mal feito, diferentemente do que ocorreu durante o Regime Militar, onde os órgãos de repressão não só inibia a qualquer tentativa de investigação como agia com brutalidade para que as denúncias não viessem à tona. A história está repleta de exemplos que mostram que os regimes ditatoriais são bem mais corruptos que os democráticos. E por fim, há o argumento de que é preciso resgatar a moral e os bons costumes. Não há duvida de que se tratam de pessoas extremamente conservadoras e preconceituosas que se sentem desconfortáveis diante do homossexualismo e das liberdades individuais presentes nos dias atuais e veem isso como uma degeneração humana. Gostemos ou não, a humanidade vive uma nova realidade, talvez um período de transição e por isso essa sensação de impotência e aceitação de uma nova realidade, e não vai ser uma tentativa de volta ao passado que resolverá o problema; até porque o passado não volta.
BLOG DO AUTOR: http://edmarguedes.blogpot.com
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