Um Breve Ensaio Sobre a Atuação Partidária no Brasil

Hodiernamente se falar em política entre os mais jovens é passar por careta; é, como se diz a moda mais atual, ‘um ponto fora da curva’. Fala-se muito em futebol, em Copa do Mundo, em BBB, até em novelas e funk. Essa recusa em enfrentar os problemas da 'res pública' denuncia a gravidade dos males pelos quais passam a saúde da educação de ordem filosófica, sociológica e política dos cidadãos que arcarão com o peso do Estado, e deixa abertos os corredores públicos para intransigências e abusos na administração pública.

Como relata o tema proposto tem havido uma parcialidade por parte dos principais partidos políticos no Brasil desde a Carta Maior de 1988. Não podemos furta a isso a importância que o caso merece. Partidos político, no nosso país, é item obrigatório e essencial; por aqui, eles são o oxigênio da democracia, sem os quais a liberdade, tão duramente conquistada, perecerá.

O inciso V do parágrafo 3º do art. 14 da CF de 88 nos trás a obrigatoriedade da filiação partidária como uma condição de elegibilidade. Ora, devemos nos decidir: ou lutemos para retirar essa obrigação ou então, devemos entendê-la e gerenciá-la. Pois, como se vê, de acordo coma norma, não se chega a cargo político eletivo sem passar pelo crivo dos partidos. A princípio já possível adiantar que a regra é perigosa: a gerência do Estado passa por uma organização associativa privada, que traz consigo todos os vícios, valores e ameaças do mundo particular.

Assim sendo, quando se tem a informação de que os três partidos políticos mais importantes da nação têm acompanhado 80% das propostas do Planalto a reação mais natural é a de, no mínimo, ‘ficar com as orelhas bem de pé’. Isso porque ninguém toma um posicionamento sem razões. E, neste caso, as razões podem estar baseadas em valores e motivações muitas vezes inconfessáveis e obscuras.

Naturalmente, um partido adquire uma identidade porque seu conjunto de princípios, valores e objetivos se distanciam dos demais. Afinal, identidade sempre, sempre e sempre se forma de adversidades e oposições. Por que, então, está havendo essa convergência, se os ideais das siglas são opostos ou divergentes? E mais, quais são os motivos que levam as siglas a se oporem e se acusarem mutuamente em tempos de eleição, e depois se torna aliadas? Seria muita inocência ver isso e muito mais como mera coincidência do acaso.

E não se necessita ser cientista político para identificar as razões dos posicionamentos partidários. Para tanto basta que entendamos a moral (ou melhor: a anti-moral) da política que se tem feito aqui no Brasil. A sabedoria popular nos dá um rumo inequívoco: ‘quem puxa saco não puxa carroça’, ou ‘tem que encostar-se a árvore que dá sombra’. É isso leitor. E não me acuses tu de que me baixei por demais; que tal argumento não tem base científica e faz parte das ideias comuns.

Com efeito, tais ideias emolduram o corolário dos pensamentos do povo. Mas é básico assim mesmo: o governo tem a máquina estatal na sua mão e ele a usa de acordo com suas conveniências; noutros termos ele se comunica no dialeto do povo; opor-se a ele é atirar pela culatra, principalmente numa sociedade tão mal formada e informada politicamente. Verdade para o povo sai da boca de William Bonner, Patrícia Poeta e Evaristo Costa; e, o que temos de mais nobre de ética e moral advém das novelas 'das 9'. Afinal, de acordo com as fontes do próprio IBGE tão somente 8% da população brasileira, aproximadamente, possui formação superior. Formações estas deficientes ou em áreas que nada diz respeito a política.

Diante tudo o exposto, e a guisa de conclusão, infere que as relações de poder comuns à Idade Média, com os senhores feudais e a aristocracia política; que as relações de poder ocorridas no Brasil Colônia e mais tarde no Império no que tange aos coronéis bem como as oligarquias rurais e ainda os burgueses e o poder político, com o famoso “voto de cabresto”; e por fim, as relações que por ora se desenrolam entre os grandes industriais e proprietários de terras e o poder governamental não mudou absolutamente nada. Continua uma relação covarde, clientelista, antiética, poderosa e massacrante, de ostensiva promiscuidade entre poderes de deveriam ser independentes, incluindo aqui o Judiciário, que tem sido conivente. É, em suma, um eterno 'toma-lá-dá-cá' que tem levado o Gigante à beira do estado de coma.

Dpaula Samuel
Enviado por Dpaula Samuel em 23/03/2014
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