Uma introdução ao Totalitarismo - Parte I
Esse artigo se propõe a fazer uma breve introdução da obra: Origens do Totalitarismo de Hannah Arendt. O livro é dividido em três partes: Antissemitismo, Imperialismo e Totalitarismo. Serão abordados alguns tópicos relevantes sobre o termo totalitarismo em especial suas principais singularidades, presente na terceira parte e nos seus respectivos capítulos e subcapítulos.
Pode-se destacar que o século XX passou por profundas transformações políticas e sociais. Surge nesse contexto, os movimentos totalitários e o aniquilamento sistemático de milhares de judeus e outros povos. Em grande medida, o pensamento de Hannah Arendt está vinculado com sua experiência direta em relação as atrocidades do nazismo na Europa.
Para buscar compreender esse fato inaudito sem precedentes na história mundial, Hannah Arendt escreveu em 1949 uma extensa obra: As origens do Totalitarismo, que conforme a própria autora em seu prefácio (1966) foi concluída quatro anos após a derrota de Hitler e 4 anos antes da morte de Stalin. De suas várias contribuições ao pensamento político ocidental, a análise do fenômeno totalitário se encontra entre as principais da autora. Hannah Arendt nasceu na cidade de Hannover na Alemanha no ano de 1906. Estudou nas Universidades de Marbug e Freiburg e obteve seu doutorado de filosofia na Universidade de Heidelberg sob a orientação de Karl Jaspers. Em 1933 mudou-se para Paris e com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, exilou-se nos Estados Unidos. Nos EUA foi professora de diversas instituições, entre elas: New School for Social Research de Nova York. Também foi articulista de jornais como New York Times. Escreveu importantes obras como: A condição humana, Entre o Passado e o Futuro, Homens em tempos Sombrios, Da Violência, Eichmann em Jerusalém e Responsabilidade e julgamento. Arendt faleceu em 1975.
É importante notar que anteriormente as reflexões de Hannah Arendt sobre o fenômeno do totalitarismo, na Itália já se falava em Estado totalitário por volta da metade da década de 20. A expressão está presente na palavra “Fascismo” da Enciclopédia Italiana (1932), seja na parte escrita por Gentile, ou na parte redigida por Mussolini, onde o mesmo afirma a novidade histórica de um partido que governa totalitariamente uma nação. Na Alemanha nazista, o termo teve pouca repercussão, preferindo-se utilizar a expressão Estado autoritário. Após o período da Segunda Guerra Mundial, o termo se tornou mais abrangente e passou a ser utilizado para designar todas as formas de ditaduras monopartidárias. Com o tempo, passaram a ser formuladas teorias mais aprofundada sobre o assunto através de pensadores como Carl J. Friedrich e Zbigniew (1956) e como já citado pela própria Hannah Arendt (1949 [2009]).