A Culpa é do Outro
O povo, os poderes legislativo e judiciário, cada um pondo a culpa no outro pelo desmando dos políticos. Como faço parte do povo, que é a maioria, acho que a culpa é de nós mesmos. Bem que poderíamos dar o troco este ano, que é mais um ano de eleições. A mídia já começa a mostrar os prováveis candidatos ao legislativo e ao executivo. Entre eles, alguns atolados até o pescoço em escândalos de corrupção. Poderiam estar enquadrados como “fichas-sujas”, mas, juridicamente, são elegíveis.
Então seria a vez do eleitor cassá-los nas urnas. Entretanto, ficam jogando a culpa no legislativo pela brandura da lei, no que diz respeito a eles próprios, os políticos, e no judiciário, por não aplicá-la com mais rigor. Eis aí o jogo do empurra-empurra. Mas, a causa inicial está na escolha daqueles que vão nos representar, seja no legislativo ou no executivo, para o que dependem do nosso voto. Então, por que não fazermos uma faxina, descartando da política aqueles que nos envergonham?
Aí a coisa complica. A cultura do nosso eleitor ainda é de submissão aos que mandam na política. A eles batem continência, mesmo sabendo que estão “mais sujos do que poleiro de galinha.” E aí é outra história. Há aqueles que se perpetuaram no poder, obtendo determinadas forças, facilmente dominando a parte fraca, o eleitor. Não falta por aí afora o chamado “voto de cabresto”. Difícil combatê-lo, não é?
Só com muita educação. E está aí o ponto fraco. É exatamente nessa área onde mais se desviam recursos, indo até a merenda escolar, em que alguns prefeitos metem a mão. E ainda dizem que “é mais fácil do que tomar charuto de bêbado”. E o povo, com a sua conivência, ainda os reelege. Concretiza-se assim, a sabedoria grega: “Cada povo tem o governo que merece”.