Outras Verdades
Quando soa a vinheta que precede a apresentação do Arnaldo Jabor na CBN, preparo-me para escutar o que não queria ouvir. Sinto-me impelido a desligar o rádio do carro, mas por qualquer laivo de masoquismo não o faço. Ou então, não o faço para ter a confirmação de que o que vou ouvir não irá me agradar. Ou ainda, sucedendo o contrário, para o exercício do que cultivo de imparcialidade.
E foi o que aconteceu hoje de manhã com a abordagem que fez o articulista sobre a Comissão da Verdade.
Jabor explorou a questão da investigação das mortes dos ex-presidentes Juscelino Kubistchek e João Goulart. Que teriam sido assassinados por ordem dos líderes e defensores da ditadura militar implantada no Brasil a partir de 1964.
Segundo a Comissão da Verdade, a tese de assassinato em relação a JK estaria confirmada. Esperando-se que a mesma conclusão se verifique no caso de Jango, cujo corpo foi recentemente exumado, a pedido da família, para esse fim.
Recai também sobre o ex-governador Carlos Lacerda, falecido em abril de 1977, a suspeição de ter sido assassinado a mando da ditadura. Pois, ele Jango e JK constituiriam a chamada Frente Ampla, ação destinada ao oferecimento de mobilizações contrárias ao regime militar. Devendo ser lembrado que Jango e JK morreram em 1976. Portanto, os três líderes da Frente Ampla muito próximos.
Jabor não se opõe a nada disso. Isto é, considera justificável e pertinente o trabalho da Comissão da Verdade. Acha apenas que o Governo Dilma exorbitou um pouco na importância dada à exumação de Jango. Que foi sepultado novamente com honras de Chefe de Estado. O que particularmente achamos merecido.
Insinua Jabor que essa importância pode ser decorrente da comparação que faz o atual governo brasileiro com os exercidos há cerca de 40 anos, quando se deu as mortes dos dois ex-presidentes, sem que se leve em conta a distinção entre as épocas.
Questiona, contudo, o fato de não merecer a mesma importância, ou investigações profundas, a execução de Celso Daniel, há apenas oito anos, ex-prefeito de Santo André, do próprio PT. Lembrando que foram mortas em série oito pessoas que poderiam testemunhar no julgamento dos suspeitos.
Recorda ainda o caso do Toninho (também) do PT, ex-prefeito de Campinas, também assassinado em circunstâncias estranhas, tendo sido mortos quatro suspeitos nas buscas/investigações realizadas pela polícia.
Casos que estão até hoje, ao que parece, sem explicação ou fundamentada conclusão. No que está o comentarista coberto de razões. Agora merecendo, portanto, os nossos maiores aplausos.
Rio, 11/12/2013