UM NOVO CONCEITO DE NAÇÕES UNIDAS

A Organização das Nações Unidas que nós conhecemos e cuja sigla – ONU – faz parte do cotidiano dos noticiários internacionais de quase todos da nossa geração, mostra-se totalmente defasada, com uma estrutura que parece não atender minimamente ao que dela se espera. E parece-me, em humilde ponto de vista, que esse contexto é mais do que justificável.

O mundo mudou drasticamente depois do fim da Segunda Guerra Mundial. O mapa político do planeta passou a ter outras influências que durante algumas décadas provocaram aquilo que a história denominou de “Guerra Fria” , com duas potências ideologicamente antagônicas, literalmente repartindo o resto do globo em suas posses e domínios.

Quando a supremacia norte-americana se consolidou, sobretudo após os movimentos de revolta no leste Europeu e a onda pedindo liberdades e democracia que começaram com o Sindicato Solidariedade na Polônia e depois romperam fronteiras, culminando com a reunificação da Alemanha e a profunda reforma nas Repúblicas da então União Soviética.

Paralelamente a essa derrocada do chamado “mundo vermelho” – naufrágio do projeto comunista – o chamado Mercado Comum Europeu evoluiu a passos rápidos para o que nós hoje conhecemos como União Européia. O velho mundo contrariando o pensamento de todos os pessimistas de plantão e mercê de idiomas diferentes, culturas e histórias aparentemente inconciliáveis e economias eqüidistantes, ainda assim se consolidou, logrando entre outros desafios, estabelecer moeda única, liberdade de circulação e até mesmo legislações comuns.

Não foi pouca coisa, convenhamos !

E para encerrar essa breve resenha , poderíamos ainda falar do fenômeno China que não fez nem uma coisa e nem outra – talvez ambas e quiçá nenhuma – pois conservou um regime de força ainda inspirado no velho comunismo, mas abriu sua economia , gestando um estado híbrido, uma espécie de sociedade que muitos ainda custam a entender . Mas um estado que assustadoramente ameaça assumir a liderança mundial da economia.

Pois é nesse cenário de tão profundas mudanças que ainda vemos a participação de um mesmo modelo de ONU concebido no pós-guerra , ainda na metade do século XX, e muito pouco ou quase nada se tem lido em termos de uma nova proposta de Organização Mundial que seja capaz de intervir com mais independência e , sobretudo, maior eficiência nas novas modalidades de conflitos reclamados pelo Século XXI, onde inserem-se, inclusive, questões novas como o Meio Ambiente, a explosão populacional , o controle da informação e outras demandas tecnológicas que compõe o cenário de uma humanidade totalmente redesenhada em comparação à mesma humanidade que gestou a ONU depois da Segunda grande guerra.

Imagino que a criação de uma Cidade-Estado , que o assentamento de uma pequena nação com a ONU assumindo a condição de gestora de recursos aportados por todas as demais Nações, com seu próprio contingente militar, com toda uma infraestrutura capaz de intervir e de se impor soberanamente poderia representar a inserção de uma nova protagonista no cenário político mundial. E escolho o vocábulo protagonismo, porque exatamente isso é o que a ONU não tem sido, isto é , ela tem aparecido como coadjuvante na enorme maioria dos conflitos modernos. Tão coadjuvante, aliás, que em diversas circunstâncias tem saído desacreditada . Penso que com este modesto artigo, possa convidar muitos dos que aceitarem a leitura inaugurar um produtivo debate sobre o tema .