Privatização ou Concessão? Chega, vamos também falar de Revolução
Nos últimos meses acirrou um debate vindo de uma parcela da Direita brasileira, a igualação de que o Governo Dilma está propondo para o desenvolvimento econômico no país as mesmas diretrizes do que o governo Fernando Henrique Cardoso, no âmbito da infraestrutura.
Em suma, de que a nossa política econômica e nossa proposta de modernizar a maquina pública estavam caminhando com os mesmos princípios. Para a Direita, a era das privatizações do FHC não tem diferença objetiva da nossa atual política econômica referente a concepções do patrimônio público estatal.
Como comparativo, o leilão da Vale girou em torno de 3,34 bilhões, a concessão dos aeroportos girou em torno de 23 bilhões. A principal diferença está inicialmente de que o patrimônio continua público e de que este dinheiro será para alavancar a infraestrutura do país. As concessões ajudariam o governo na perspectiva de que o empresariado se responsabilizaria de melhorar no caso os aeroportos, bem como, também uma parcela dos ganhos voltariam ao governo brasileiro.
É obvio, e ninguém discute que alugar é melhor do que vender. Porem trago a ousadia de uma terceira discussão, saindo da lógica de que privatização e pior do que concessão. Quando vamos debater a revolução?
Não tenho a ilusão do socialismo utópico, de que vou acordar num pós Brasil / URSS, porem acordo todos os dias num paradoxo de um governo que atende ainda muito mais o Agronegócio (haja visto o ministro da agricultura) do que atende os anseios da reforma agrária. De que reforma tributária e fiscal estão longe da taxação das grandes fortunas e da possibilidade de pensar imposto sobre riqueza e não sobre produto. No Brasil, ricos e pobres pagam o mesmo imposto pelo litro de leite, mas as grandes empresas pagam uma conta de luz infinitamente mais barata e tem acesso a crédito de forma mais ágil e com juros menores.
As relações políticas e econômicas hoje atendem muito mais as bancadas ruralistas, do empresariado, da educação privada e religiosa do que os interesses sindicais e populares. Não estou negando os avanços das políticas sociais, porem nos cabe sempre relembrar as dimensões de partido, governo e movimento social, como também se lembrar do que nos faz partido político e de que princípios nós, Partido dos Trabalhadores defendemos. Aonde queremos chegar e porque governar, com quem e para quem governar.
Na administração do capital, em meio à discussão de que concessão é bem melhor do que privatização, apenas sugiro outro discurso, quando vamos debater a Revolução?
Leonardo Koury – Escritor, Assistente Social, Educador e Militante dos Movimentos Sociais