Kalúnia 51 - Um jornal de boatos confirmados - Imprensa nãocumpre seu papel

O Papel da Imprensa na Política

Zulcy Borges, jornalista.

“Uns comem outros são comidos. A política é a arte de comer.” Romain Rolland

É sonho impossível acreditar que o Congresso brasileiro realizará por si próprio, algum dia, uma reforma política que permita o surgimento de políticos e partidos autenticamente populares e voltados às necessidades reais do país. Tal proposta deve partir da sociedade enquanto um todo – o que significa ela acontecer junto com suas associações de classe. E da Imprensa. Para que chegue às ruas e force o voto.

Uma sociedade moderna e diversificada como a brasileira, ainda que continue primitiva aquém dos seus maiores centros urbanos, não comporta o dualismo político situação/oposição, de resto um dos maiores e tantos outros fracassos da última – espera-se - ditadura militar. Ainda assim, os principais jornais e analistas políticos do país permanecem defendendo a clonagem do sistema político norte-americano.

Os 5 dedos de Golbery

“Sistemas bipartidários não são possíveis em países industrializados, ainda que apenas por causada divisão das modernas camadas econômicas em burguesia e proletariado e por causa do socialismo como um evangelho de massas (social)”, disse Max Weber, em Parlamentarismo e Governo na Alemanha Reconstruída, reunião de artigos publicada primeiro no jornal Frankfurter Zeitung.

Para voltarmos ao Brasil, nos idos dos anos 70, Governo Geisel: a eminência parda, ou melhor verde, do regime militar e chefe do Gabinete da Presidência, general Golbery do Couto e Silva, em conversa com o deputado federal, Ulysses Guimarães, então líder do MDB - relatada pelo último ao jornalista Luís Gutemberg no livro, “ Moisés, codinome Ulysses Guimarães “, disse que o Brasil teria com a abertura 5 partidos: dois de centro, dois de esquerda e direita; e um último para isolar os radicais que viria ser o PT. Golbery demonstrou daquela vez ser um péssimo estrategista mas estava certo ao ponderar um regime capaz de enfronhar todas correntes ideológicas nacionais.

Weber again: “O melhor indicador de maturidade política está na maneira pela qual os trâmites das comissões (do Legislativo) são acompanhados pela imprensa britânica e seus leitores”. Comentou o sociólogo também, no Frankfurter Zeitung, a propósito da decadente política no seu país pré-nazista. Cabe acrescentar que o regime político inglês, assim como hoje a imprensa britânica, continuam sendo os melhores exemplos de seu gênero.