PARTIDOS, PARTIDOS, PARTIDOS

Como se já não bastasse a profusão de siglas partidárias no país, leio hoje na imprensa sobre a aprovação pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) do Pros (Partido Republicano da Ordem Social) e do Solidariedade (cópia descarada que o deputado Paulinho da Força fez do movimento, depois partido polonês, liderado por Lech Walesa), de dois novos partidos.

Parece que um, Pros, de inclinação governista e outro, Solidariedade, oposicionista. Respectivamente terão direito a R$ 14 e R$ 22 milhões do fundo Partidário. Note-se que não existe preocupação com ideologia, seriedade programática, essas coisas, mas apenas a busca por espaço no espectro político/partidário que irá redundar no oferecimento de tempo de TV por ocasião da propaganda eleitoral gratuita, moeda de troca que soa como o graal a ser buscado.

As novas legendas criaram um mercado, essa me parece a expressão mais correta, que irá movimentar a troca de partidos, estimulada pelos mais diversos motivos, principalmente de deputados que pertencem ao chamado “baixo clero” da Câmara, isto é, parlamentares que não são estrelas no Congresso, mas que contam muito nessas horas de negociações.

Tais deputados aceitam filiar-se em troca de comandar os partidos em seus Estados (suas bases eleitorais) e pela expectativa de um generoso rateio do dinheiro vindo do Fundo Partidário. Há um deputado mineiro, cortejado pelo Pros e que obteve 72,9 mil votos, com um curioso cálculo de R$ 3,75/voto, o que lhe permitirá controlar R$ 273,3 mil de recursos. Parece que a oferta feita a tais parlamentares vai de R$ 3,00 a R$ 3,80/voto.

Por aí se vê que vai longe ainda a expectativa de que tenhamos uma melhora na representação parlamentar e o porquê da fuga insana da discussão do fim do voto obrigatório e de uma reforma política de verdade.

Enquanto o pilar do sistema partidário girar em torno da discussão do famigerado tempo de TV, gerando alianças espúrias do ponto de vista “programático”, “construção” de maiorias para votação de temas gratos ao governo da vez, emendas parlamentares ao Orçamento e etc., haverá sempre espaço e mercado para tais negociações e para a criação de partidos, partidos, partidos...

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 27/09/2013
Reeditado em 27/09/2013
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