Tudo junto e misturado na política atual; Oportunismo acima do bem e do mal

Tem sido a tônica do momento na política atual, caciques como o ex-prefeito de, SP, Gilberto Kassab, quando da construção do seu atual partido, PSD, da ex-petisa e "pevista", Marina Silva quando da construção em andamento da Rede Sustentabilidade assim como da posição da maioria dos coletivos surgidos das redes que incendiaram o país em Junho e Julho, se posicionarem fora da dicotomia, Esquerda e Direita. As recentes manifestações que sacudiram a tão desértica Democracia Brasileira, dizem muitos, desconstruíram a política nacional.

Se voltarmos ao túnel temporal veremos que tanto a esquerda como a direita se constituíram no mundo todo, como as duas receitas que iriam salvar a humanidade do abismo monárquico atrasado que esta esteve imersa até a Idade Moderna. Foi assim com todas as nações, que abdicaram de suas tradições culturais e suas diferenças abissais entregando-se aos, Estados Nações comunistas, e ao capitalismo de Estado das Potencias do norte europeu. A exceção foram os Estados Teocráticos do, Oriente Médio e da, Ásia profunda.

Se as duas formas de enxergar a vida no espectro político deram certo ou não, depende do ponto de vista de quem pesquisa e reflete a história, não com o olhar da mídia e sim de quem se aprofunda realmente nas transformações que esta traz para a vida de quem consegue traduzir com sensibilidade seus acontecimentos. Depois da queda do muro de Berlim, intelectuais como, Fukuyama e sua tese sobre o fim da história (uma forma de representar e expressar a desilusão e o vazio intelectual, com a perda de significação tanto de uma como de outra posição política) ganharam fôrça no mundo intelectual. Os fatos até então davam combustível para tal verificação tendo em vista os massacres civilizacionais cometidos em nome do estado vermelho assim como a pilhagem das nações mantidas em defesa do capitalismo de estado escudado pela, Democracia Liberal.

Porem é fato também que tanto o comunismo como o capitalismo e suas ramificações de centro, surgiram todos, no “sistema capitalista”, aonde o sistema político é subjugado pelo sistema econômico. Como dizia, Milton Friedman. “O poder econômico deve ser um contraponto ao político” E aonde o Estado Moderno não é senão um cabide de negócios para a sociedade burguesa. Marx no Manifesto Comunista. Vejam, tanto um liberal como um comunista concordavam que a Democracia é apenas um protetorado para os senhores dos grandes meios de produção. Famílias comandando corporações privadas que regem as decisões políticas (públicas) ao seu bel prazer, acima da vontade das nações e culturas.

As relações promíscuas entre , Estado Nacional e Mercado Global sempre existiram, refletindo-se na economia, ciência, filosofia e acima de tudo nas eleições com a lógica do mercado financeiro construindo o “mercado eleitoral”. Aonde políticos são produtos a serem consumidos por clientes (eleitorado), a estrutura política portanto se dá no voto que na verdade seria como uma relação de equilíbrio entre custo e beneficio, própria do mercado, do capitalismo.

Tudo isto para dizer que este sistema esta mais forte do que nunca e desenvolve-se a pleno vapor. As disfunções que são atribuídas à Democracia como o caso dos, mensaleiros e os favorecimentos de agentes privados em autarquias estatais e vice-versa, na verdade é a própria razão Democrática, criada pelo capital, para assim dar-lhe viabilidade e discrição em suas ações. Se partidos de esquerda e direita perderam seus programas partidários, foi porque suas razões de existirem mudaram e evoluíram com o capitalismo. Nada fora do lugar.

Eu como simpatizante da esquerda, faço minha “meaculpa” e cito Marx novamente que dizia, quando da construção da , Comuna de Paris que o antagonismo entre a burguesia e o proletariado, colocava em xeque o próprio desenvolvimento da historia humana. E que ou a classe operaria fazia se valer de suas organizações legitimamente constituídas para derrubar o Estado Burguês ancorado nesta “Democracia Liberal”, ou este a engoliria e se tornaria o senhor do mundo moderno. E isto realmente aconteceu, Trotsky falava que a “crise da humanidade era a crise da direção revolucionaria do proletariado”. Pois é, nós militantes de esquerda ou simpatizante nos fechamos em nossos edifícios subculturais e nos distanciamos por covardia do povo. O sistema do capital evoluiu e se constituiu, assim como suas relações de poder, legais e ilegais. Levando consigo partidos e ideologias programáticas tendo em vista que o capitalismo quer se configurar como fôrça hegemônica do pensamento.

Ser militante de esquerda ou de direita pode ser uma opção dual. Simplista? Não sei dizer, depende do aprofundamento filosófico de cada um assim como de sua atitude frente à desumana realidade que se apresenta para a maioria do povo, deste país. A realidade é que a existência de partidos políticos configurou-se, em condição necessária e providencial, para que a sociedade pudesse dispor de ferramentas, para esta, se organizar e disputar dentro do espaço de luta política (Democracia) o direito a esta se constituir como massa soberana e definitivamente, tomar as rédeas do seu próprio destino.

Se existir alguma forma organizacional ou programa revolucionário fora das já citadas visões políticas, isto a história e sua dinâmica de luta de classes vão mostrar. Agora esta teoria do junto e misturado, nem esquerda e nem direita, nem situação e nem oposição, todos unidos pelo futuro da nação, parece-me oportunismo eleitoral. Cassab, Marina e a posição destes coletivos e movimentos “apolíticos”, têm menos de paixão e mais de pragmatismo. Utilizam-se do que, Bertold Brecht , chamou de “tempos de confusão sangrenta”, para cooptar segmentos da sociedade, historicamente abandonados, ora Pelo intelectualismo da esquerda, ora pelo servilismo imposto pela direita. Esvaziado por dentro, de cultura política e consciência social, o povo acaba virando “fantoche a ser manobrado neste teatro de marionetes que é a política”.

Mas como no sistema, a confusão é uma estratégia para destruir o foco e a concentração das massas, a falta de significado ideológico que marca estes tempos pós-modernos pode ser usado por setores que pretendem formar novas estruturas de escravidão e poder. Nenhuma teoria econômica ou política até hoje acabou com a servidão de “um pelo outro”. Acho que estes novos setores da política nacional dão nova injeção de ânimo para a retroalimentação do capital. Nada fora do normal, para eles o tudo junto e misturado é igual à oportunismo acima do bem e do mal. Afinal, o capitalismo até hoje não tem transformado suas maiores contradições e babáries, ludicamente, em algo bom, a seu favor ?

amanhecer poetico
Enviado por amanhecer poetico em 19/09/2013
Reeditado em 22/09/2013
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