A CRÍTICA DA RAZÃO HISTÉRICA

Em dezembro de 2012 o Professor Olavo de Carvalho escreveu um magistral artigo no Diário do Comércio intitulado “Os histéricos no Poder”. Proponho aqui fazer a continuidade do tema abordando o conceito de razão e o conceito de histeria.

Dentre as inúmeras maneiras de se definir aquilo que venha a ser a razão, vamos aqui aceitar aquela que diz que a “razão é a capacidade de julgar”..é aquilo que nos torna propriamente humanos já que nos dota da habilidade de distinguir entre um dado fenômeno, o conceito de causa e a ideia de efeito. Desnecessário seria ressaltar que todo ser humano é dotado igualmente dessa capacidade e que jamais deve a mesma confundir-se com a idéia de inteligencia ou cultura. -

Por histeria – do grego hystera (útero) e do francês hystérie – entende-se uma neurose complexa caracterizada por instabilidade emocional e cujo nome remete à idéia inicial de Hipócrates de que a causa da doença estivesse relacionada, nas mulheres, ao movimento anormal de sangue do útero para o cérebro. Mais tarde, Sigmund Freud, estabeleceu que essa neurose era causada por lembranças reprimidas de grande intensidade emocional. Na monumental biografia de Adolph Hitler escrita por Joachim Fest em 1973, pode-se inferir que vários dos fatos relacionados à sua infância tenham contribuído para mais tarde ajudar a formar sua famosa personalidade histérica tão evidente nos discursos que fazia.

Talvez o que haja de mais complexo no vínculo que deva ser feito entre o diagnóstico de histeria e os governos totalitários do século XX refira-se ao papel da propaganda. O histérico, sob certo aspecto, “vende” o seu pensamento. Como mostrou o Professor Olavo de Carvalho, ele o faz através de um discurso onde a própria ordem de causa e efeito, inerente ao processo racional, é substituída por um processo de identificação patológica com o grupo em que o discurso é apresentado.

O exemplo mais recente desse fenômeno nos foi apresentado por Marilena Chauí quando, aos berros, perante uma plateia em êxtase e em plena crise histérica, afirmou que “a classe média é uma aberração política porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta e é uma abominação cognitiva porque é ignorante”. Notem que, vítima do próprio discurso, nem a própria professora nem a plateia conseguem perceber que são – eles mesmos – representantes da classe média de São Paulo. Aqueles que tem condição de perceber esse fato, reúnem-se dentro um grupo de “exclusão na própria classe média” - fato que lhes dá o direito de, histericamente, atacar todos os demais.

Não há dúvida que, do ponto de vista psiquiátrico, a grande maioria dos tiranos da história da humanidade inclui-se num grupo distinto dos histéricos. Sabe-se que o diagnóstico de personalidade antissocial tem outras características muito bem definidas do ponto de vista de critérios. O que me parece inegável, é que todo tirano..todo representante máximo de um regime totalitário precisou ele mesmo (ou ajudado por outros) apresentar à multidão um discurso histérico capaz de levá-la a uma espécie de transe...Transe esse que é não só coletivo, como tantas vezes já se disse, como também cognitivo! Os membros da multidão abdicam daquilo que os define como humanos...dessa capacidade individual e incapaz de ser compartilhada que é o ato de julgar ..para entregarem-se de corações e mentes nas mãos do líder.

Imaginem vocês qual seria a reação de Marilena Chauí se eu dissesse que o Partido dos Trabalhadores é uma abominação política porque é comunista, uma abominação ética porque é corrupto e uma abominação cognitiva porque reuniu em seus quadros a ralé de um meio Universitário que abdicou da capacidade de pensar por si mesmo. Nada além de gritos e ofensas seria dirigido a minha pessoa! Acredito que do ponto de vista filosófico a característica maior da histeria dos sistemas totalitários seja justamente a incapacidade de colocar seu próprio discurso dentro da História. Os líderes histéricos, como são os do PT no Brasil, não acreditam que exista história antes da sua chegada ao poder e são capazes de construir com isso um novo discurso..um discurso histérico e fora do tempo que necessita urgentemente de uma nova e poderosa crítica – A Crítica da Razão Histérica.

PORTO ALEGRE – 15 DE SETEMBRO DE 2013

cardiopires
Enviado por cardiopires em 15/09/2013
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