CARTEL DO METRÔ: O BURACO É MAIS PROFUNDO
O escândalo de cartel envolvendo as obras do metrô em São Paulo e Brasília na gestão do PSDB deixa bem claro que a corrupção é o mais grave problema brasileiro e não tem a menor relação com este ou aquele partido político. A maioria daqueles que não simpatizam com o PT o acusam de ser um partido corrupto; por outro lado, os simpatizantes do Partido dos Trabalhadores fazem o mesmo com relação aos partidos de oposição, principalmente ao PSDB, como se uns ou outros fossem de fato os culpados por todos os desvios de dinheiro que minam a economia e o desenvolvimento social do país. Claro que os partidos políticos, sejam eles quais forem, são de certa forma co-responsáveis, uma vez não impediram que tais crimes fossem cometidos. No entanto, o fato de a corrupção independer do partido político que esteja no poder mostra que o problema é muito mais profundo e está além de uma questão político-partidária, até porque a maioria dos atos de corrupção envolvem gestão de pessoas até então consideradas idôneas e cujo histórico sempre foi de honestidade e serviços prestados ao país, como é o caso do falecido Mário Covas. Talvez as investigações até venham a apontar uma participação do falecido governador assim como a de seus sucessores, Geraldo Alckmin e José Serra, mas não creio que eles se beneficiaram diretamente e financeiramente desse esquema. O mais provável é que, não tendo outra saída, foram coniventes. É óbvio que o PT vai explorar esse fato à exaustão a fim de atingir a oposição. Afinal a oposição faz a mesma coisa quando o alvo é o PT. Isso no entanto é só um jogo político tal qual vem sendo jogado há décadas. A questão da corrupção, como eu venho insistindo há tempos, é de uma complexidade tamanha que quiça levará tantas outras décadas para ser resolvida, isso se nossas leis e instituições forem aperfeiçoadas. Os protestos de ruas dos últimos meses mostram que a população brasileira está farta disso, mas achar que uma troca de governo, com a substituição dos partidos e políticos tradicionais por novos, vai resolver o problema da corrupção é demonstrar uma ingenuidade sem tamanho. O fim da corrupção terá de passar por um processo longo e doloroso, o qual deve antes passar justamente por uma reforma política e fortalecimento dos partidos e não o contrário como parece querer as ruas.