Os Parasitas da Democracia.

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O que não falta nas ruas são fervorosos defensores da Democracia, muita vezes associando-a unicamente à República. Essa defesa energética, no entanto, muitas vezes traz uma consequência “inesperada”: ignorar qualquer defeito decorrente desse tão adorado sistema político. Um desses problemas negligenciados é o sistema de favores.

Esse sistema acontece porque a grande maioria das democracias atuais são representativas e com vastos poderes. Nesse arranjo, é a função dos que são escolhidos pelo povo alterarem basicamente o que quiserem. Logo, há a eleição de alguém para fazer lobby, ou seja, tentar fazer com que através do poder das leis, das regulações e da força – policial, militar e judicial – as vontades dos eleitores sejam cumpridas. Todavia, já que muitas vezes um político é eleito por pessoas de desejos divergentes e é normalmente difícil de ser acessado pela população em geral, cria-se a necessidade de grupos de pressão que atendam interesses mais específicos, pressionando os eleitos. E isso se repete inúmeras vezes, porque sempre há pessoas a tentar utilizar o poder do Estado para pedir algo através de sindicalistas, lobistas e representantes.

Contudo, o dinheiro dos favores, das vontades, tem que sair de algum lugar. O dinheiro usado para subsidiar, incentivar, pagar ou criar algo sai de alguém, ou melhor, alguns. E esse é um ponto interessante: enquanto os benefícios são geralmente concentrados em um grupo, os malefícios – quase sempre na forma de tributos – são divididos entre todos os membros da sociedade. Assim se cria a falsa impressão de que isso é algo ótimo, porque enquanto um determinado produtor recebe milhões em “ajuda”, cada cidadão paga centavos.

Nessas circunstâncias, torna-se quase que inútil para uma pessoa lutar contra os privilégios de certo grupo – pois ela recuperará centavos -, enquanto incentiva uma tentativa de ganhar fundos para um conjunto ao qual esse indivíduo pertença – uma vez que nesse caso representará uma quantia significativa. Isso faz com que pagar por

lobistas e sindicalistas seja algo natural, ao invés de uma aberração - porque tentar ganhar direitos à custa do trabalho da sociedade em geral é sim uma aberração. O pensamento é que, se todos fazem isso, nada mais natural que eu fazer também.

Entretanto, esse não é o único problema. Esse longo sistema de favores, o qual tende a crescer ad infinitum, além de consumir recursos com os burocratas que precisam definir o destino do dinheiro e alterar o sistema de preços provocando deformações na economia, muitas vezes consegue se infiltrar no próprio Estado. Isso porque essas pessoas tornam-se tão pertencentes, indissociáveis, à representatividade que não mais se consegue pensar em uma democracia sem elas.

Nesse momento, os antigos indivíduos que defendiam direitos de determinado grupo que buscava com isso vantagens acabam tornando-se obrigatórios, indispensáveis. Então, os que antes podiam ser até mesmo beneficiados contratando e utilizando esse mecanismo de pressão, agora necessitam dele para sua própria sobrevivência. E o problema é que essas pessoas que exercem a influência não produzem, ou seja, recursos escassos são dados a quem nada gera de riqueza e seria, em um cenário normal, inútil. No final, todos saem perdendo, menos os parasitas que muitas vezes enriquecem a custa dos operários e dos industriais, dos professores e dos comerciantes.

OtavioZ
Enviado por OtavioZ em 22/07/2013
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