Comissão da Verdade, Justiça e Transparência
(outro título: Detesto Mentira!)
A verdade quando passa para a história costuma deixar de ser verdade para ser ponto de vista ou conveniência política. Como exemplo as versões da Independência, dos feitos do Patrono do Exército, do Tiradentes para só citar as mais conhecidas. A missão do historiador é separar o “folclore” e se aproximar dos fatos de maneira metódica, com procedimentos profissionais.
Para levantar os fatos e analisar coisas do passado o profissional correto é o historiador, pois sua formação o leva a ser um cientista social e político compromissado com a verdade.
A “Comissão da Verdade” não tem nenhum historiador entre os seus sete escolhidos. Portanto, por mais títulos que tenham, não são especialistas em levantar história e suas conclusões poderão ser pontos de vista ou conveniência política. Como a indicação deles foi por conveniência política espera-se um resultado acima de qualquer de seus próprios pontos de vista pessoal, mas que atenda à “encomenda política”.
Se a presidente quisesse colocar a verdade à mesa dos brasileiros, com mais rápida, segura e aprofundada pesquisa, contrataria historiadores. Como? Pedindo às Universidades uma proposta contendo a descrição dos métodos sugeridos de levantamento e pesquisa, disponibilizando os currículos de seus “graduados, pós-graduados e doutores”, com o custo da equipe e do trabalho. Enfim, fazendo uma concorrência como faria de uma usina, estrada ou hospital. Como ao governo interessa (é claro que não interessa!) o máximo de isenção e que a “verdade” venha à tona, nomearia uma comissão de acompanhamento, constituída por pessoas da sociedade civil e por jornalistas, que testemunhariam e noticiariam a tramitação de documentos e as entrevistas entre as partes interessadas e/ou convocadas. E já que é a “verdade” que se espera do desejo de uma presidente, penso ser de grande elegância e simpatia que ela a queira dos dois lados da moeda.
Aproveitando a mesma licitação, contrataria outra Universidade para fazer a auditoria e revisão histórica dos relatórios da primeira. A segunda colocada na licitação seria convidada a fazer este serviço, se declinasse o convite seria feito à terceira e assim por diante.
Esta é uma sugestão simplista, um pouco acadêmica e nada política. Mas com o ensejo de “Verdade, Justiça e Transparência”.
Mas como ao governo dos guerrilheiros isso não interessa, temos que a mentira seja a sua verdade.
Armando Valenzuela
Igarapé, fevereiro de 2013