JÁ TEM GENTE CONTRA O BLEBISCITO. VAMOS FAZER UM PUXADINHO?

O governo Dilma, sob a direção geral de Lula, quase pega fogo quando os brasileiros e as brasileiras saíram às ruas. Como se sabe a genial medida tomada foi não ter tomado medida nenhuma. Depois de algumas reuniões no Palácio do Planalto ficou decidido que nada estava decidido. Então Dilma juntou governadores e prefeitos e lhes ofereceu um PF frio; um Prato Feito. E depois de algumas caras de nojo de um ou outro resolveu, então, fazer o que devia ter feito antes. Consultou o vice-presidente, o presidente do Supremo Tribunal federal, os presidentes da Camara e do Senado e um e outro mais e descobriu que havia posto os bois na frente da carreta ao anunciar uma Reforma Política e um Plebiscito. Sem condições neurais de explicar do que se tratavam essas duas estultices mandou, já que estava ali por perto, rondando à sorrelfa, aquele que conseguiu revogar o que ele mesmo havia dito ser irrevogável, o Ministro Aloísio Mercadante, sob a tutela do suntuoso campeão de títulos de Doutor Honoris Causa; ele mesmo, aquele que admitiu jamais ter lido um livro sequer. Mercadante tomou o lugar de duas ministras do Gabinete da presidente e começou a explicar o que não tem motivo, o que não se deve fazer.

O que é mesma essa reforma política? O que será reformado? Ninguém sabe, nem a Dilma, autora da proposta. Mas caso aconteça, a reforma não passará de apenas um “puxadinho”, como é de hábito.

E o plebiscito? Perguntarão exatamente o que? Quantas perguntas farão? Quem formulará as perguntas? O povão brasileirão sabe ligar com isso? Ninguém sabe as respostas.

Como diz Vulpino Argento, o demente, roubando a ideia de alguém, ou a frase: Divino Mestre, “não se preocupe. Nada vai dar certo!”

È possível. O povo nas ruas em passeata pede tantas coisas e de maneira tão genérica, como saúde, segurança, justiça, educação, o fim da corrupção, empregos; e são contra as Copas das Confederações e do Mundo, contra a FIFA, contra as Arenas, (que estiveram lotadas durante os jogos) tudo isso com slogans e palavras de ordem que mais lembram as dos políticos em campanhas eleitorais.

As passeatas de protestos pelas ruas das cidades assustam pela quantidade de gente que reúnem e pela violência da polícia armada dos pés a cabeça, como soldados americanos no Afeganistão, ainda que sem seus fuzis M16, mas com bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, "sprei" de pimenta e a “tonfa”, aquele cassetete com empunhadura transversal, usada em um tipo de arte marcial japonesa que “envolve conceitos de combate, estratégia, conhecimento corporal, espiritualidade e filosofia”. Certamente questões que não são de domínio e uso de nenhuma polícia do planeta, como se sabe.

As passeatas de junho de 2013 não podem ser comparadas com as do mesmo mês de 1968. E a nenhuma de outras épocas, todas elas políticas, com clara reivindicação, concreta objetiva, com liderança. Não condeno essas passeatas de hoje. Nem posso. Porém me chama atenção a falta de foco (exceção ao Passe Livre, aos caminhoneiros e ao povo da favela da Maré), e de liderança. Falta, a meu ver, uma clara reivindicação, um protesto com conteúdo político definido. Não há como conseguir mudanças sem organização política, sem lideres e não basta simplesmente ser contra “isso que aí está”. Todos nós somos, até os políticos são, a favor de mudanças. Assustados, concordam com tudo o que o povo quer. É do discurso cotidiano nos parlamentos do país palavras de ordem como “fizemos muito, mas é preciso avançar ainda mais.” Nada mais cretino, porque eles sabem que é deles que dependem as mudanças que reclamamos. O poder continua na mão deles, e democraticamente, podem alegar isso, pois nós, os eleitores, os elegemos para em nosso interesse governar a nação nesse sistema de representação arcaico, falido, dele decorrendo todas as mazelas dessa República Presidencialista, forma e sistema de governo escolhida pelo povo em um plebiscito realizado em 1993. Poderia ser, na forma, Monarquia ou República e no sistema, Parlamentarista ou Presidencialista. A maioria do povo que está nas ruas protestando sequer era nascida quando o povo optou por uma República Presidencialista.

Depois, em 2005, foi realizado um referendo sobre uma lei já elaborada, ao contrário do plebiscito que trata de um ato ainda a ser tomado pelo Governo, quando quase 70% dos eleitores votaram “não” a seguinte pergunta: “o comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?” O povo não entendeu a pergunta; era o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento. Se tivessem respondido “sim” o comercio de armas e munição teria sido proibido no Brasil conforme queria o a população.

As perguntas que a presidente Dilma mandou para o Congresso incluir no plebiscito seguirá a mesma ordem confusa, certamente, se fizerem perguntas como “deve haver financiamento público de campanha e proibição de doações empresariais?” O povo não sabe o que é “financiamento público de campanha”. Ou perguntas como “você votaria em lista partidária para deputado?”O povo sequer sabe como é que hoje funciona o sistema eleitoral brasileiro e passada a eleição nem lembra em quem votou.

Num plebiscito, ao contrário de referendo, não há limite para perguntas; e quanto mais perguntas mais armadilhas serão colocadas. E a presidente que tudo seja feito para já valer nas eleições de 2014. Não há tempo para discussões, debates e campanhas educativas. Isso já um péssimo sinal. “Na maioria das vezes consideramos uma ideia mais verdadeira apenas porque há qualquer coisa de muito belo e divino no ritmo e na forma métrica do enunciado”.É certo que Nietzche se referia aos filósofos e aos poetas em Gaia Ciência. Mas cabe aqui, nesse artigo, refletir sobre que enunciados serão formulados nesse plebiscito feito às pressas.

O povo nas ruas não compreende as sutilezas escondidas nas propostas que agora vêm do Palácio do Planalto. A presidente não pode convocar um plebiscito. Isso é de competência exclusiva do Congresso Nacional. Mas por que o Congresso convocaria um plebiscito dando ao povo o poder de questionar as leis que eles mesmos promulgaram?

CURA MACHO

João Campos é um Deputado Federal pelo PSDB de Goiás. Pastor evangélico, delegado de polícia e contador, suponho ser “expert” nessas quatro atividades. Se não, pode ser apenas mais um esperto na Camara dos Deputados. Teve seus “15 minutos” de fama durante todo o mês de junho que recém terminou. Ele é o autor do projeto de lei popularmente chamado de Cura Gay, uma ideia que poderia ter saído da cabeça de padre/deputado da Idade Média se na época houvesse isso. Como nenhum outro deputado deu bola pra essa bobagem, esperto que é, agora sim, retirou da pauta de votação. A palavra “cura” de imediato remete para uma doença o que é falso. Uma vigarice semântico religiosa que me faz pensar na possibilidade de uma cura hetero sexual, que popularmente poderia ser chamada Cura Macho. Como nem uma coisa nem outra são possíveis, por que ser macho ou gay não tem a menor importância; já que isso é, apenas e tão somente, condição humana desde os tempos do surgimento do Homo Sapiens.

UM NOVO PADRÃO

Um repórter, quando da reunião ministerial na Granja do Torto, um bom e adequado nome para reunir 39 ministros, perguntou à presidente Dilma se o governo dela era padrão FIFA. “Meu governo é padrão Felipão”, respondeu. Para um pergunta idiota nada como uma resposta besta.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 03/07/2013
Reeditado em 15/07/2013
Código do texto: T4370084
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.