Governabilidade = Corrupção?
Governabilidade = Corrupção?
Os ventos tempestuosos da história política que fustigam a abertura 2013 trazem em seu bojo uma imensa caixa de Pandora que vem sendo aberta lentamente desde Brasília. Complexa rede de saque ao dinheiro, ao patrimônio público, vem expondo as vísceras de maioria dos partidos no poder e suas ligações espúrias com verdadeiras redes de trafico de influência, de malversação pública. Qual alternativa que podemos construir contrapondo um modelo perverso de rapina da atual maquina político-eleitoral? Sobra a pressão da sociedade, denunciar, cobrar, expor nossas caras. O silêncio daqueles que compreendem e até discordam desta tragédia é sinistro. Contradição expressiva da nossa política hegemônica está nos impasses e dilemas quando não vemos avanço nos caminhos onde em nossa realidade, frentes político-partidárias fortes e de práticas e compromisso emancipatórios não conseguem a mínima estruturação. Infelizmente, a maioria esmagadora das representações parlamentares nos três níveis legislativos (em que pese renovação de nomes, mas não necessariamente de práticas políticas) vive no tênue fio entre o butim e o marasmo. É só refletir sobre o perfil dos eleitos em MT e todo o Brasil. Não se consegue distinguir facilmente o que é política, o que é corrupção, o que é apropriação indébita, privada do setor público. Apesar das manifestações de indignação com o que assistimos hoje. Coisas, algumas até tidas como aparentemente “inofensivas” como o caso Rosemarylula, a vergonhosa pizza da CPI do Cachoeira, a conspurcação da AGU, o arquivamento das denúncias de Pagot sobre financiamento de campanhas do PT e do PSDB (gota d’agua do que poderia ser revelado), a rigorosa intransparência de grande parte dos poderes, especialmente em MT, apesar da Lei de Acesso a Informação. Temos neste eixo uma potente barragem que impede abrir as comportas nauseantes das ligações do oficial com o oficioso, da escola no crime, da transgressão das leis, sustentados na impunidade. Bastaria a nossa indignação contra a corrupção e malversação dos mandatos? A Assembléia Legislativa de MT prossegue sustentando a capitania hereditária, escola das mesmas táticas indecorosas para as Câmaras Municipais. Pouco sobra de representação parlamentar, quando essas instâncias desprezam sua autonomia para fiscalizar o executivo, representar o povo e elaborar leis conseqüentes. Li com interesse e agrado a entrevista de um conselheiro substituto do TCE apontando desvios e má gestão no setor de saúde, papel essencial da função ora exercida pelo mesmo. A velha política do “toma lá, dá cá” não pode continuar vencendo. Não podemos continuar assistindo as negociatas que deságuam na casa de controle de contas, um órgão da Assembléia Legislativa. Por que parlamentares e ex-parlamentares engalfinhado na briga intestina e a peso de diamantes na disputa das vagas no TCE? Com qual prestação de serviços? Compromissados com quem? Acho que com este triste e pobre arremedo de democracia é preciso não só mudar as capitanias eleitorais, mas também a forma de qualificar os cargos e vagas também no TCE. É canhestra a forma atual de indicação dos conselheiros. Seria melhor começar tudo da estaca zero, abrindo concurso ou outras formas mais próximas da coerência ética, para que esta instituição possa servir a sociedade mato-grossense com autonomia e independência? Revogando os mandatos? Afinal, quem é mesmo que faz efetivamente o controle externo do TCE? A própria ouvidoria serve para que, se não é independente? A instituição não pode continuar sendo emprego-encosto marajá para ex-parlamentares ou prepostos de grupos políticos. Temos visto ultimamente que parlamentares já entram precocemente nas negociatas para a disputa das vagas. Aliás, os mandatos dos Conselheiros poderiam ser limitadas no tempo. Por que não valorizar a carreira pública, a exemplo do conselheiro substituto que citei, ao contrário do que o governo faz, ampliando deleteriamente a terceirização indiscriminada dos serviços públicos? Na berlinda, as insustentáveis organizações sociais com seus patrocinadores e fiadores. Como reagir? Não podemos reconhecer o favor encobrindo o dever na gestão do Estado, se não, como acreditar na construção de outra via política-cidadã? Temos que refletir sobre as falsas identidades que nos são apresentadas. Não há disputa programática, quase totalidade dos partidos não se diferencia. O Polulismo (populismo programático de Lula da Silva) patrocina isto, alia-se com quem dá mais para se manter no poder. A governabilidade tem como cúmplice principal o PMDB, aprofundando práticas abjetas ao patrimonialismo brasileiro. Este é o cenário para 2014, construir quaisquer alternativas eleitorais para se manterem no poder. Nunca houve uma desmoralização tão grande das bancadas cooptadas em todos níveis legislativos e todos níveis de governo! Nós temos que ser responsáveis de alguma forma, seja enfrentando, omitindo ou coniventes por tudo que está acontecendo! A corrupção continuará sendo parceira privilegiada da governabilidade?