PEC 37
O Ministério Público é uma das instituições mais honráveis do ordenamento jurídico brasileiro. O constituinte de 1988 teve um cuidado especial ao criá-lo. Colocou-o estrategicamente na parte da constituição que trata das funções ESSENCIAIS da Justiça. Foi tão cuidadoso que não o subordinou a nenhum dos poderes para que não houvesse nenhuma hierarquia tendente a intimidá-lo. A doutrina diz que o é uma instituição autônoma. A própria lei lhe atribui como objetivos a defesa da ordem jurídica, da democracia e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Não se pode dizer que no Ministério Público não há corrupção, mas - em comparação com outros órgãos e poderes - ele mantém sua dignidade. Tanto que os desmontes dos maiores esquemas de corrupção feitos até hoje foram de sua autoria. Agora querem simplesmente acabar com seus poderes de tal forma que sua existência passa a ser injustificada.
A defasagem de fiscalização no Brasil é enorme. Qual a justificativa para acabar com parte da pouca que existe? Aliás, acabar com grande parte ou com a mais importante delas? Os poderes investigatórios estarão nas mãos de policiais civis e federais que são comprovadamente comprados, em grande parte, pela corrupção e pelo crime organizado. O Ministério Público terá de se limitar aos fatos apresentados por eles.
Se é que o Brasil ainda possui uma tênue sombra de dignidade, a PEC 37 tramita no Congresso Nacional com o propósito de acabar com ela e abrir portas para que a corrupção deslanche rumo à total instauração da decadência moral no país.
É o mais alto grau de descaramento dos políticos brasileiros. Os mesmos políticos que clamam por não violência na onda de protesto que explodiu Brasil a fora. Oxalá essas manifestações deixassem de ser simples manifestações e se tornassem a revolução de que o Brasil precisa. Ah, como esses Bandidos da Política mereceriam uma revolução nos moldes da revolução francesa com guilhotina e tudo! Já pensou? Uma enorme guilhotina montada na marquise do Congresso Nacional? Aí sim as cabeças que lá rolariam poderiam aprovar quantas PECs 37 quisessem... No inferno!