Institucionalização da Corrupção
É público e notório que o cidadão de boa-fé não tem medo de fiscalização. Causam-nos indignação aqueles que têm a intenção de praticar o ilícito procurar, por todos os meios, tornarem-se imunes, modificando as leis e até mesmo a nossa Constituição. Promulgada há pouco menos de 25 anos, já tem mais emendas do que uma colcha de retalhos. É PEC disso, PEC daquilo, sempre em benefícios dos seus próprios criadores. Agora, vem uma que deixa bem clara a intenção de perpetuar o descalabro da corrupção em nosso país: tirar o poder de investigação do Ministério Público. Sem ele não teria sido descoberto o escândalo do mensalão. Dá para deduzir o interesse dessa nova PEC?
Querem continuar praticando todo tipo de ilícito, sob o manto da imunidade parlamentar, isentos de investigação. Por outro lado, aqueles que não só apregoam, mas também praticam a honestidade defendem que “quanto mais investigação, melhor”. Justificam o adágio de que “quem não deve não teme”.
Não diria que Ulisses Guimarães estaria hoje remexendo no túmulo, porque seu corpo foi sepultado nas águas do oceano, decorrente do acidente aéreo. Mas, por certo, estaria decepcionando com tanto remendo na Constituição que ele beijou no ato de sua promulgação. O seu imortal “Avança Brasil” infelizmente também avançou na corrupção. Cabe, portanto, a cada um de nós não reeleger aqueles que querem institucionalizar essa maldita corrupção que ainda impera em nosso Brasil.