Reino da Teatralidade
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O Brasil é o reino da teatralidade. Aqui, tudo é feito para o show, para a aparência. Relacionado a isso, recentemente, em reportagem do Estadão, famílias falavam sobre a visita do Papa e suas consequências para a favela da Varginha, mostrando como o poder público se mobilizou para fazer bonito na visita do pontífice.
E exemplos como esse não faltam: Copa do Mundo, Olimpíadas, outras visitas de pessoas famosas, Rio 2002, entre outros. Quando há uma oportunidade de mostrar um local para o mundo – ou mesmo para o Brasil – o governo vai lá e investe seus preciosos recursos aos montes em ações muitas vezes com poucos benefícios para os cidadãos, mas que chamam a atenção dos que passam, é visível.
E assim a situação prossegue, sendo que a população muitas vezes fica feliz e comemora atitudes sem fundamento, como a construção de diversos estádios nos mais diferentes pontos do país, muitas vezes em locais questionáveis, como no Amazonas, achando que isso trará benefícios para todos nós. No entanto, se fosse algo que trouxesse ganhos para o Brasil, a própria FIFA não teria problemas fazendo, seria algo lucrativo, poderia ser feito com capital privado, visto que é um evento realizado por uma entidade privada.
Nesse ponto que há outro problema: a FIFA é uma entidade privada, e como tal busca lucros. Contudo, o Brasil, em “relação promíscua” de organizações públicas e particulares, resolveu ajudar essa federação a conseguir seu objetivo, ganhos financeiros, à custa dos impostos do povo brasileiro, aproveitando do amor que a população nutre em relação ao futebol em uma política de circo – porque muitas vezes até o pão falta para famílias pobres.
Além disso, essa teatralidade não se vê somente em grandes eventos. Os políticos, com o apoio do povo, preferem fazer inaugurações grandiosas, de hospitais, escolas, obras facilmente perceptíveis, projetos que muitas vezes são deixados de lado, por falta de verba, sem serem terminados, ou sem ter manutenção.
Enquanto isso, obras de infraestrutura necessárias para a economia dos mais diferentes locais, controlar gastos públicos, dar manutenção ao patrimônio público já existente, isso é mais difícil de ser feito, a “audiência do espetáculo” é menor, e as empreiteiras não ganham nada com isso. Afinal, o Brasil é o país das construtoras: Estado e essas empresas vivem em uma relação corrupta que parece eterna, que tem alguns beneficiados – burocratas, políticos e empreiteiros – e muitos prejudicados, o resto da população brasileira.
E assim as coisas seguem, por anos e anos. Tudo continua igual: alguns se aproveitando do poder estatal para retirar o fruto do trabalho da população, enquanto boa parte do povo aplaude as atrações que são feitas com parte do dinheiro dessa “festa”. A teatralidade brasileira, cheia de eventos e sempre tentando mostrar o Brasil como um país ótimo para o mundo segue, e os corruptos seguem agradecendo o silêncio do povo.