O Homem Capitalista
Então estes, seguiriam uma imposição maior que a felicidade ou então a utilidade do indivíduo? A causa dessa construção de ideologia, então surgiu em função de uma transcendência e uma irracionalidade?
O homem passou a ser dominado pela produção de dinheiro e pela aquisição do mesmo, como a única e a principal finalidade de toda a sua vida. A aquisição econômica produziu vestígios que a favoreceram ser subordinado aos clamores e não mais como meio de satisfazer a suas necessidades materiais. A relação natural que existia, passou a ser um princípio do orientador do capitalismo. O ar de ingenuidade tomou conta e a irracionalidade também. Dessa maneira, ficou fácil atrair o dinheiro para o capitalismo. Em qualquer situação, esse sentimento está inteiramente ligado a certas ideias religiosas, onde ambas atam laços e impõe características que favoreçam ambos.
O espírito do capitalismo, como Max Weber falava, teve uma luta intensa pela sua supremacia, contra todo o mundo de forças hostis. E a riqueza constituiu consigo um sério perigo, pois as tentações nunca cessam e quando estiverem sendo comparadas com a superior importância do reino de Deus, proporcionarão suspeitas morais. Diante dos fatores que esse capitalismo atribui, o protestantismo reproduz a ideologia em que se deve “trabalhar o dia todo em favor do que lhe foi destinado”. Isso pode ser caracterizado então, não como o ócio e o prazer, mas sim, algo que aumenta a glória de Deus, de acordo com a inequívoca manifestação de sua vontade.
Falar sobre o capitalismo de hoje e agrega-lo a um relacionamento com a ética protestante, é algo confundível, porém verídico, pois de qualquer modo, mesmo sendo distinto, o capitalismo aborda as mesmas normas que o protestantismo. Quando se fala sobre trabalhar para glorificar a Deus, podemos identificar como se o Deus deles, fosse para nós, o próprio ser que somos. Existimos com nosso dinheiro, estamos presentes em nossos atos e devemos arcar com as consequências de nossas atitudes. Podemos então vincular o trabalho como algo divino, algo que nos proporcione a auto glorificação, afinal, para sermos considerados seres de bom caráter e conduta, geralmente necessitamos de uma posição social que almeja luxo e a futilidade que os protestantes falavam. E tudo o que transita ao redor das pessoas com capital elevado, tende a transitar cada vez mais intensamente, sem desviar seu caminho, menos ainda transcender o homem. De alguma maneira, esse poder que é destinado a poucos, faz com que os ricos considerem-se “sagrados” e de maneira equivalente os pobres se consideram pessoas fracassadas e não possuidoras de dotes que o suposto Deus concedeu aos ricos. Que exista franqueza e esclareçamos o desprezo que a maioria das pessoas sente pelos pobres. Nitidamente vê-se em ações como um olhar, um comentário, por mais que discreto, a discriminação existente entre a sociedade. E talvez não seja por opinião própria, mas sim o que a mídia nos transmite, ridicularize a imagem de pessoas que não possuem capital algum. Agora me respondam se possível: - em que situação uma pessoa miserável gosta de ser assim?Não existe uma justificativa verídica, o que se percebe, é que ninguém optaria por viver com pouco, sem luxo. Todos os seres humanos desejam, por prazer, ter uma casa, um carro, um local para passear, dinheiro no banco e na carteira. Porém, a diferença do capitalismo está ai, nem todos tem o poder de possuir essas riquezas e com a falta delas, as mesmas pessoas se tornam infelizes e condenam Deus, por ele ter favorecido uns e não outros. Criam-se ideologias de comportamento, impõe uma visão moral sobre devidos assuntos e esquecemo-nos de agir eticamente. Diferentemente do pensamento protestante, somos individualistas e vivenciamos uma era da divisão de classes, já o protestante procurava a igualdade, pois tudo o que era conquistado pertencia ao senhor.
O dinheiro gera dinheiro, e assim sempre foi e sempre será. O tempo é lucro, e do mesmo modo, se estenderá até seu fim. Mas, a utilização desse dinheiro com o prazer é justa? Vejamos bem, a mídia nos expõe a um tipo ideal de prazer, ela nos influência a gostar de uma coisa que ao menos tenhamos apreciado. De maneira curiosa, você usa de seu dinheiro para conhecer o produto que a mídia lhe propôs. De fato, o produto é bom e você quer possuí-lo mais e mais vezes. O dinheiro, portanto, é o modo mais seguro e o único de obter esse luxo. E se fossemos averiguar todos os luxos que temos, entenderíamos porque o dinheiro é considerado o passe do prazer e o porquê dos protestantes serem contra a utilização do mesmo para o prazer.
O capitalismo passou por inúmeras transformações, mas em todas as transformações que passara de algum modo, seja pouco ou muito, levou consigo as raízes do pensamento protestante. Crer que Deus é das riquezas não é pecado, mas desfrutar desmerecidamente delas sim. O capitalismo já não respeita os limites do protestantismo e age descontroladamente em nossas vidas.