Líderes Populares
LIDERES POPULARES
Se há coisa que as oligarquias e as elites em todo o mundo mais odeiam são os líderes populares. Odeiam porque a gênese de um líder ocorre a partir debaixo, de dentro para fora, do centro para margem. Um líder não é imposto, nem tampouco é nomeado através de uma “portaria” ou algum ato administrativo formal. A autoridade, o “poder de posição” nasce da imposição, de cima para baixo. Ao contrário, a liderança não é imposta; ela é concedida pelo grupo com vistas à satisfação das necessidades comunitárias. O líder popular não tem o poder que emana da posição, mas firma seu carisma em cima de um poder pessoal. E por isto é odiado. Assim como odeiam a esses líderes, execram as organizações a que eles fazem parte, seja no terreno social, político ou mesmo religioso,
Na América Latina tivemos alguns desses homens, perseguidos pelas oposições, boicotados pelas direitas e difamados pela mídia a serviço daquelas elites raivosas e do capital internacional. O tribunal de um líder popular não ocorre nos protendidos foros humanos, mas na história. Diversas pessoas buscaram essa liderança em seus segmentos, mas o passar do tempo sepultou suas memórias a ponto de torná-los esquecidos e pertencentes ao passado obscuro.
Enquanto na Argentina, por exemplo, é impossível falar em líder popular sem uma menção a Perón († 1974), igualmente no Brasil, qualquer referência a um líder inconteste não pode prescindir da pessoa de Vargas († 1954). Tais vultos, mesmo mortos não deixam de influenciar a história contemporânea dos dois países.
Hoje, no Brasil temos a figura do ex-presidente Lula. Seu prestígio atual, a despeito das campanhas difamatórias, parece cada vez mais forte, deixando clara sua capacidade política efetiva para novas refregas eleitorais. Assim como no tempo de Getúlio, as oposições denunciavam um “mar de lama” sob o palácio do Catete, imagem que não denegriu o prestígio do presidente, igualmente as campanhas atuais e pretéritas contra Lula, encetadas pelas oposições perdedoras, não vão afetar sua credibilidade popular para um novo confronto, daqui a dois ou seis anos.
A mesma coisa ocorre em Cuba. Apesar da anti-propaganda dos Estados Unidos, mesmo afastado e adoentado, el Comandante Fidel ainda é o cara. Caso análogo está ocorrendo na Venezuela. Disseram que Chaves era um ditador, que só havia sido eleito por conta de fraudes eleitorais, e que sua morte ensejaria o fim do “chavismo”. Pois agora correu nova eleição, e o candidato Nicolás Maduro, embora com pequena margem, venceu nas urnas o representante da oposição, apoiada pelos americanos e pelos latidos da direita mundial. Nada pode superar o poder de um líder cujo mandato é conferido pelo povo.
O autor é Escritor, Filósofo e Doutor em Teologia Moral