RÉQUIEM A HUGO CHÁVEZ, ENQUANTO O BOLIVARIANISMO CHORA LÁGRIMAS INDÍGENAS NAS PLATAFORMAS DE PETRÓLEO

Não é possível considerar Chávez do ponto do vista da produção de pensamento de envergadura, não em um continente que deu pensadores como Leandro Konder, Raúl Prebisch, Mariategui, Celso Furtado, Francisco Wefort, Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, Haya de la Torre, só para citar alguns. Não. Chávez tem que ser visto como um líder da mesma característica (embora com menor brilho), de Lula, ou seja: homem de base chega ao Poder respaldado em um imenso arco de alianças, impulsionado pelos movimentos populares como resposta dos setores progressistas do empresariado à nova hegemonia internacional.

O bolivarianismo não passa de um socialismo moreno (de Brizola & Darcy), sem a ginga das mulatas num sambinha farroupilha, e isso, muda tudo. Enquanto Brizola tinha em Darcy o grande pensador dos movimentos populares de então, o que tinha Chávez?

Ninguém de envergadura. Porém, isso não tira o brilho das imensas reformas sociais, que com mais ou menos democracia, foram realizadas na Venezuela.

Pessoalmente, acho necessário repensar o que é a democracia, porque se democrático for apenas um sistema no qual se vomita voto da pior qualidade na urna, e não é possível ao cidadão controlar as instituições através de mecanismos diretos, então do que vale a defesa da democracia? Porque não vivemos uma grande democracia, é preciso que se tenha em mente, isso.

Estamos esbarrados no problema de sempre: como controlar o Estado e seu Poderes, e nunca avançamos porque ao pisar nos melindres, o recuo é imediato. A sociedade civil não possui coragem nem determinação para avançar nas questões básicas de ampliar os limites jurídicos de um controle efetivo do Poder Público, daí, a hegemonia da tecnocracia no controle do Estado proporciona o domínio da estrutura corruptiva em todos os estágios da máquina pública.

Não é de admirar que Chávez seja tão amado. Pouco fez, porém, é um pouco que se mostra demais comparado ao nada que permanecia imutável, até que ele alterou as regras de disputa do Poder.

Não sei como fica a Venezuela sem ele, porém, enquanto Chávez esteve no Poder, a garantia das reformas sociais esteve selada e avançando.

Veremos agora.