Hugo Chaves, herói?

Esta semana, fomos surpreendidos com a morte de Hugo Chaves. Político militar venezuelano, líder revolucionário, novo socialista do século XXI, crítico exaltado do neoliberalismo americano. Não sei se pela biografia, se pelo discurso ou pela coragem, transformou-se no novo caudilho latino, amado e odiado, como todo político que se destaca. Seu corpo, "já santificado", será embalsamado e exposto perpetuamente.

Não quero aqui entrar no mérito da questão ou discussão sobre sua morte, ou vida conturbada, ou se realmente foi bom ou ruim para o povo venezuelano. Sobre esta questão, temos farta literatura para conclusão pessoal. O que me move aqui, é fazer uma reflexão sobre a necessidade dos povos, de todas as épocas de criarem ídolos e os transformarem em imortais, mesmo em pleno século XXI, com toda tecnologia de informação.

Como todo homem, Hugo era figura pública, mundialmente conhecido, salvador dos pobres e oprimidos como todo ditador que se preze; aqui com uma ressalva, não precisou de golpe para assumir o governo, entrou pela aclamação das urnas.

Seguiu à risca a cartilha dos grandes discursos exaltados, e feitos mirabolantes para a população pobre e oprimida. E claro, o "grand finale", morte como herói revolucionário, vitimado por um câncer, "trazido pelo governo americano".

Pode-nos parecer absurda a situação, mas, a história da humanidade, mostra a necessidade que temos de criar nossos heróis de papel machê ou de carne e osso: Super homem, capitão América, Antônio Conselheiro, Lampião, Evita Perón e tantos outros.

Vivemos em sociedade, os valores que fabricamos durante séculos estão desmoronando dia a dia. Somos empurrados para um crescimento convincente. Mas, por outro lado, temos medo do novo. Como crianças, nos assustamos e nos momentos de crise, não somos capazes de assumir esta "maturidade". Portanto, recorremos à criação de ídolos que nos mostre o caminho a seguir, como o grande príncipe dos contos de fada, que vem para nos resgatar daquilo que tememos; nossa morte individual e social.

Esta semana, o venezuelano, acordou do sonho Chaves. Espero que esta nova realidade, não se transforme em um pesadelo. Que possam crescer como povo e deixar descansar em paz, embalsamado pela eternidade, o grande ditador, eleito pelo voto popular. A história dirá.

Ana Teresa
Enviado por Ana Teresa em 07/03/2013
Reeditado em 07/03/2013
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