UMA CIDADE TRISTE E DESTRUÍDA

Ao chegar à cidade só vi tristezas. O povo revoltado porque os funcionários efetivos, aposentados e comissionados da prefeitura estavam sem receber seus salários do mês de dezembro de 2012. Uma grande angústia na população porque a cidade está sem festas desde o dia 1º de janeiro. Até a tradicional Festa de São Sebastião, realizada em janeiro, e que esse ano completou 142 anos, resumiu-se às atividades religiosas.

Foi assim que encontrei Condado-PE, minha terra natal, quando estive lá para brincar no bloco Maria Pereira, que desfilou seu 36º carnaval consecutivo, completando 35 anos de sua fundação, exatamente igual ao famoso bloco Galo da Madrugada, do Recife.

Enquanto visitava alguns amigos, vi o Clube Municipal, palco de grandes eventos como bailes de carnaval, formatura, debutantes e muitos outros, com excelentes bandas, resumido a um prédio em ruínas, onde até parte do telhado foi retirado. Um retrato do abandono de oito anos de mandato do ex-prefeito, Edberto Quental.

A histórica Praça São Cristóvão, destruída nessas duas gestões, virou uma obra inacabada e também abandonada. A cidade sem apoio da prefeitura para o carnaval. A prefeita Sandra Félix informou à população que não poderá realizar nenhuma festa, pois o Ministério Público determinou que a prefeitura só investirá em festas quando pagar os salários de dezembro aos funcionários e aposentados.

O único apoio da prefeitura, para o carnaval, foi o baile municipal, que pela primeira vez na história da cidade aconteceu ao ar livre, no estádio “Abilião”, porque o Clube Municipal está em ruínas e a quadra de esportes “O Paulão” está com seu piso esculhambado, também como consequência de oito anos da má administração.

Como se isso não bastasse, a cidade vive momentos de desesperos por conta da industrialização da Mata Norte do Estado. Exatamente como eu previ no artigo “As desgraças do progresso em Pernambuco”, publicado no caderno Opinião, do Diário de Pernambuco e no blog Jornal da Besta Fubana, em março de 2012.

Devido às instalações das fábricas da Fiat e da Hemobrás, na cidade de Goiana, Condado foi invadido por forasteiros, trabalhadores dessas indústrias, que alugaram diversas casas para seus alojamentos. Com isso, inflacionaram os preços dos aluguéis, terrenos, casas, serviços e comércio local, além de trazer insegurança para população. Casos idênticos aos que ocorrem nas cidades de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na Mata Sul, com o desenvolvimento do Complexo Industrial de Suape.

Coincidentemente, aumentaram desastrosamente os números de roubos e assaltos na cidade. Só os caixas eletrônicos do Banco do Brasil foram explodidos diversas vezes, inclusive com a destruição total na última explosão. Os comerciantes são assaltados frequentemente. A população está amedrontada, com os assaltos em plena luz do dia, principalmente em dias de feira e pagamento dos funcionários públicos e aposentados.

A população passou a viver com suas casas cercadas de grades de ferro e fechadas logo no início da noite. Ninguém se arrisca a sentar nas calçadas para bater papo com os vizinhos depois das 10 horas da noite.

Os governos do Estado e Federal se preocuparam em investir no desenvolvimento industrial da Mata Norte de Pernambuco, mas não se preocuparam com os problemas que esse desenvolvimento criou. Não prepararam nossos jovens para trabalharem nessas indústrias, portanto, não geraram emprego para a população local.

Não prepararam, nem aumentaram o efetivo policial (militar e civil) para enfrentar os problemas decorrentes desse desenvolvimento industrial repentino.

Mas nem tudo está perdido. Se houver responsabilidade e vontade política ainda há tempo para reverter esse quadro de tristeza, insegurança e desespero das populações da Mata Norte de Pernambuco. Com a palavra, os deputados estaduais e federais, os senadores, os prefeitos e vereadores, o governador, a presidente da República e o Ministério Público.