Saúde: Quem quer dinheiro?

Um bebê de sete meses morre de calazar em Santarém; Uma jovem de 17 anos peregrina em sete hospitais da capital tentando dar a luz seu primeiro filho, mas o que encontra são portas fechadas e profissionais de saúde se negando a trabalhar. No Brasil home é assim, enquanto um morre por falta de saúde, outro fica na fila a espera do atendimento, que tardando, restará a morte para lhe acalantar.

Absurdos como esses já não chocam mais, ou chocam menos? É tão rotineiro que ao abrir o jornal nos parece notícia velha, mas é nova, tristeza nova, miséria humana nova. Médicos capazes de se negar a atender uma mulher grávida. Crianças morrendo de doenças que surgiram na idade média e que por falta de higiene, alimentação saudável, água de qualidade e educação, ainda matam milhares.

Sem saúde o Pará definha, mas não definha sozinho, esse mal ele divide com centenas de municípios ao redor do país. A exemplo de Rio de Janeiro e Brasília. Um é o Estado com maior percentual de royalty de petróleo do país, o outro, simplesmente a capital do país, que juntos ao nosso Pará registram números bizarros de falta de investimento, e sem dúvida nenhuma, dá péssima distribuição e aplicação dos investimentos destinados pelo governo federal.

Dinheiro tem, isso se ouve há décadas, até os mais pessimistas com a economia brasileira admitem isso, como também admitem que nossos gestores de nada entendem de administração, sem homens bons de conta, quem paga a conta é o mesmo que paga o imposto e vota de quatro em quatro anos, o povo brasileiro. Pena a conta ser tão cara a ponto de custar a vida de um bebezinho, alguém que sequer teve a chance de errar nas urnas.

Direito esse que a jovem grávida que passou de portaria a portaria em Belém para acabar, como todas as jovens mães solteiras e sem poder aquisitivo, na Santa Casa de Misericórdia, também ainda não teve. Felizmente o bebê de uma passa bem, mas outra mãe chora em Santarém. Como ela, quantas outras ainda irão chorar?

Em janeiro de 2013 foram anunciados bilhões em recursos para a saúde, o Pará está na lista dos beneficiados apesar de ter suas reservas de minério. Como o petróleo, o minério deve render muitos dividendos. Mas como o Rio de Janeiro, que também está na lista dos investimentos para a saúde, esse tal de royalty não está fazendo a menor diferença, como mostram as lágrimas dessas mães. O Brasil não tem problema com dinheiro, quem tem, é o povo brasileiro.