Interpretações de jogo

Acho desnecessário, neste momento, falar de convicções políticas. Acho também irresponsável ficar defendendo a inocência de alguém sem conhecimento de causa. Então, chego numa encruzilhada. Dispensável, ainda, reiterar o meu apreço pelo governo Lula, o alvo da vez.

Ficar comparando o governo do PT com governos anteriores, tanto no que se refere à política quanto à corrupção, também é dispensável agora. Assunto recorrente demais. Quero discorrer sobre algo que muita gente não se deu conta ainda. A corrida presidencial de 2014 já começou. Nela, estão em cena pré-candidatos, partidos, imprensa e todos os atores que compõem este mundo desgastado da política. Olvidar é tolice. Discutir é saudável.

Depois de praticamente concluído o julgamento do mensalão, quer dizer, da Ação Penal 470, a qual trouxe ares de esperança para o brasileiro no que se refere à moral na administração pública, outros processos devem correr no STF, ou em instâncias inferiores. E tudo, assim espero, deve ser mais minucioso e com o olhar mais atento de nós cidadãos. Ainda tem o mensalão mineiro – o tucano, que está há sete anos estacionado no Supremo -, a lista de furnas, talvez a privataria tucana da década de 90, as maracutaias do DEM em Brasília...

Pronto. Já estou parecendo um petista querendo justificar os erros do partido alertando para a gatunice dos outros. Volto a dizer que não quero partir pra esse lado. Tampouco me servir do proselitismo político. Quero alertar para o jogo que existe nesse meio. Os acertos estão acontecendo. A mídia cobrando caro. As negociações de apoio na campanha e os loteamentos de cargos também já começaram. Infelizmente é assim que funciona. E a imprensa, sempre ela, é determinante na opinião pública, mesmo dispensando o conceito de imparcialidade.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) já se articula para desbancar a presidenta. O “aliado” Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, vê o partido ganhando força e seu nome sendo ventilado para, quem sabe, sair do barco da situação, e, por emulação, entrar no páreo pelo Palácio da Alvorada. Tudo sendo aventado, negociado. E o que isso tudo tem a ver com as acusações sobre o ex-presidente Lula? Tudo.

Volto a dizer, quem sou eu para dizer que o sapo barbudo não sabia de nada? Com certeza, sabia. E não só do mensalão, que, segundo a mídia, foi o maior escândalo de todos os tempos. Pfff. Só a “quebra” do Banestado, com desvios de bilhões, deixa no chinelo a Ação Penal 470.

Mas, voltando ao mensalão, se Lula ordenou o esquema, é outra conversa. Não acredito, mas concordo que deveria ser investigado. E, mesmo Marcos Valério claramente estar fazendo as denúncias para se beneficiar com a delação premiada, o brasileiro merece saber mais. E que bom que quer saber mais.

Também é bom lembrar, o ex-presidente Lula foi o chefe de Estado que deu liberdade ao Ministério Público e à Polícia Federal para que investigassem com total liberdade. Outra, foi ele quem indicou Joaquim Barbosa para o STF, hoje presidente da Corte. Então, Lula?

Ah, e no Paraná o jogo também já começou. Mas Beto, Gleisi, e, quem sabe, Requião, ficam para outro papo.

Victor Godoi de Almeida
Enviado por Victor Godoi de Almeida em 17/12/2012
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