PERIGOSOS PODRES PODERES         
                        Sérgio Martins Pandolfo*              
     A corrupção é mal inerente ao ser humano, que o acompanha desde o início dos tempos, vista, surpreendida e punida desde a mais remota antiguidade. Onde exista a interveniência do vil metal e esteja em jogo o fascínio do poder aí estarão os componentes básicos para a eclosão de um processo de corrupção, que pressupõe, sempre, a atuação de elementos corruptores e outros tantos corruptos. Por isso a necessidade inarredável da eterna vigilância para a saudável fluência da democracia.
     Em nosso “patropi” isso não foi diferente e casos de corrupção ativa e passiva são a basto relatados desde os primórdios coloniais, pintados com as cores vivas, cintilantes, de uma medieva iluminura, passando pelo período imperial e prosseguindo depois na República, talvez mesmo com ímpeto revigorado, tanto que o brilhante jurisconsulto, eminente político e glória nacional Rui Barbosa, em 1909, quando senador, fez esta afirmação:  “Isto (o Brasil) não é uma República: isto é uma re-privada”.
     Mais proximamente, com a criação e o permanente crescimento e ganho de importância do Partido dos Trabalhadores,  que se autoapregoava o partido da incorruptibilidade, da ética na política, ou, no dizer de sua figuraça-mor, José Dirceu, “um partido que não ‘roba’ nem deixa ‘robar’”, a maior parte do povo brasileiro sonhou e passou a antegozar a esperança de que iria, finalmente, viver em mar de tranquilidade democrática e dentro dos cânones republicanos. Ledo e dolorido engano. Começaram a eclodir, aqui e ali, os primeiros registros de corrupção cometidos pelos falangiários petistas até culminar com o escândalo do “mensalão do PT” denunciado, felizmente a tempo,  pelo ex- deputado federal Roberto Jefferson, com justa apenação de importantes figuras do mundo político-partidário capitaneadas pela troika peteana.
     O presidente do PT, brandindo sua durindana, diz que não serão expulsos do partido os membros ora punidos pela Ação Penal 470, o retrodito “mensalão”, pois “não foram cometidos crimes infamantes”, como reza o dossel estatutário do PT, mas simples desvios de dinheiros públicos e privados. Ora, pelo mesmo delito o PT não teve contemplação com o ex-tesoureiro Delúbio Soares, expulsando-o quando, aos olhos da Justiça, ainda era a priori inocente. Depois foi anistiado e reabilitado.
     Mal se encerrou o embate jurídico-televisivo do julgamento da Ação Penal 470, um novo e tenebroso affaire de pronto se afigura envolvendo membros ligados ao PT e diretamente vinculados à ex-chefa de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha.
     O ministro da Justiça, em explicações ao Congresso Nacional disse que “a Rosemary era usada”. Uau! Não seria o contrário, isto é, ela é que estava usando de seus podres poderes de sedução funcional em prol de seus companheiros e camaradas? Também afiançou o senhor ministro que não via qualquer indício de formação de quadrilha, mesmo tendo em vista as centenas de telefonemas e e-mails trocados entre os membros flagrados na Operação Porto Seguro que a Polícia Federal,  logo a seguir, em conclusão, enquadrou em sete delitos, entre os quais o de formação de quadrilha ou bando. Caberia melhor, cremos, o de formação de pandilha (quadrilha de malfeitores) ou, melhor ainda, o neologismo “bandilha”, isto é, bando de bandidos a formar quadrilha. Como agravante o ex-marido de “Rose”, para poder ser admitido como suplente no conselho de administração da Brasilprev, teve que fraudar diploma de “baixaréu”  (assim referido pelo ex-diretor da Agência Nacional de Águas - ANA, apontado pela PF como o chefe da camarilha que comprava relatórios de funcionários públicos para favorecer empresas privadas), coisa essa logo e facilmente resolvida pela ex.
     O pranteado jornalista Joelmir Betting, há pouco falecido, compôs esta frase ao que parece cunhada a talho de foice para o momento: “O PT é, de fato, um partido interessante. Começou com presos políticos e vai terminar com políticos presos”. Tiro e queda!  

Na foto acima (de Veja), Rosemary, José Eduardo Cardozo e Luís Inácio Adams 
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 14/12/2012
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