Projeto de Poder ou Projeto Político?
De ressaca das eleições para prefeitos e vereadores de 2012, recebemos, via “e-mail”, carta aberta a Presidente Dilma com serie de críticas a seu governo, ao seu partido e seus aliados.
Transcreveremos algumas críticas assinaladas, que segundo o “e-mail” de autoria de professora mineira aposentada.
Fui motivado a escrever devido não ser o objetivo de a carta analisar os porquês das ações criticadas. Ou seja, os porquês das críticas, no meu entendimento, estão contidos na reflexão sobre “projeto de poder” e “projeto político”.
Parece oportuno citar a compreensão, apesar de muito simplificada, o que é democracia para nós brasileiros:"é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos através dos seus representantes livremente eleitos. Forma de governo do povo e para o povo e atenta ao respeito à DECLARAÇÃO DE DIREITOS”.
Os candidatos a nossos representantes estão organizados em partidos, que deveriam ter suas diretrizes expressas em “projetos políticos”.
Parece-nos também oportuno o entendimento, mesmo que bem simplificado, sobre política: "é a ciência do governo das sociedades; é a arte, manifestada na ação humana, capaz de dirigir a organização e o funcionamento de uma sociedade, para atender à necessidade natural de convivência e o bem comum."
Por conseguinte político seria todo candidato a nosso representante cuja função seria fazer política. Cabe aqui, para complementar, a citação de Leonardo Boff que faz clara distinção entre POLÍTICA (maiúscula) e política (minúscula, ou rasteira)
"Política com P maiúsculo - é a busca comum do bem comum, a promoção da justiça, dos direitos, a denúncia da corrupção e da violação da dignidade humana";
"política com p minúsculo - é toda atividade que se destina à administração ou transformação da sociedade mediante a conquista e o exercício do poder do Estado, para satisfazer os interesses particulares de um grupo, sem compromisso com a dignidade humana".
Partidos que fazem POLÍTICA tem “PROJETOS POLÍTICOS”. Os que fazem política,tem “projetos de poder”.
Exemplificando: quando o então Presidente Sarney lançou o Plano Cruzado, meses antes das eleições para governadores em 1986 a eficácia do projeto não visava conter, ou reduzir a inflação e sim expandir o poder de seu partido. Basta dizer que dos 23 estados o PMDB só não venceu as eleições em Sergipe, que elegeu o candidato do PFL, parceiro da base do governo. Entretanto, o governo Sarney terminou seu governo em 1990 com inflação de 1764,86%. Eficaz em poder, um desastre em política.
Mas, vamos voltar às críticas da professora mineira aposentada. A carta foi escrita em 16/05/2012 motivada pelo pronunciamento da Presidente Dilma na véspera do “Dia das Mães”, para lançar mais um pacote do projeto petista, o “Brasil carinhoso”
Dizia ela em sua carta aberta a Presidente: "Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil."
"Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar e uma escola de um turno só, de doze horas."
"Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa, de zero a dezessete anos."
"Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade..."
"Precisamos duma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que leram."
A carta é bem extensa e a professora mineira aposentada critica o Fome Zero, o Bolsa Família, o Vale-gás , todos pacotes baseado no princípio de dar o peixe, mas não ensinar a pescar.
Em outro trecho ela classifica o populismo como “desvio de conduta de líderes políticos desonestos, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara.”
E, num outro prevê grandes prejuízos ao acesso de jovens brasileiros ao mercado de trabalho: “A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!”
"Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa."
No meu entendimento o que justifica todos os males da administração petista é que não tem um “PROJETO POLÍTICO”, mas um “projeto de poder”. Há muito deixou de fazer POLÍTICA e passou a fazer política. Basta dizer que a partir de determinada época, apesar de ser um partido que defendia o parlamentarismo (PROJETO POLÍTICO) votou a favor do presidencialismo, pois o projeto de poder tornou-se a diretriz máxima do partido: “Lula presidente”. Para quem quiser constatar essa mudança política basta reler a “Carta aos Brasileiros” (ou ao povo brasileiro) antes das eleições de 2002 que, simplificando afirmava: olha poder dominante, eleja Lula presidente que garantimos que não serão incomodados...
O grande modelo do PT foi o PMDB. Atualmente, copiando o PMDB, a diretriz máxima do projeto de poder é: “eternizar-se no poder, garantindo a governabilidade na repartição , expandindo-se a cada eleição, para repartir cada vez menos”. Lembrando: que quem parte e reparte fica com a melhor parte.
Ninguém pode negar o talento e a eficácia na execução de “projeto de poder”´petista. Certamente, não verei, mas meu lado de “bruxo agourento” prevê que em 2050 elegeremos o candidato petista a Presidente da República e sua governabilidade será garantida com base aliada de quatro partidos: o PSB; o PSD; o PDT e o PC do B. Estarão na oposição partidos tradicionais muito enfraquecidos como PMDB e PSDB.
É claro que o cenário acima é provocação ao PSB, PDT e PSDB, que em matéria de educação, pelo menos, tem projetos , para que se organizem e não me tornem o futurólogo mais bem sucedido da política brasileira da década em que o Brasil realizou a Copa do Mundo e as Olimpíadas mais caras da história esportiva mundial.
Os partidos e seus políticos deveriam começar a fazer POLÍTICA , a estabelecer “PROJETOS POLÍTICOS”. Deveriam romper esse ciclo de política rasteira.
A NAÇÃO BRASIL agradece.