Por que o PT perdeu em Fortaleza?

O resultado da eleição em Fortaleza no último domingo deixou claro para os políticos locais que o fortalezense está de olho com o que se promete e não se cumpre. Existe um afinco, e até um certo orgulho com a política nacional do PT, baseada nos direitos dos trabalhadores, na política social e no combate à pobreza. Mas por que será que esse orgulho não se repete com a gestão local? Alguns fatores podem ser determinantes. São eles:

1. Promessas não cumpridas por Luizianne Lins

A atual prefeita de Fortaleza tem grande rejeição do fortalezense. Segundo pesquisa IBOPE do fim de 2011, Luizianne foi considerada a pior gestora entre todas as capitais do país. E isso é muito significativo, pois estamos falando da 5ª maior cidade do Brasil. Problemas como trânsito e educação foram bem lembrados pela população quando considerou ruim (8%) ou péssimo (32%) o governo petista. Mas nada foi tão explorado pelos opositores da prefeita quanto o precário estado da saúde na capital.

A construção de 6 CUCAS* foi uma das principais promessas de campanha da então candidata Luizianne Lins. Hoje, é referência em educação, esporte e lazer. Funciona muito bem como um agregador de educação e cultura àquela comunidade carente. Mas passaram-se 8 de governo petista, e de 6 CUCAS prometidos, apenas um foi entregue no bairro Barra do Ceará, periferia de Fortaleza. Ou seja: prometeu e não cumpriu. E para um governo que tinha base de apoio tanto na Câmara dos Vereadores como na Assembléia Legislativa, a prefeitura ousou muito pouco.

Outra principal promessa de campanha de Luizianne em 2004 foi o Hospital da Mulher, que finalmente começa a operar na cidade. Isso é bom para Fortaleza? Sim. O problema é que essa promessa chegou com atraso de, no mínimo, uns 6 anos. Inaugurá-lo agora, quando ela tentava eleger um sucessor, pareceu claro para a cidade como uma grande obra de véspera de eleição. E pior, para colocar em torno de 1000 profissionais da saúde neste hospital – sem concurso público, diga-se de passagem - foi preciso sucatear os hospitais distritais Frotinhas e Gonzaguinhas, deixando parcela da população de Fortaleza constantemente sem atendimento médico. E como disse o ex ministro Ciro Gomes, “o fortalezense não é burro”.

2. Desgaste entre Prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado.

PSB e PT sempre foram aliados em Fortaleza, porém as divergências entre a prefeita Luizianne Lins e o governador Cid Gomes afetaram diretamente projetos na capital. Foi preciso a intervenção da presidente Dilma para acalmar os ânimos dos mandatários de governo e município. A decisão do diretório do PT em lançar Elmano de Freitas em detrimento da candidatura de um nome do PSB foi decisiva para que as diferenças deixassem de ser internas e passassem a ocupar as páginas dos jornais. Trocas de acusações dos dois lados foram constantes, e assim como aconteceu em SP, ficou evidente que o eleitor de fortaleza busca propostas e não ataques.

3. Elmano seria o poste de Luizianne?

Tanto Elmano de Freitas (PT) como Roberto Claudio (PSB) não eram conhecidos do eleitorado de Fortaleza. Foram apostas às cegas dos respectivos partidos. O apoio de Lula (apenas em vídeo) a Elmano no primeiro turno foi essencial para que ele passasse de pífios 3% de intenções de votos para 25,44% no resultado final, levando a disputa para o segundo turno e tornando a campanha de Fortaleza como umas das mais indefinidas do país. Já no segundo turno o presidente Lula veio à cidade pessoalmente para ajudar o petista. Acredito que Elmano era até bem visto pelos fortalezenses, mas nem a ajuda pessoal de Lula conseguiu afastar o grau de rejeição de Luizianne.

4. Boa equipe de MKT de Roberto Claudio ou arrogância da prefeita?

A equipe de marketing do candidato socialista Roberto Claudio deixou para a reta final da campanha a divulgação de um vídeo de 2010 em que a prefeita diz a jornalistas que ela elegeria “com certeza” em Fortaleza um poste, nem que fosse “com a luz quebrada”. Essa frase foi tirada completamente de contexto e jogada para o eleitorado da cidade. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) condenou a campanha de Roberto Claudio a retirar essa veiculação por considerar fora de contexto e ofensiva, e deu direito de resposta ao PT. Porém foi impossível desfazer o mal com a eleição já às portas. Mais uma vez o candidato do PT foi prejudicado pela língua grande da prefeita. Uma chefe do executivo municipal se expor dessa forma foi, para os fortalezenses, uma ofensa. Logo se presume que não foi o marketing de Roberto Claudio que foi eficiente, mas a prefeita que deu as condições necessárias para essa situação. Em alguns momentos é melhor o silêncio. A prefeita certamente deve ter entendido o recado que menos muitas vezes é bem mais. Pois o recado foi dado nas urnas.

Neste momento resta ao PT local voltar à oposição, que certamente será bem fraca, visto que setores do próprio PT local eram simpatizantes de Roberto Claudio.

Agora vamos esperar se as promessas de Roberto Claudio serão cumpridas. Pois como bem disse o ex-ministro Ciro Gomes “o fortalezense não é burro” e nossa resposta ao futuro prefeito de fortaleza se dará nas urnas daqui a quatro anos.

Eduardo Almeida

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Estudante de Jornalismo (Fa7)

Eduardo Almeida
Enviado por Eduardo Almeida em 30/10/2012
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