I had a dream
I had a dream
Não. Não se trata do sonho do Pr. Martin Luther King. Em seu famoso discurso, ele disse que tinha um sonho: “I have a dream”. Usou o tempo verbal no presente: “Eu tenho um sonho”. O sonho de ver cessada a segregação racial tão arraigada na alma dos americanos do seu tempo. Preconceito racial tão marcante na sociedade americana. Brancos e negros irmanados, ocupando os mesmos espaços, frequentando as mesmas escolas, tendo as mesmas oportunidades de emprego, etc. Era sim, um grande sonho. Foi morto, vítima da violência quanto a qual sempre pregava e não viu o seu sonho tornar-se realidade. Usei o verbo no passado: “I had a dream”. Sim, eu tive um sonho. Só que o meu tornou-se uma agradável realidade. Sonhei que ainda havia justiça no meu país e que os corruptos do “mensalão” seriam condenados. Vi meu sonho tornar-se real. Nem me preocupo mais com o tamanho da pena, a chamada “dosimetria”. Que venha na medida justa. Creio que tantos outros, como eu, tinham dúvidas se isso iria acontecer. É preciso sonhar sempre.
Acompanhei algumas sessões. Pude perceber a independência que existe no livre pensar jurídico de cada ministro, tanto assim que uns votaram pela condenação e outros pela absolvição, em alguns aspectos da denuncia. Vi o brilhante trabalho do relator, a independência do revisor e a equilibrada condução do presidente. Impressionou-me o conhecimento que todos tinham da peça condenatória, apesar do seu volume. Fez-se justiça. E não foi para atender os reclamos da sociedade ou pressões da mídia, como afirmam alguns, mas sim de se fazer com que a justiça triunfasse. Pena que não alcançou o mentor maior.
A decisão do STF fez crescer em mim ainda mais o sentimento de perseverança, de crença na justiça, não obstante a sua lentidão e algumas decisões que contrariam o pensamento da maioria da sociedade. Ainda tenho “entalada” a decisão do STF de entender como constitucional a decisão da cobrança da contribuição previdenciária dos aposentados do setor público, alcançando os que já estavam aposentados, em flagrante desrespeito ao chamado “direito adquirido”, que alguns teimam em dizer que não existe.
O alcance da decisão do “mensalão” vai além dos que foram julgados, condenados e absolvidos. Os fatos ocorreram há mais de 9, 10 anos. Seu alcance é à classe política de hoje. Parlamentares e administradores públicos. Um alerta para os que conduzem as CPI’s. Os corruptos e os corruptores não escaparão ilesos. Tenham o tamanho que tiverem. Cada um procure andar de forma correta. Mas a decisão alcançou também o cidadão comum. Não aos alienados, recebedores de bolsas de programas sociais e outros. Mas os que pagam seus impostos e ainda pensam. Vou continuar sonhando. É preciso.