OU MUDAMOS NOSSO SISTEMA POLÍTICO- ELEITORAL OU NAUFRAGAMOS DE VEZ

Todos se espantam. O Brasil, apesar de suas dimensões continentais e de ter climas diversos, o que nos permite produzir de quase tudo e em grandes quantidades; apesar da quase ausência de vórtices atmosféricos violentos e de tragédias tectônicas diversas; apesar de ser um país naturalmente rico, porquanto dispomos de todas as matérias primas essenciais ao desenvolvimento, e de não ter grandes inimigos internacionais, apesar de tudo isso, é um país extremamente subdesenvolvido.

Os efeitos dos tornados e tufões são devastadores. Em 1985, um tornado nos EUA acarretou um prejuízo de 500 milhões de dólares. O de 1989, em Bangladesh, matou ou desabrigou 50 mil pessoas. Em 1985, um tufão nas Filipinas ceifou a vida ou desabrigou um milhão de almas. O de Hong Kong, em 1906, tinha matado dez mil pessoas.

Os efeitos dos vulcões, dos terremotos, dos maremotos e dos tsunamis não são menos arrasadores. Quem viu as imagens dos efeitos do tsunami de 1911 no Japão, sabe do que estamos falando. O Japão que, ao contrário do Brasil, é um país minúsculo, pobre em matérias primas e que sofre freqüentes terremotos, e, no entanto, é um país desenvolvido.

Essa conversa de que somos um "país em desenvolvimento" não passa de um eufemismo com o qual tentamos nos enganar a nós mesmos.

O grau de desenvolvimento de uma nação se mede pelo bem estar de seu povo e pela baixa dependência externa. E, nessas questões, o Brasil é reprovado. Socialmente, somos o país dos extremos: A grande massa da população é assaz pobre ou miserável; no outro extremo, uma minoria, a elite, detém a maior parte da riqueza da nação.

Quanto à dependência externa, algo sintomático: Temos que pagar juros altíssimos para que os grandes investidores mundiais arrisquem seus capitais financeiros aqui. Basta pairar um boato ou uma turbulência mínima na economia brasileira, tais capitais se vão, e, para não quebrar, temos que pedir socorro a bancos internacionais, sobretudo ao FMI.

Quem não lembra do "Risco Lula"? Quando todas as pesquisas indicavam que o ex-sindicalista iria ganhar as eleições (2002), os dólares internacionais se foram e tivemos que, no desespero, pedir um empréstimo ao FMI, que ficou depositado no Banco Central. Como Lula, ao chegar ao poder, em nada se mostrou diferente em relação aos governos anteriores, a não ser no quesito corrupção (que grassou sem freios todos os órgãos da administração e em todas as esferas administrativas), a não ser nesse particular, o "Lulinha Paz e Amor" passou a ser visto com outros olhos: Ele realmente não era o Lula de outrora, o Lula da oposição, que esbraveja raivosamente contra a "elite burguesa". Então, constatado esse fato, os dólares especulativos voltaram, e os que estavam depositados no Banco Central foram devolvidos ao FMI.

Curioso é que essa devolução dos dólares ao FMI foi "vendida" pelo governo do PT como sendo o pagamento de toda nossa dívida externa. E muita gente acreditou e acredita nessa anedota. Santa ingenuidade! Sobrando capital financeiro especulativo no Brasil, parte desse dinheiro, que não é nosso, o Brasil empresta ao FMI. Ótima peça de marketing! Dizem os ufanistas brasileiros, sobretudo os admiradores do PT: "O Brasil com o PT, de devedor, passou a ser credor do FMI!"

Então, se somos um continente riquíssimo "pela própria natureza", por que o Brasil não decola? Há muitos problemas estruturais graves, como os equívocos nas áreas da educação e da infraestrutura (nos transportes, por exemplo, a preferência pelo modal rodoviário). Mas, o que mais obstaculariza o desenvolvimento do país é o nosso sistema político-eleitoral podre, iniciado com a proclamação da república (1989).

Com esse sistema, perdeu-se a perspectiva de se olhar o Brasil de forma global. Exceto nos governos de Getúlio, de JK, e da Ditadura Militar, o país tem sido “feudalizado”, e é, para fins administrativos, uma grande colcha de retalhos: Cada senador e cada deputado federal, com seus antolhos, só pensam em levar algum benefício para sua base eleitoral, porque precisa "mostrar serviço" e se reeleger. Jactanciam -se com palavras mais ou menos assim, quando da inauguração de uma ponte, de um trecho de asfalto, de uma passarela, de ginásio de esporte, de uma praça ou de outro logradouro qualquer: "Esta obra que agora orgulhosamente entregamos ao povo, foi fruto de muita luta, de muita briga, de muita exigência e de muito trabalho...". O pior: Muitas delas são superfaturadas para custear a reeleição daquele político.

O sistema não permite que se tenha em mente um projeto de um Brasil global, de médio e de longo prazos. As ações do governo têm de trazer retornos eleitorais imediatos: O Bolsa-Família é um exemplo.

O que fazer? Cruzar os braços, porquanto esteja o Brasil "Deitado eternamente em berço esplêndido" e adormecido. Como ele pode ser o florão do Novo Mundo, se seu povo está cansado e não vai à luta? Será que é essa atitude preguiçosa e passiva que Duque Estrada tinha em mente ao escrever o Hino Nacional?

Absolutamente não! O entorpecimento desse povo é que faz a festa dos políticos vigaristas. Enquanto o povo estamos na inércia da Síndrome de Kleine (dormir, dormir, dormir...), os tais políticos estão nos afanando o erário na velocidade da luz.

Precisamos de força e coragem para sairmos desse coma autoinduzido e combater esses políticos cobiçosos.

Temos de escorraçar do cenário político brasileiro os "empresários da política", os que fazem dessa atividade um lucrativo negócio. Só assim, as pessoas de bem deste país terão a oportunidade de chegar ao poder e governar a nação. Substituamos os calhordas por estadistas, aqueles que colocam os interesses da coletividade como a prioridade de suas ações.

Temos de lutar para que os políticos tenham ganhos “tabelados”, tendo como parâmetro o salário mínimo. A atividade de governar deve ser encarada como uma missão de grande honra, de um honrado sacerdócio, e não como fonte de grandes rendas. Saíam os cobiçosos que não faltarão idealistas para cumprir de bom grado as funções políticas.

A corrupção tem de ser considerada um crime hediondo, por ser um delito muito danoso socialmente.

Ou nos acordamos de nosso sono eterno ou o Brasil vai ficar cada vez mais para trás no cenário internacional e o povo continuará analfabeto e pobre por “tempo indeterminado”.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 18/09/2012
Reeditado em 13/01/2013
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