HISTÓRIAS DE POLÍTICA - 01
“Eu prometo que se for eleito, farei uma ponte aqui neste local!” – Mas, candidato, aqui não passa rio!
– Eu também farei passar um rio!
1 – Nos tempos em que as urnas das eleições não eram eletrônicas, uma amiga era escrutinadora aqui no Recife. Pra quem não sabe eram assim que se chamavam as pessoas escolhidas para, trancafiadas no Fórum da cidade, contarem os votos. Isto levava em torno de oito dias dependendo do tamanho da cidade. Essa minha amiga, muito unida com a sua irmã, foi convencida por ela de que era pra votar em certo candidato a vereador. Minha amiga não gostava muito do candidato que sua irmã oferecera, mas decidiu aceitar a sugestão para não criar confusão. A irmã não contava que minha amiga seria escrutinadora exatamente da urna em que ela irida depositar seu voto. Sem dizer nada, minha amiga que conhecia a letra da sua irmã, discretamente foi verificando um a um os votos. Quando chegou a vez da secção que sua irmã votou, decepção. O candidato que ela obrigou a irmã a votar não foi votado por ela própria. Minha amiga se arretou e aí, sim, não foi possível evitar um bate boca...
2 – Num pequeno distrito de Bom-conselho-PE, um líder local garantiu ao principal candidato a prefeito que sua terra – Rainha Izabel, daria a vitória àquele candidato. Urnas abertas, mas o candidato a prefeito estava perdendo. Contudo as fichas todas estavam nas urnas de Rainha Izabel. Era feito a “virada de Marcos Freire” que, como tal, também não veio. As urnas de Rainha foram abertas, mas foram um fracasso total. O candidato em questão perdeu a prefeitura, mas o líder local, ao microfone vociferou: “traíram mamãe”. Depois eu soube que ele não era o líder de Rainha, mas sua mãe... Fazer o quê? Afinal, urnas e bumbum de criança a agente nunca sabe o que sai delas.
3 – Sempre que mamãe ia votar, eu ia junto. Eleição no interior era e continua sendo uma festa. Enquanto mamãe votava a gente ficava no grupo escolar no aguardo. Nesse espaço de tempo chegava um, chegava outro e ficava aquela fofoca geral. Em determinado momento, mamãe chega e ficamos juntos em conversa mole. De repente, sai do local de votação um amigo da família que morava no sítio. Era como si dizia um matuto. Ele entra em nossa conversa dizendo: “madrinha, agora deixei de ser gente”! Eu fui pra casa sem entender, mas logo entendi. O pior é que essa “sociologia” rural ainda está vigendo até hoje...
4 – Em Bom Conselho – terra dominada politicamente pelo Coronel José Abílio Ávila, as história eram as mais diversas. Embora meio fantasiosas, havia quem dissesse que eram verdadeiras, embora meio surreais para os tempos de hoje. Histórias de quem votava nele porque ele pagava o enterro dos seus filhos mortos; histórias de quem só votava em quem ele mandasse porque “em politica o feio era perder” e, desta forma: as urnas sempre davam a seu favor. Se o problema era dinheiro ele dava, mas só uma banda do dinheiro. A outra só depois da eleição. Dentadura? Ele também dava. Milheiros de tijolos? Ele também dava. Surra? Ele também mandava dar em quem lhe enganasse ou não cumprisse o prometido votando nele ou no candidato por ele recomendado. Claro que há um folclore em cima disto, mas que há verdades nas entrelinhas, há.
Depois eu volto com mais histórias histéricas.
“Eu prometo que se for eleito, farei uma ponte aqui neste local!” – Mas, candidato, aqui não passa rio!
– Eu também farei passar um rio!
1 – Nos tempos em que as urnas das eleições não eram eletrônicas, uma amiga era escrutinadora aqui no Recife. Pra quem não sabe eram assim que se chamavam as pessoas escolhidas para, trancafiadas no Fórum da cidade, contarem os votos. Isto levava em torno de oito dias dependendo do tamanho da cidade. Essa minha amiga, muito unida com a sua irmã, foi convencida por ela de que era pra votar em certo candidato a vereador. Minha amiga não gostava muito do candidato que sua irmã oferecera, mas decidiu aceitar a sugestão para não criar confusão. A irmã não contava que minha amiga seria escrutinadora exatamente da urna em que ela irida depositar seu voto. Sem dizer nada, minha amiga que conhecia a letra da sua irmã, discretamente foi verificando um a um os votos. Quando chegou a vez da secção que sua irmã votou, decepção. O candidato que ela obrigou a irmã a votar não foi votado por ela própria. Minha amiga se arretou e aí, sim, não foi possível evitar um bate boca...
2 – Num pequeno distrito de Bom-conselho-PE, um líder local garantiu ao principal candidato a prefeito que sua terra – Rainha Izabel, daria a vitória àquele candidato. Urnas abertas, mas o candidato a prefeito estava perdendo. Contudo as fichas todas estavam nas urnas de Rainha Izabel. Era feito a “virada de Marcos Freire” que, como tal, também não veio. As urnas de Rainha foram abertas, mas foram um fracasso total. O candidato em questão perdeu a prefeitura, mas o líder local, ao microfone vociferou: “traíram mamãe”. Depois eu soube que ele não era o líder de Rainha, mas sua mãe... Fazer o quê? Afinal, urnas e bumbum de criança a agente nunca sabe o que sai delas.
3 – Sempre que mamãe ia votar, eu ia junto. Eleição no interior era e continua sendo uma festa. Enquanto mamãe votava a gente ficava no grupo escolar no aguardo. Nesse espaço de tempo chegava um, chegava outro e ficava aquela fofoca geral. Em determinado momento, mamãe chega e ficamos juntos em conversa mole. De repente, sai do local de votação um amigo da família que morava no sítio. Era como si dizia um matuto. Ele entra em nossa conversa dizendo: “madrinha, agora deixei de ser gente”! Eu fui pra casa sem entender, mas logo entendi. O pior é que essa “sociologia” rural ainda está vigendo até hoje...
4 – Em Bom Conselho – terra dominada politicamente pelo Coronel José Abílio Ávila, as história eram as mais diversas. Embora meio fantasiosas, havia quem dissesse que eram verdadeiras, embora meio surreais para os tempos de hoje. Histórias de quem votava nele porque ele pagava o enterro dos seus filhos mortos; histórias de quem só votava em quem ele mandasse porque “em politica o feio era perder” e, desta forma: as urnas sempre davam a seu favor. Se o problema era dinheiro ele dava, mas só uma banda do dinheiro. A outra só depois da eleição. Dentadura? Ele também dava. Milheiros de tijolos? Ele também dava. Surra? Ele também mandava dar em quem lhe enganasse ou não cumprisse o prometido votando nele ou no candidato por ele recomendado. Claro que há um folclore em cima disto, mas que há verdades nas entrelinhas, há.
Depois eu volto com mais histórias histéricas.