Minha pequena EVA
No segundo final de semana de agosto, estive em minha terrinha querida, Aporá. Lá, tradicionalmente, neste mês, comemora-se o dia de sua emancipação política, que se mistura à novena de São Roque, padroeiro da cidade.
Este ano, de eleição, os “donos” temporários da prefeitura municipal, claro, utilizaram a velha máxima politiqueira: pão e bastante circo para o povo. Fizeram uma festa de arromba para festejar os 54 anos de sua independência. Para isto, foi montado o maior palco já visto na cidade, bandas famosas e padre badalado na mídia foram as sensações.
Sem dúvida, enquanto folião, apreciei sobremaneira uma das atrações presentes, a Banda Eva. Até quero abrir um parêntese para este momento... que menino espetacular esse tal de Saulo Fernandes! Não apenas pelo seu show, mas, acima de tudo, como ser humano. Parou a apresentação na primeira música para chamar a emergência afim de que socorressem uma pessoa que estava caída na lateral do palco. Depois disso, foram quase duas horas de espetáculo e simpatia... Voltando ao primeiro raciocínio, tive que fazer, agora como cidadão, uma rápida análise da situação. Após o show, o prefeito proferiu seu precário discurso, lido com muita dificuldade (o que por si só, já preocupa). Em meio aos jargões politiqueiros, pensei na difícil situação da cidade, tão castigada pela falta de uma gestão pública amoldada. Lembrei no ato de nossa Camaçari, de como, por vezes, nos tratam da mesma forma, nos servindo o mesmo prato de pão e querendo que engulamos a seco.
As campanhas fervem em todas as cidades brasileiras. Em nossa árvore choradeira, tal qual no monte belo (tradução em tupi-guarani para “Aporã”), os poderios são colocados à prova. Intrigas, verdades, mentiras, suposições e acusações são lançadas ao vento. Peças de um jogo político que nos deixa, sinceramente, fadigado.
Em meio aos shows de horrores, percebo um povo desiludido, porém, mais consciente da novela – dramática – que se tornaram as gestões públicas pelo país a fora. Lado B, ou lado A, já não importa mais. Não mais se administra com a ideologia embaixo do braço. O poder é incessantemente buscado a qualquer custo (e que custos!).
... E o EVA fez a festa do povo, sem tomar conhecimento desses por menores, exercendo seu papel social e profissional com maestria. Quem dera nossos políticos tivessem tal competência, mas, creio, a serpente do paraíso exerceu influência muito maior sobre esses seres de alma suja... Que a carapuça vista quem couber!
Salve,
Caio Marcel admcaio@gmail.com é administrador de empresas e formado em capoeira regional pelo Grupo de Capoeira Regional Porto da Barra. Também é responsável e mantenedor do Projeto Social Crianças Cabeludas, no Parque das Mangabas, Monte Gordo, Ponto Certo, Parque Satélite e Machadinho, em Camaçari.
Artigo publicado no Portal Eletrônico Camaçari Agora, em 23/08/2012: http://www.camacariagora.com.br/colunista.php?cod_colunista=17