Algumas considerações sobre o sistema político-partidário brasileiro
O Regime Político no Brasil é democrático com um sistema multipartidário: para se tornar um candidato (a) a uma eleição basta escolher um partido, se filiar e se inscrever nas épocas das eleições, obedecendo aos estatutos e as plenárias de cada partido. Os partidos com maiores filiações e representatividade parlamentar são difíceis para a maioria das pessoas conseguirem se candidatar, uma vez que as vagas já são destinadas as mesmas pessoas de sempre em todas as eleições. Isso acontece porque é de interesses da cúpula que estes mesmos candidatos se reelejam e por isso as renovações são muito poucas, por causa deste procedimento de jogo de interesses…
Quando um cidadão comum tem o desejo de contribuir honestamente e procura se candidatar no partido de sua preferência, ele não consegue, porque não preenche os requisitos que os partidos adotam. A alternativa desse cidadão é se filiar a partidos menores, de pouca representação parlamentar. E as chances de se eleger são remotas, visto que se a quantidade de votos não atingir um quociente conforme os critérios da lei eleitoral, estes votos acabam elegendo os candidatos mais votados destes partidos, e devidos também às coligações, dependendo dos números de vagas dos partidos, o candidatado mesmo bem votado, não é eleito. Ou seja, não são os eleitores que escolhem seus representantes, mas os quocientes eleitorais e partidários definidos por um cálculo matemático. É por este motivo que durante muitos anos a maioria dos nossos representantes parlamentares: deputados federais e estaduais, vereadores, prefeitos e governadores, são alternados em minoria.
Quando chega a campanha eleitoral, os partidos que têm as maiores verbas e com os candidatos já previamente designados, são os que conseguem fazer uma campanha mais completa, contratando cabos eleitorais, remunerando- os para distribuir panfletos ou entregar os chamados “santinhos” dos candidatos, e também assediar pessoas sem noções de política.
Com o apoio de empresários e setores influentes da sociedade e com intuito de manter e perpetuar o sistema de interesses pessoais, os grandes partidos colaboram com dinheiro e outros recursos para reforçar os caixas. Consequentemente há pouquíssima renovação e os candidatos de sempre são reeleitos, mantendo estes mesmos candidatos por muitos mandatos e não dando chance de uma renovação ampla, que seria o ideal para um processo dinâmico dentro de um regime democrático e assim “repetindo as mesmas políticas de toma lá, da cá…” sem avanços nas políticas públicas e sociais. Infelizmente esse é o sistema que atinge a estrutura do Estado de cima a baixo.
Enquanto não houver uma mudança generalizada, justa e democrática no sistema político e partidário no Brasil, temos que contar com a sorte… Mesmo que haja uma pequena renovação precisamos cobrar dos ativistas de classes e parlamentares que representam o segmento das pessoas com deficiência, pois acredito que mesmo que as ações ainda sejam lentas, nós (familiares e amigos de pessoas com deficiência), deveríamos prestigiar os candidatos que representam este segmento, uma vez que eles sentem na pele o que é a falta de acessibilidade, política de saúde, transporte público adaptado, inclusão escolar e o descaso da Previdência Social…
Estes candidatos, somando com outros que são solidários a causa, são os que vão manter e ampliar uma política melhor para as pessoas com deficiência, trabalhando por uma inclusão social justa e coerente com a dignidade de um cidadão brasileiro. Isso é o que desejamos.
Pensamento: José Deoclécio de Oliveira
Postado por Vera Garcia 08/08/2012
Editora do Blog Deficiente Ciente
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