O ESCÂNDALO DO MENSALÃO

 
Durval Carvalhal



Manifestantes usam máscaras em homenagem ao relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa



            Na verdade, eu gostaria de estar vivendo “o melhor dos mundos possíveis” de Cândido ou o Otimismo de Voltaire, e não esse festival de confusão, a exemplo do escândalo do Mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares originado no governo Lula no período de 2005/2006.
            O deputado federal Roberto Jeferson, então presidente do PTB, que era integrante da base de apoio ao governo federal, denunciou o esquema do mensalão comandado pelo partido presidencial.
            A partir daí, houve instalação de uma CPI-Comissão Parlamentar de Inquerito, que constatou fortes evidências da existência do fato, e muitos parlamentares foram acusados de participação.
            A imprensa cumpriu seu nobre papel, que é de acompanhar o desenrolar dos acontecimentos e denunciá-los à sociedade, tal como definiu Ruy Barbosa: “A imprensa é a janela, através da qual se espia o que andam fazendo dentro da sociedade”.
            O presidente Lula, diante das evidências e do alto da sua importância política para o Brasil, para o PT e como presidente do País, pronunciou-se publicamente: “...” Eu me sinto traído por práticas inaceitáveis. Indignado pelas revelações que chocam o país, e sobre as quais eu não tinha qualquer conhecimento “...” Não tenho nenhuma vergonha de dizer que nós temos de pedir desculpas. O PT tem de pedir desculpas. “O governo, onde errou, precisa pedir desculpas”.
            A Procuradoria Geral da União, então, ofereceu denúncia, que foi acolhida pelo egrégio Supremo Tribunal Federal, transformando os acusados em réus, e muitos parlamentares envolvidos renunciaram ou foram cassados, a exemplo dos deputados federais Pedro Corrêa  do PP, Roberto Jeferson do PTB e José Dirceu do PT.
              O tempo passou célere até se chegar às vésperas do julgamento, com grande expectativa da sociedade, em cujo seio, as opiniões se dividem. Mesmo não conhecendo o processo, com suas provas, evidências e depoimentos das testemunhas, há pessoas que afirmam não ter existido o mensalão, o que seria uma farsa. Por outro lado, há quem condene veementemente os protagonistas, como se juízes fossem.
            Ora, é justo, democrático e saudável que cada um opine. É um direito natural e constitucional. Essas opiniões são adornos, ou molduras que embelezam e dão vida ao quadro do mensalão. Só isso. O resultado estético da pintura do julgamento do quadro da compra de votos só cabe à justiça, no caso, ao STF, que é que tem o condão de julgar.
            A partir desse momento que antecede o julgamento da ação penal nº 470, que é o seu nome técnico, cabe-nos, a todos nós, torcermos para que os doutos ministros sejam técnicos e isentos na busca da justiça, em nome da alta relevância e crédito do Supremo Tribunal Federal. É dessa forma que o colendo STF cumprirá, com galhardia e brilhantismo, seu nobre papel.
            A corrupção, no Brasil, vem de longe; desde os primeiros momentos da sua existêrncia. No século XVI, o vate Gregório de Matos foi um guerreiro contra a desonestidade pátria, que, no entanto, só fez crescer no fértil solo nacional.
            Estamos vivendo um momento áureo da vida política brasileira, oportunidade em que se pode virar essa odiosa página da história da nossa terra. E com a sociedade mais vigilante, mais consciente e escudada nas novas leis da Ficha Limpa e da Responsabilidade Social, abrem-se novos horizontes para essa terra saborosa que se chama Brasil.




 
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 31/07/2012
Reeditado em 01/01/2013
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