A CORRUPÇÃO DO MENSALÃO

No clamor da hora...

"Deterioração, adulteração, depravação de hábitos e costumes, perversão moral ou física, suborno em causa própria ou alheia, ilegalidade para obter informações em benefício próprio ou de quem lhe convier, tráfico de influências, quebra de decoro parlamentar".

Todas as definições acima- e algumas outras mais!- estão nos dicionários e regem a semântica do verbo CORROMPER aliado ao substantivo corrupção.

Vocábulo ultimamente muito bem conhecido entre nós.

A exemplo da gravidade das definições, finalmente, depois de SETE anos (número cabalístico!) do nosso MAIOR escândalo corruptivo, consta que teremos o julgamento do caso MENSALÃO, o maior fato histórico de ataque às instituições democráticas que nosso país conheceu depois da era do exercício do que chamam de " Estado de plena Democracia".

Ou seja, a força resultante da atuação dos três poderes, que teoricamente coexistem para o equilíbrio da cinética democrática, cedeu em decorrência da compra " das decisões do poder legislativo de representatividade popular" pela força do poder executivo.

Portanto, por definição, uma democracia TOTALMENTE DESCARACTERIZADA.

Eu, no meu leigo entender político no âmbito de cidadão (ou aspirante a?) não saberia qualificar um ataque de maior gravidade ao Estado Democrático que rege nossa República Federativa do Brasil.

De todas as causas de impedimento à continuidade do exercício da legitimidade da diplomação política, esta, a do MENSALÃO, me parece a mais pesada e irrefutavelmente grave, gravíssima.

Fica difícil acreditar que, depois de tanto tempo de enfrentamento inercial perante um fato de tamanha gravidade, finalmente estejamos vislumbrando um julgamento sério e apolítico, já que o próprio poder Judiciário tem comandos políticos, cujos interesses são absolutamente incompreensíveis ao cidadão comum.

Política entre nós tem uma evolução que vai aquém de qualquer lógica compreensível ao mais largo pensamento...lúcido.

De fato, se houvesse seriedade frente aos nossos tantos escândalos vivenciados nos últimos tempos, escândalos que ajudaram a sucatear o país e a chegarmos nos status atual de caos, decerto que algum "impeachment" já teria ameaçado o executivo daquela época que apesar de tudo, ainda elegeu na batuta o seu novo candidato executivo sem sequer um respingo de indignação popular que pudesse mudar o rumo da corrupção no país.

Parece mágica, mágica que não acontece nem nos nossos países vizinhos, até nos de democracias bem até mais vulneráveis que a nossa.

Eu não consigo entender as dinâmicas corruptivas que nos infiltram muito menos responder as perguntas que sempre me faço.

Por que o Brasil não consegue enxergar? Seria a nossa trágica falta de escolas algo...providencial à nossa cegueira?

O mais interessante é que estamos em ano eleitoral e o país clama por uma resposta do judiciário.

Um impasse político, sem dúvida alguma.

Chega um tempo, que mesmo de vendas sistematicamente posicionadas, o clamor popular implode.

Não sou eu quem diz, é a História dos fatos que sempre se repetem a nos relatar.

Se o caso mensalão for negligentemente julgado, quem perderá será a Democracia, ainda que haja uma aparente vitória política.

Digo "aparente" porque ninguém consegue enganar a todos o tempo todo, embora a política no Brasil desafie todas as estatísticas, até as mais tristes, de números socialmente lamentáveis.

De toda sorte a História nos reescreverá e oxalá mais tarde, bem lá na frente, as próximas gerações possam analisar o triste efeito do nosso vácuo político do momento.

Um vácuo que já nos custa caro demais...em todos os sentidos das onerosidades: porque os estragos de qualquer corrupção se sente ...através da pele na profundeza dos ossos.

Uma dor pungete e progressiva que eclode no social de cada dia toda vez que se vislumbra por uma cidadania democrática de verdade...

Cada vez mais distante de nós.