Os Fins e os Meios da Política

Ano de eleição é uma boa época para refletir sobre os quatro anos que procedem as escolhas do povo, os "confirma" com fotinho e tudo mais. Velhos e notórios ditos defensores da ética, dos direitos do povo, da reforma agrária, da distribuição justa de renda, os ditos bonzinhos são vistos em aliança com sujeitos nacionalmente conhecidos por inúmeros escândalos de corrupção, e diante disso o eleitor pensa: "que vergonha, na política só tem bandido". Será que é tão errada a atitude dos candidatos?

Curiosamente, funciona. Se o povo eleitor, detentor primário do poder, realmente sentisse toda a indignação que expõe com os insultos que lança ao ar, seriam válidas aos candidatos essas alianças incoerentes - ou pior ainda, coerentes - e inescrupulosas? Bem, o povo quer essas alianças e quer porque tem gerado resultados positivos, tem gerado um Brasil economicamente forte, socialmente ascedente, mundialmente respeitado, e tais alianças políticas são os meios de se chegar ao progresso. Ninguém segura esse país.

O povo acredita piamente no que disse um tal de Maquiavel: os fins justificam os meios. Bem, o Brasil vai ser sede de Copa do Mundo e de Jogos Olímpicos, que são alguns trocados que escorregam por debaixo do tapete?

Claro, tem quem critique o estado precário da educação, ou ainda a inominável situação da saúde pública - o SUS, talvez com alguma justiça renomeado ANT, ou Aqui Não Tem - mas nada vai ficar sem solução, porque no Brasil, tudo se ajeita com o "jeitinho brasileiro".

O Brasil está ótimo, digo isso e doa a quem doer. Como não vai doer a ninguém, vamos dar os braços e cantar: "E desse jeito ou driblando os espinhos, vou seguindo meu caminho, sei aonde vou chegar".

Chato ler isso né?Texto longo e arrogante, mas curiosamente um chapéu em tamanho perfeito aos eleitores brasileiros. Pensem bem dessa vez, e talvez o chapéu não sirva mais.