TUDO O QUE ELA TOCA VIRA PÓ
A prefeita de Natal Micarla de Sousa e o rei Midas parecem ter algo em comum. O rei Midas é um personagem da mitologia grega, cujo principal atributo era o de transformar em ouro tudo o que tocava. Essa capacidade foi-lhe concedida por Dionísio – o deus do vinho - por causa de um favor recebido: Midas encontrou e cuidou do mestre de Dionísio, que embriagado, perdeu o caminho de casa.
Feliz por reencontrar seu mestre, Dionísio concedeu a Midas a capacidade de transformar em ouro tudo o que tocasse. Midas seguiu seu caminho feliz da vida, mas sua alegria durou até o momento em que ele sentou-se à mesa para alimentar-se. Foi quando percebeu que todo alimento que tomava em suas mãos era imediatamente transformado em ouro. Verificou, horrorizado, que, se tocava o pão, este enrijecia em suas mãos; se levava comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la. Tomou um cálice de vinho, mas a bebida desceu-lhe pela garganta como ouro derretido. O auge da sua desdita foi quando tocou sua filha e a jovem se transformou em ouro.
A jornalista Micarla de Sousa queria a todo custo se tornar prefeita do Natal, como uma forma de vingar-se de Carlos Eduardo, o qual a colocou no seu lugar de vice. Inconformada com o tratamento, ela candidatou-se e foi eleita prefeita do Natal, graças à sua habilidade de posicionar-se diante das câmeras de televisão. Na condição de superintendente de uma emissora de TV, ela alimentou no eleitorado, a ilusão de que iria mudar a “cara de Natal”. Mas, diferentemente do rei Midas, verificou-se que ela não consegue transformar as coisas em ouro, mas em cinza; poeira e lembranças. Só não vê quem não quer.
Quando assumiu o comando do município, Natal era uma cidade limpa e bem cuidada. Hoje, essa realidade vive apenas na lembrança dos moradores, obrigados a conviver com os incontáveis buracos e lixões existentes nos mais diversos pontos da Cidade, contribuindo para a disseminação de insetos, roedores e doenças.
Para onde Micarla apontou o dedo, a destruição foi imediata e fulminante. Foi assim com as estações de transferência; com o Parque da Cidade; com os postos de saúde; com os Telecentros Comunitários; com as lagoas de captação; com a iluminação pública. Enfim, nada do que ela toca vira ouro. Muito pelo contrário; tudo o que ela toca é destruído.
Em vários bairros da capital, as lâmpadas estão acesas há mais de três meses, sem que qualquer providência seja tomada. Ligar para o 0800 da Semsur é pura perda de tempo. Alguém até pode registrar uma solicitação de serviço, porém, isto não é garantia de que a lâmpada será apagada. Os moradores do Conjunto Pirangi, por exemplo, são algumas das vítimas desse descaso. Em várias ruas as luzes estão acesas 24 horas desde o mês o mês de abril.
A Borboleta não acertou em absolutamente nada. Nem mesmo na escolha do secretariado. Como se não bastasse destruir uma cidade, ela agora parte para destruir o ânimo dos servidores: dentro das repartições municipais, os servidores demonstram apenas desânimo, apatia, desalento. A tristeza está estampada em cada rosto.
Diante do estrago protagonizado pela Borboleta/Gafanhoto, o próximo prefeito terá muito trabalho para reestruturar a Cidade do Sol, bem como para restabelecer a confiança dos conterrâneos de Câmara Cascudo na administração municipal.