Novo impasse na Grécia
Após as eleições legislativas, realizadas em 6 de maio de 2012, não houve acordo entre os partidos para formar governo. Diante do impasse, novas eleições foram convocadas para 17 de junho de 2012, quando os eleitores da Grécia votaram para eleger um novo governo. A pressão sobre o país foi enorme nos últimos dias antes da votação, pois esta era considerada como um “referendo” sobre a permanência da Grécia na zona do euro. Votar a favor das medidas de austeridade era defender a manutenção do país no euro. Votar contra as medidas de austeridade era defender a volta do dracma (moeda grega). A vitória do medo para manter a austeridade foi o resultado da ameaça direta da Alemanha e da troica (Banco Central Europeu, União Europeia e Fundo Monetário Internacional).
A coalizão ganhadora (Nova Democracia/Pasok/Esquerda Democrática) tem o apoio de 179 deputados entre o total de 300 parlamentares. O governo está sob enorme pressão em economizar muito dinheiro, nas próximas cinco semanas, pois tem cerca de 4 bilhões de euros, em bônus do BCE, que vencem em agosto. As negociações com a troica (Banco Central Europeu, União Europeia e Fundo Monetário Internacional) estão num novo impasse por causa da recusa da Alemanha em dar mais tempo para a Grécia e, por isso, será muito difícil implementar as medidas de austeridade como o corte de 11,5 bilhões de euros no orçamento do país e a demissão de 150 mil funcionários públicos. Após mais de cinco anos de profunda recessão por causa das medidas de austeridade, o mais insensato ajuste econômico da história da humanidade (queda de mais de 20% do PIB) levará a mais instabilidade política e social nos próximos meses. A oposição de Syriza e de seu carismático líder, Alexis Tsipras, pode mobilizar a população para manifestações de protesto dada a imensa insatisfação social. Os dados negativos do PIB sobre o primeiro trimestre de 2012, já divulgados, juntar-se-ão agora aos resultados negativos do segundo trimestre de 2012. Os prováveis resultados negativos da economia também no terceiro trimestre de 2012 e a instabilidade política podem provocar o colapso e a queda do governo comprometido em implementar mais medidas de austeridade. A instabilidade política e social (desemprego acima de 22%) poderia provocar não só a queda do governo, devido à quebra de confiança em decorrência da economia paralisada, como a convocação de uma terceira eleição antes do final de 2012.
O governo da Grécia quer convencer a população que as medidas de austeridade levam a um futuro melhor. Enquanto a União Europeia não percebe que deve suavizar as medidas de austeridade para criar espaço para crescimento econômico e criação de emprego. A Grécia quer permanecer no euro, mas sua economia não suporta a aplicação de medidas de austeridade que apenas servem para aprofundar ainda mais tanto a recessão como o desemprego. A União Europeia não quer que o país saia da moeda única, pois isso poderia provocar contágio nas demais economias da zona do euro. O terceiro ato desta tragédia grega, isto é a terceira eleição, pode finalmente encerrar as contradições entre a Grécia e a União Europeia e, finalmente, provocar a saída do euro.